loyalty ⁘ justin bieber

⁘ no pressure

Algum tempo foi necessário para eu recuperar a minha sanidade. Tudo que eu desejava era não ter que lidar com isso, dar simplesmente a volta no carro e voltar para a casa, mas isso não era nem se quer uma opção agora, não se eu quisesse me livrar do turbilhão de pensamentos que rodavam a minha mente a todo momento, deixando-me incansavelmente esgotada. Eu precisava ser forte não só porque o momento me pedia, mas porque eu era forte. Forte o bastante pra enfrentar o meu próprio problema, ou pelo menos era isso que mamãe me dizia. Em nossa última ligação, ela me lembrou de que eu não vou conseguir resolver algo se eu não o enfrentar.

E foi exatamente esse pensamento que me fez entrar no restaurante, procurando por um rosto conhecido. A cena se repetia... Parecia o primeiro dia em que o conheci nesse mesmo lugar, mas ao contrário do começo, seu rosto carregava uma expressão apreensiva, como se ele estivesse nervoso em vez de um sorriso amigável. 

E não, não era Justin Bieber. Eu jamais começaria por ele por simplesmente não ter estômago para isso, eu ainda não estava pronta pra conversar com ele, embora eu quisesse estar. Eu queria ser capaz de olhar em seu rosto e conversar sem me desmanchar em lágrimas, eu aceitaria suas desculpas e nós seguiriamos em frente, apenas isso. Mas, a realidade é dura e machuca, então eu começaria pelo básico: Scooter Braun. Eu iria devagar sem atropelar tudo, um passo de cada vez era o suficiente para livrar-me disso tudo. 

Sentei-me dando o meu melhor sorriso, mas eu tenho certeza de que ele não saíra tão amigável quanto eu planejei em minha cabeça.

- Olá, Mel - sua voz demonstrava nervosismo, como se ele estivesse com medo de falar qualquer coisa errada, mas isso não me atingiu, eu não me deixaria levar pelo meu coração de manteiga. - Como está indo?

Tentei não o fuzilar com o olhar, mas foi impossível. Ele se endireitou na cadeira prontamente, parecendo arrependido de ter perguntando. 

- Desculpe... Eu não sei como fazer isso... - ele hesitava a cada frase e embora eu estivesse com um pouco de pena, continuei imóvel. Ele não era a vitima. - Só queria conversar, porque desde o começo... Eu me senti culpado e não acho que isso vá sair de dentro mim se eu não conversar com você. 

Desviei o meu olhar para os guardanapos bem colocados na mesa de madeira, ao mesmo tempo em que cruzava meus braços. Era como se eu estivesse tentando criar uma barreira de proteção, mas era tarde demais, essa barreira de nada me adiantava agora. 

- Como aconteceu? - ignorei todas as suas palavras, mudando o assunto diretamente. Voltei o meu olhar para ele e ele me olhava confuso, como se não estivesse entendendo onde eu queria chegar exatamente, mas depois de algum tempo processando, ele resolveu falar. 

- Você quer mesmo saber? - Scooter questionou e eu o encarei. - Eu não acho que eu seja a melhor pessoa pra...

- Nem pense nisso - o interrompi, aumentando o tom de voz sem me dar conta. Respirei fundo, voltando ao tom normal, porém não menos duro - Se ele aparecer aqui, eu vou embora. Eu juro. 

Scooter assentiu repentinamente.

- Desculpa, Melanie - seu tom saiu melancólico, assim como seus olhos pareciam demonstrar honestidade. Ou não, minha própria mente me alertou. - Eu não sei nem o que te falar, mas eu estou tão mal por isso ter acontecido. Se eu pudesse voltar atrás e fazer tudo diferente, eu faria. Te juro por tudo que é mais precioso em minha vida. 

Por quê tudo tem que ser tão mais dificil na realidade? Na teoria, eu não iria sentir pena de Scooter por mais que suas palavras fossem bonitas, mas na realidade era tudo totalmente ao contrário. Eu sentia um milhão de coisas dentro de mim e sim, com certeza pena é um desses sentimentos. Eu continuei calada e ele continuou.