Capítulo 9

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- Sabe, eu acho essa música linda – ele começou. – As combinações dos arranjos, com a orquestra, com a melodia, com a voz da vocalista e a letra, me encantam de uma maneira especial.

- Também – me resumi a dizer. O esperto estava atacando no meu ponto fraco: música. Aquela música em especial tinha o dom de me deixar pra baixo. Logo, meus olhos estavam se enchendo de lágrimas e eu os cerrei forte. Não ia chorar ali, não ia.

- A letra dessa música é única – ele continuou. – O modo como o amor é descrito, com todos os pesares, com todo o sofrimento, mas tudo o que a pessoa consegue ver é a sua beleza.

- É uma pessoa bem trouxa – murmurei, virando a cabeça pra janela. Uma lágrima solitária desceu, que eu limpei rapidamente. Fechei os olhos com força. Não, agora não...

Continuamos por mais algum tempo até que Guilherme finalmente estacionou o carro. As emoções dentro de mim se misturavam e eu não sabia a qual delas dar prioridade. A raiva, a dor da semana toda, a esperança e ao mesmo tempo a descrença eram apenas algumas delas. E eu ficava extremamente vulnerável quando me sentia assim. Pelo menos eu havia controlado as lágrimas. Desci do carro. Guilherme esperou eu chegar ao seu lado para começarmos a caminhada até a entrada do local. Era um restaurante lindo. Rezava a lenda que era provavelmente um dos mais caros da cidade. Mas aquilo não queria dizer nada, me forcei a aceitar.

Havia um recepcionista na porta. Guilherme falou seu nome a ele e ele nos acompanhou até a mesa que estava reservada para nós. Eu nunca tinha ido ali, então assim que entrei a primeira coisa que percebi foi como o local era luxuoso. As paredes eram tão brancas que quase cintilavam. Havia arranjos com tecidos de cor púrpura e flores por todo o lado. No centro do restaurante havia uma fonte dourada, com um querubim que emanava água de suas duas mãos estendidas ao céu. O local era bem amplo, mas a quantidade de mesas não era grande. Talvez por ser um lugar tão único. O contraste da água com o dourado com a cor púrpura fazia o local parecer encantado, mágico, saído de algum filme. Mas guardei todos os comentários de como estava maravilhado pra mim mesmo.

O homem nos guiou até nossa mesa, que era ao lado da fonte. Agradeci aos céus porque a grandeza do local havia me feito esquecer as emoções por um minuto. Eu não conseguia parar de olhar ao redor. Literalmente. Guilherme estava sentado bem em frente a mim, e eu tentava não olhá-lo diretamente.

- É lindo, não é? – ele perguntou.

- É sim – concordei. – Nunca vi nada assim.

Um garçom veio até nós com um cardápio. Baixei o olhar para ele e comecei a lê-lo. Eu não conhecia 4/5 daquelas comidas. Não sabia o que pedir. Não sabia o que fazer, na verdade. Resolvi quebrar um pouco o clima e tentar tratar Guilherme com mais naturalidade, afinal, eu não tinha motivos reais para trata-lo mal. Olhei para ele e percebi que ele estava meio estranho.

- O que foi? – perguntei. Ele olhou pra mim e deu um lindo sorriso.

- Não, não é nada. Tudo bem.

- Guilherme... – falei cético.

- Tá. É porque também é a minha primeira vez aqui, e eu estou achando tudo tão lindo e tão estranho. – E agora eu tinha ficado realmente confuso.

- Como assim, sua primeira vez?

- Eu nunca tinha vindo aqui antes.

- Então... Por que exatamente a gente está aqui hoje?

- Porque... Só porque eu queria que fosse especial e único.

- Eu não estou entendendo nada, Guilherme.

Minha Única CertezaOnde histórias criam vida. Descubra agora