"Liberte minha mente, cure minhas cicatrizes e apague o passado
Dias negros para esquecer, e memórias que irão permanecer em meu coração
Liberte-me agora..."
Epica – Chasing the Dragon (2007)
QUATRO ANOS DEPOIS
Hoje, peguei-me pensando em como o tempo é uma coisa engraçada. Relativa e engraçada, na verdade. Lembrei-me da primeira vez em que conheci Guilherme e em como aquele dia parecia ter acontecido há cem anos atrás. Lembro-me de quantas dificuldades se colocaram em nosso caminho, como se fossem provações pelas quais estávamos passando para termos certeza de nosso amor e de que realmente queríamos um ao outro.
Fazendo um retrospecto, eu penso que se esse era o objetivo de tudo o que passamos, concluímos nossa missão com louvor.
Eu estava nervoso e ansioso a ponto de subir pelas paredes, mas estava lutando para me conter e permanecer parado em meu lugar.
- Estamos planejando tudo há meses, nada vai sair errado. – murmuro mais uma vez, como um mantra, enquanto encaro minha imagem no espelho.
Algumas coisas tinham acontecido naqueles quatro anos. O começo foi muito difícil, não vou negar. Levar a vida sem meu pai foi difícil, muito difícil. Talvez você se lembre como a relação com meu pai tinha sido complicada nos últimos meses, mas quando o perdi, eu me lamentava a cada dia por tê-lo tratado daquela maneira, dando-lhe um gelo. Claro que ele merecia, mas se eu pudesse voltar no tempo, teria feito tudo de uma maneira diferente.
Mas obviamente, eu não posso voltar no tempo, então tive somente que aceitar isso. Fiz o que me pareceu certo na época, e provavelmente funcionou. Eu não abriria mão de quem sou e da pessoa que amo apenas para agradar meu pai. Por mais que tenha sido difícil, no final, ele acabou aceitando-me como eu sou, mesmo que já estivesse em seus últimos instantes de vida. E essa aceitação era o que faltava para eu ter uma vida plena. Deus trabalha com caminhos misteriosos, pensei.
No ano seguinte, eu recomecei minha faculdade de onde tinha parado. Demorei um pouco para pegar aquele ritmo de estudos novamente, não vou negar. Mas valeu a pena. Formei-me ao final do ano passado. Estamos em janeiro, mês das nossas férias, por isso escolhemos essa data.
Alice hoje é realmente uma mocinha. Tem 11 anos e está entrando na insuportável fase da adolescência. Agradeço a Deus por Alice não ter crescido com nenhum trauma devido ao sequestro.
Surpreendo-me quando ela entra correndo no quarto em que estou, como se tivesse sido conjurada por meus pensamentos.
- As pessoas já estão chegando! – ela estava em êxtase. Os cabelos estavam presos em um lindo penteado, e o vestido que usava era branco e comprido, deslizando como o reflexo de um fantasma pelo chão.
- Isso é bom, eu acho – murmurei, dando-lhe um sorriso amarelo.
- O que foi, Nathan? – ela perguntou. Olhei para minha irmã, já tão crescida, quase do mesmo tamanho que eu, e lágrimas me vieram aos olhos. Eu estava uma manteiga derretida aquele dia. Ela correu assustada em minha direção.
- Você não tá pensando em desistir, né? Você não é louco pra pensar em desistir, eu sei que não. – Ela disse, colocando a mão da cintura e me olhando com incredulidade.
- Desistir? Nunca? Ficou doida? Esse é o meu sonho desde sempre. Não é nada de mais. Eu só estou emocionado. Até aquela sujeira ali no chão está me emocionando – falei exagerado, encarando uma sujeira que estava muito bem escondida perto da porta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Minha Única Certeza
RomanceNathan é um garoto comum com preocupações comuns. Está começando seu primeiro ano na faculdade, finalmente está livre da escola e de todas as lembranças ruins que viveu lá. Tudo ia bem até o primeiro dia de aula acabar. Após ser quase atropelado na...