No dia seguinte, não vi mais Adrian, nem sequer uma ligação ou mensagem. Mas por incrível que pareça, senti sua falta, as coisas são diferentes quando ele não está por perto. Ao amanhecer ele era a primeira pessoa pra quem eu mandava bom dia, ficávamos horas no telefone, conversando sobre tudo. Vi uma boa amizade com Adrian, mas agora tudo estava arruinado. Se eu soubesse dos seus sentimentos...
Me olho no espelho da penteadeira rosa, toco meus lábios, e me lembro do beijo que Adrian me deu. Fazia muito tempo que alguém não me beijava, mas não foi exatamente um beijo, nossos lábios ssomente se encostaram. Pego minha escova de cabelo e começo a pentear das pontas e depois para a raiz. Penso se Adrian ficou magoado em relação à ontem. Eu não sabia o que lhe dizer, bom eu não tenho esses sentimentos que ele diz ter por mim, eu acho. É estranho para eu pensar essas coisas, ele é tão bonito tão educado tão gentil, não sei o que acontece comigo. Quero estar do lado dele, mas não desta maneira, tenho medo.
Suspiro, pois percebo que estou pensando demais nele. Bom, e quem diria que nos conhecemos há tanto tempo. Passo um batom rosa claro e então um delineado de gatinho nos olhos. Suspiro novamente. Tento vasculhar minhas lembranças do que aconteceu m 1989.
Era verão e eu fui para um acampamento de férias, tinha por volta de seis anos de idade, nunca tinha ido a um acampamento e estava tão feliz. Lembro-me que eu era uma garotinha que chamava muita atenção pelo fato de ter cabelo ruivo, olhos verdes e muita sardas, mas eu era muito tímida.
Lembro-me que a primeira vez que vi Adrian foi no ônibus. Me sentei ao lado de uma menina asiática, ela usava aqueles óculos fundo de garrafa e uma blusinha azul listrada com branco e uma jardineira, seu cabelo liso estava com uma tiara rosa com um pequeno coração vermelho. Ela olhou para mim e sorriu, eu retribui o sorriso. Nós duas tentávamos conversar uma com a outra só que falávamos muito baixo, e para piorar a situação alguns meninos estavam fazendo muito barulho no fim do ônibus. Então sinto algo bater na minha cabeça. Viro-me e lá está o pequeno e encrenqueiro Adrian Hill.
- E aí, cabelo de fogo. – Ele diz.
Apenas ignoro-o.
Bom, Adrian era o encapetado do acampamento, adorava perturbar todos e inclusive á mim, só porque meu cabelo era diferente. Por culpa dele quase não consegui curtir nada da colonia de féria, mas eu tentava ao máximo evitar conflitos com ele, até porque não queria que o Kayque achasse que eu era uma menina encrenqueira.
Kayque era um menino da minha escola que eu era completamente apaixonada, ele era muito popular e muito bonito e continuou sendo até o fim do ensino médio. Bom, essa paixonite de criança durou mais do que eu pensava, continuei gostando dele por muito tempo mas ele nunca me deu bola, mas sorte a minha que eu nunca fiquei com ele, ele não teve futuro nenhum, hoje trabalha no Mc Donald's e está gordo e muito feio, não que trabalhar neste estabelecimento seja uma vergonha. Todo trabalho é digno. Mas acho que ele deveria ter tido mais ambição.
Lembro-me que visitamos uma caverna que tinha umas escritas com desenhos nas paredes, mas eu não entendia nada e mesmo assim achava aquilo tudo muito legal, depois demos um passeio, mas não me lembro direito como aconteceu, me perdi da trilha e fiquei sozinha, estava com muito medo e não conseguia achar ninguém, até que Adrian apareceu, disse que quando soube que eu estava perdida veio me procurar.
- Mas por que veio atrás de mim? Você não me odeia?
- Vamos logo, aproveita que ainda lembro o caminho. – Ele diz e então pega minha mão e olha para mim, e eu me conforto em seus pequenos olhos azuis.
- Quantos anos você tem? – Pergunto enquanto andamos.
- Tenho dez.
- Ual, você é quatro anos mais velho que eu.
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Passion
RomanceAbigail Patel aprendeu cedo que a vida não é fácil. Ela é uma mulher batalhadora que corre atrás de seus sonhos. Formada em advocacia, trabalha em um pequeno escritório no centro da cidade. É uma mulher humilde que se dedicou aos estudos e não teve...