Capítulo 1

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   "A vida gosta de pregar umas boas peças na gente", é o que pensava enquanto subia o íngreme morro para a faculdade. Era o meu primeiro dia de aula para o curso de Arquitetura e a sensação de que eu tinha era de que a qualquer momento eu podia vomitar todo o pouco café da manhã que havia comido. O nervosismo me tomava e eu tinha a sensação de que minhas mãos tremiam visivelmente. Coloquei-as dentro do bolso do moletom e olhei a minha volta. Eu não estava sozinho. Cerca de umas vinte pessoas estavam na rua, todas animadas com o primeiro dia de aula. Fiquei com dó de uma moça loira, que, aparentemente estava mais nervosa que eu e claramente custava a andar sobre uma espalhafatosa sandália de salto alto. Segurei um riso e virei para frente, me concentrando no rock que tocava alto em meus fones de ouvido. Mais de uma vez me disseram que ia ficar surdo, mas que graça tem ouvir música em volume baixo? Nenhuma, aposto que concorda comigo. Minha cabeça balançava levemente ao som da música e quando acabei de subir o morro e vi a multidão gigantesca que jazia na rua transversal, meu coração pareceu afundar dentro do peito. Eu detestava multidões. O sol fraco do inicio da manhã lançava uma luz dourada sobre toda aquela gente.

    Tirei o celular do bolso e olhei a hora. Eram 7:00h. Eu realmente estava nervoso. Havia gasto cerca de 20 minutos num caminho que em circunstâncias normais gastaria meia hora. Decidi entrar logo e procurar minha sala e não correr riscos de já passar vergonha no primeiro dia de aula. Parei no portão e corri os olhos por parte da estrutura que eu conseguia ver dali. O portão era grande, pintado de azul e vermelho, as cores da faculdade. Do portão, começava uma pequena "rua" que conduzia à parte do estacionamento. Ali era realmente muito grande. Havia cerca de 15 blocos na faculdade, e de onde eu estava, conseguia ver apenas 4. O meu era um deles. Devia ser. Tirei o envelope do bolso da minha calça e o abri mais uma vez. Sabia de cor em qual bloco era minha sala, mas por que arriscar? A informação continuava ali, idêntica a ultima vez em que li. Bloco D. Respirei aliviado quando vi que o bloco D estava ali, logo após o estacionamento. Caminhei pela calçada até ela acabar e cheguei ao estacionamento. O nervosismo se agitava dentro da mim a cada passo que eu dava rumo a meu destino. Não parava de chegar carros lá. Olhei para os lados e esperei não vir carro algum para cruzar o estacionamento.

    Dei o primeiro passo e um carro pareceu brotar do nada e quase passou sobre meu pé. Olhei para ele com minha pior expressão de maldade e esperei acabar de passar. Eu estava claramente confuso. Não sabia direito por onde andar. Parecia um labirinto infinito de carros. Pausei a música no celular e parei, olhando direito para onde estava indo. Respirei fundo e prossegui na minha jornada até o outro lado. Fiz uma prece mental a Deus para sair vivo dali e continuei.

    Claramente minha tentativa de me localizar não deu muito certo e assim que desviei de um carro, trombei nas costas de um cara parado à minha frente. Dei um passo pra trás e procurei seu rosto. Ele olhou pra mim, claramente divertido com a situação.

    - Primeiro ano? – ele perguntou. Só então reparei que usava um uniforme bem semelhante ao do exercito. Era um dos seguranças da faculdade.

    - Está tão óbvio assim? – perguntei, sorrindo.

    - Na cara – ele riu. – Os alunos mais... – ele procurou a palavra – avançados, só passam pela passarela, bem ali no canto – ele apontou. Senti-me um idiota por não ter visto.

    - Ah sim – devo ter ficado vermelho – É, obrigado, melhor ir lá antes que algum desses Transformers aqui passe por cima de mim.

    - Para onde você vai? – ele perguntou.

    - Bloco D – respondi.

Minha Única CertezaOnde histórias criam vida. Descubra agora