#28

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Alexia

O celular da Melanie começou a tocar um sertanejo universitário e ela ergueu a bunda, puxando ele do bolso.

— Fala, vaca — atendeu, enquanto colocava o pé em cima do joelho.
Melanie parecia um moleque e não havia nada de delicado ou feminino em seus modos, contrariando sua aparência.

Seus cabelos compridos e ondulados caiam nas costas, as sobrancelhas eram arqueadas e bem feitas. Não usava uma gota de maquiagem, mas estava sempre perfumada e arrumada.

— Mas sem avisar? — perguntou à pessoa na ligação, coçando a cabeça. — Não, ele pode vir, mas avise logo que não quero ver a cara sebenta da namorada dele.

Ela me fitou, a testa franzida dando a ela um ar sexy.

— Dou uma semana no máximo. Foda-se!!! — desligou a ligação, estalando a boca irritada.

— Tudo bem?

— Minha mãe ligou agora avisando que o André vai vir aqui.

Primeiro fiquei em choque ao saber que ela tratava a mãe dela como se fosse uma amiga e depois com a pessoa que tinha o mesmo nome que meu irmão.

— Aquele maconheiro disse que vai vir fazer uma entrevista de emprego e tá quase certo que vai ser contratado.

— Você trata sua mãe assim? — indaguei, estranhando.

— Assim como?

— Você chamou ela de vaca — apontei o óbvio.

— Ela me chamou de vadia — riu de mim.

— E quem é André?

— Meio-irmão.

— Meu irmão se chama André — comentei.

— Espero que não seja maconheiro que nem o André que eu conheço — cruzou os braços, irritada.

— Não. Na verdade é casado e tem uma filhinha. Trabalha com meu pai — falei orgulhosa.

— O meu largou a faculdade de direito, vive chapado e recebe uma pensão gorda do pai enquanto acaba com a sanidade da minha mãe e fode a namorada.

— Vocês parece que não se dão muito bem.

— Quê?! Eu amo ele!

— Caramba — expirei, não entendendo nada...

Melanie me levou em uma churrascaria no centro da cidade. Conhecia desde o segurança que ficava na porta até às moças que limpavam as mesas.

— Jefinho, traga uma cerveja trincando. Daquele jeito — puxou uma cadeira e sentou-se, tirando carteira e celular do bolso, depositando na mesa. — Senta! — ordenou e eu sentei, olhando em volta.

— Foi aqui que trabalhou? — perguntei, reparando em como ela estava à vontade.

— Também, mas essa churrascaria é da mulher do meu pai, Geovana.

Alexia - RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora