#33

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Alexia

Manú estava ao lado da que deveria ser Adriana. As duas contrastavam. Enquanto Manú era pálida como papel e tinha a pele coberta de tatuagens, Adriana tinha uma pele de mel reluzente. O cabelo negro caía liso e longo sobre os seios, me lembrando uma índia. Melanie estava de pé, parecendo nervosa enquanto girava o boné entre os dedos.

Ela veio em minha direção, o rosto aflito.

— Foram os licores que Geovana te deu? Você tem certeza que tá bem? — me bombardeou, preocupada enquanto colocava as mãos em meus ombros.

— Já estou melhor — tentei acalmá-la, dando um meio sorriso enquanto sentia a culpa me espezinhar.

— Se quiser a gente volta — murmurou enquanto eu fitava suas amigas.

— Melanie, para de ser dramática, eu tô bem, okay?

Ela me fitou seriamente. Quanto mais próximas ficávamos, mais ela se mostrava adulta e rígida, preocupada e reflexiva.

— Deixe de ser uma velha ranzinza e vamos sentar, que eu tô com sede — fiz uma careta, enquanto puxava uma cadeira e ela se sentava, muda.

Minha mente estava um pouco embotada, sentindo ao últimos efeitos do orgasmo. Meu corpo estava aceso e sensível, e ao invés da languidez que se seguia ao gozo, eu estava elétrica, animada.

Odiei estar sentada de costas para o banheiro. Eu sabia que ela sairia de uma forma ou de outra. Talvez já tivesse saído e seus olhos queimassem minha nuca nesse exato momento, mas eu não tinha como adivinhar.

Virei-me, tentando achá-la nos rostos​ de desconhecidos sentados às mesas, mas não a vi, voltei rapidamente a cabeça, notando que Melanie parecia uma ave de rapina com os olhos​ afiados em mim.

— Eu tô bem — sussurrei, apesar de saber que Manú e Adriana nem notavam nada, com os olhares fixos em seus celulares.

Lembrei-me do meu e passei a mão no bolso da frente, à sua procura. Meu coração gelou quando não o achei.

Miranda

Assisti Alexia sair batendo suas botas marrons de montaria porta à fora, a saia torta no quadril enquanto rebolava, petulante.

Levei a mão ao nariz, aspirando o perfume doce de sua excitação impregnado em meus dedos. Vi minha imagem refletida no espelho, os olhos estavam acesos, a expressão era de alguém obstinado.

Agachei-me, pegando minha jaqueta no chão, sendo distraída por um barulho seco de algo caindo. Percebi que era um celular preto. Peguei a calcinha de renda embolada e guardei no bolso interno da jaqueta, ligando o aparelho. A foto de Alexia, e a garota, que eu descobrira chamar Melanie, estava na tela, fazendo chacota de mim.

O telefone não tinha senha para entrar, apenas os aplicativos, fotos e arquivos estavam bloqueados. Digitei meu número, ligando para mim mesma, mas o número de Alex estava confidencial. Fui nas configurações, onde ativei para mostrar o número a contatos não salvos. Apaguei as ligações e desliguei o celular, indo salvar o contato dela no meu.

Joguei um pouco de água fresca no rosto, enquanto sentia meu corpo quente, excitado. Alexia sabia como deixar alguém maluco... Eu estava obcecada por ela.

E faria qualquer coisa para tê-la de volta, jamais a deixaria ir sem lutar.

Sequei minhas mãos e saí do banheiro, ajeitando a jaqueta no corpo. Olhei o bar, uma música de Cigarrets after sex tocava de fundo e algumas pessoas conversavam baixo. Senti um par de olhos verdes me fuzilarem.

Alexia - RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora