Amor e Mistérios (Intersexual)

Capítulo 27

Camila Points of View

Abri meus olhos em um lugar diferente, eu estava na casa de meus pais e eu lutava desesperadamente para colocar minhas roupas dentro de uma mala pequena, eu tinha que sair daquela casa, eu não fazia a mínima ideia para onde eu iria mas eu tinha que fugir o mais rápido possível, terminei de colocar minhas roupas na mala e sai a arrastando a  pelas escadas com pressa mas alguém apareceu no topo da escada fazendo com que eu paralisasse, meu tio Peter estava com uma expressão de raiva em seus olhos e assim que me encarou começou a descer as escadas em passos pesados me fazendo acordar da paralisia. Joguei minha mala para tentá-lo impedir de chegar a mim, mas foi em vão ele agarrou meu pé me fazendo desequilibrar e cair alguns lances de escada, assim que cheguei ao fim da escada eu me sentia tonta e senti uma dor insuportável em minha costela.

Meu tio desceu as escadas, me pegou pelos cabelos e me arrastou até o sofá me colocando sentada com agressividade o que fez minha costela doer ainda mais. Meu tio pegou uma corda - que meus pais deixavam na sala especialmente para me bater caso eu não fizesse algo que eles mandavam - e veio novamente para cima de mim, eu não iria me render tão fácil assim, eu já havia chegado tão longe pra me libertar e não vai ser agora que ele vai conseguir me prender, juntei todas as minhas forças e dei um chute no peito do meu tio que cambaleou e caiu no chão perto da estante da sala, me levantei do sofá com um pouco de dificuldade por causa de minha costela e caminhei até meu tio que estava meio confuso com tudo aquilo, ele tentou se levantar para me agarrar mas antes que ele pudesse conseguir se equilibrar empurrei a estante em cima dele, ouvi um barulho de algo se quebrando e meu tio gritou de dor. Caminhei até a porta com a mão em minha costela - dava para senti-la fora do lugar - abri a porta e dei um passo rumo a minha liberdade.

- Eu vou te procurar sua vagabunda, nem que eu tenha que ir até o inferno eu vou te achar e vou te fazer pagar. - Meu tio gritou com muita raiva.

Acordei assustada, meu coração estava acelerado e minha respiração ofegante, eu sentia um desconforto em minha costela, como se aquele sonho tivesse sido real, passei a mão em meu rosto tentando esquecer aquele pesadelo mas ele havia realmente mexido comigo. O quarto ainda estava escuro e por mais que eu tentasse dormir eu não conseguia. Liguei a TV e depois de mudar de canal algumas vezes e ver que não passava nada além de programas de animais e jornais desliguei e voltei a me deitar. Eu não conseguia dormir e isso estava me deixando irritada, pois por mais que eu quisesse dormir algo dentro de mim não me deixava fechar os olhos.

Assim que o sol nasceu me levantei, eu não estava mais conseguindo ficar presa naquele quarto, eu precisava tomar um ar pra esquecer aquele sonho, fui até meu guarda roupa, me vesti com um short de malha e uma blusa, calcei meus tênis de corrida, peguei meu ipod e sai da pensão, coloquei meus fones de ouvido e comecei a correr em direção a baía onde as pessoas iam para correr. Eu não era acostumada a correr mais hoje eu sentia que precisava disso, eu precisava sentir o vento fresco bater em meu rosto e me sentir livre. Haviam poucas pessoas na baía então acelerei minha corrida e deixei meus pensamentos fixo na música que ouvia.

Depois de dar três voltas em toda a baía parei em um quiosque que havia ali, me sentei em uma mesa e pedi uma água, correr havia me feito bem, minha mente parecia mais leve e eu já não me lembrava mais do meu sonho. Enquanto tomava a água olhava para o rio que refletia a luz do sol e ficava de uma verde escuro muito bonito.

- Você acordada uma hora dessas? - Alguém falou em meu ouvido me fazendo levar um susto.

- Você adora me assustar não é. - Falei séria enquanto Vero soltava uma gargalhada.

- Esse é meu hobbie preferido. - Me deu um beijo na bochecha e se sentou ao meu lado. - Mas então, o que te trouxe aqui uma hora dessas?

- Perdi o sono e resolvi correr um pouco para relaxar. - Falei terminando de beber minha água. - E você?