#26

1.9K 201 26
                                    

Alexia

Depois do episódio na quinta-feira, algum ser do além estava fazendo com que eu encontrasse Melanie o tempo todo. Na ida ao trabalho, na volta dele, na lanchonete que ficava em frente quando eu ia comprar algum café, quando eu ia colocar o lixo...

— Você tá me perseguindo? — eu perguntei após nos encontrarmos na lanchonete pela segunda vez no mesmo dia.

— Sim, porque eu sou da CIA — respondeu com seu sorriso de lado, um olhar zombeteiro.

— Acho que vou mudar meus horários.

— Por que, vizinha gostosa?

— Para de me chamar assim! — sussurrei, puxando seu braço.

— Hm, você tem pegada...

— Argh — larguei seu antebraço, deixando meu café para depois.

Caminhei de volta para meu apartamento com o estômago roncando. Ouvi um barulho atrás de mim e quando me virei, encontrei Melanie com uma bandeja nas mãos.

— Um café preto, um sanduíche de peito de perú e mostarda — falou, conferindo os pedidos.

— Você... é louca — declarei, voltando a subir os degraus.

— É assim que me agradece por eu ter pego isso que você chama de almoço?

— Você pegou porque quis.

— Então acho que vou ter que jogar isso fora... — murmurou sonsamente.

— Me dá isso aqui — ordenei, pegando uma nota de dez no bolso.

— Não está à venda — puxou a bandeja para longe de mim.

— O que você quer? — olhei o sanduíche apetitoso, minha barriga roncando.

— Que almoce comigo.

— Não.

— Por que não?

— Porque não.

— Você é difícil... — sorriu, tirando o boné.

— Eu não chamaria alguém que não está interessado em difícil.

— Então você não está interessada em mim? — perguntou, fingindo-se de ofendida.

— Não!

Ela depositou a bandeja no mármore do parapeito. Colocou o boné para trás e veio na minha direção. Eu dei um passo para trás, sentindo a parede se chocar contra minhas costas.

— Você não está nem um pouco interessada em mim? — me prendeu entre seu corpo e a parede.

— Não — respondi engolindo em seco com sua proximidade.

Não... — repetiu e seu nariz roçou a pele abaixo da minha orelha, me arrepiando totalmente. — Que perfume gostoso — sussurrou, aspirando meu aroma.

Melanie me assustou quando sua mão pegou minha cintura e me apertou contra ela. Eu soltei o ar, surpresa.

— Então você não está afim de mim — murmurou contra a minha orelha e depois pressionou os dentes.

— Não — soltei um gemido baixo quando ela mordeu a orelha mais forte.

— Seus braços estão arrepiados — roçou a boca contra meu pescoço. Sua mão ainda apertava minha cintura, me deixando à mercê de seu ataque. — Posso jurar que você já tá molhadinha.

— Não — neguei novamente, sentindo o perfume dela, algo amadeirado, masculino.

— Não? — ela me apertou mais contra ela, roçando seu sexo contra o meu e me fazendo soltar um pequeno gemido de prazer. — Eu diria que sim...

Alguém estava destrancando a porta ao nosso lado. Por um segundo pensei que Melanie iria ignorar e continuar me pressionando, mas ela me largou, indo pegar a bandeja. 

Um homem de terno saiu, passando pela gente apressado.

Eu a fitei, e ela me olhou de volta com um sorriso maroto, as pupilas eclipsado o verde de seus olhos.

— Eu aceito almoçar com você, mas com uma condição!

— Aceito apenas uma.

— Eu quem dito as regras.

— Isso aqui é uma democracia.

— Nossa situação não.

— Vai, ditadora.

— Nada de fazer isso de novo!

— Isso o quê?

— Isso!

— O quê — caminhou até mim.

— Ficar me agarrando — falei apressada, conseguindo escapar dela.

— Então você me agarra.

— Eu não vou te... agarrar!

— Pensei que você tava afim — provocou.

— Vamos comer, estou morrendo de fome.

Faltava apenas mais um lance de escadas e era meu andar.


Alexia - RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora