Aquela semana foi normal – se por normal, considerar eu ter passado provavelmente 99% do meu tempo pensando em Guilherme. Mais do que tudo, aquilo me assustava. Eu não havia tido nenhuma boa experiência com o amor em mais de quatro anos, o que me deixava com medo de estar me apaixonando por Guilherme, ainda mais ele, aquele cara perfeito, quatro anos mais velho, e incrível e lindo. Eu ainda tinha meu coração quebrado por uma experiência traumática, não estava preparado pra sofrer tudo aquilo de novo.
Se aquele período tinha me ensinado alguma coisa, era de não alimentar falsas esperanças. Eu estava fazendo isso muito bem até aquele quase beijo no penhasco, mas aquele momento abalou minhas estruturas mais do que eu queria admitir. Quando contei para Rayane, eu jurei que podia ouvi-la gritar lá da sua casa na fazenda.
"Nathan, meu Deus do céu, eu não acredito que você quase beijou aquele homem lindo perfeito maravilhoso!"
"Eu também não tô acreditando. Eu tô com medo..."
"Medo de que? Se joga nessa, garoto!"
"Eu tenho muito medo de me iludir de novo"
"Nathan, não fala assim. Vai que essa é sua chance de ser feliz?"
"Também pode ser minha chance de acabar de vez com minha vida"
"Larga de ser exagerado"
"Sério. Eu ainda não me recuperei direito do Marcos"
"Já ouviu aquele ditado que diz que o melhor jeito de curar um grande amor é com outro grande amor?"
"Já. Tenho vontade de matar quem o escreveu, pq pra mim não funcionou"
"Quem sabe agora funcione? Espera. VOCÊ JÁ AMA ELE?"
"Que isso, tá louca??? Não."
"Mas já tá apaixonado, né? Ai droga. Está, conheço vc."
"Ai, por favor. Podemos não falar disso?"
"Está, santo Deus".
Parei pra pensar. No fundo sabia que estava. Já o conhecia fazia duas semanas. No inicio pensei que não. É normal pensar em um cara que te ajuda em um acidente. É normal pensar em um cara com quem conversou durante 4 horas sem parar. É normal pensar em um cara que em tudo parece combinar com você. Que te leva pra uma festa. Que quase te beija?
Eu sabia que não. Naquela primeira semana eu já pensava nele mais que o normal, mas após aquela festa, meus pensamentos em Guilherme foram elevados à enésima potencia. No domingo, conversamos praticamente o dia todo. Ele me ligou durante a tarde e nos falamos por quase 3 horas. Depois continuamos a trocar mensagens até pouco depois da meia noite. E depois, ao vê-lo segunda feira, foi como se uma corrente elétrica tivesse atravessado meu corpo. Meu coração disparou e eu lutei pra formar frases coerentes no breve período que conversamos. Cada dia daquela semana que o vi, essa foi minha reação. Eu ficava nervoso/ansioso quando estava chegando e saindo da faculdade, pois sabia que ia vê-lo. Eu me sentia um adolescente de 14 anos (como se eu fosse um idoso).
No domingo da semana seguinte, Rayane e eu estávamos no shopping da cidade, numa rara ocasião, pra irmos ao cinema. Estávamos sentados na praça de alimentação esperando dar nosso horário enquanto conversávamos.
- Sabe com quem seu homem se parece?
- Meu homem?
- Com o Ian Somerhalder.
Pensei um segundo.
- Ah! – eu quase gritei. – Eu sabia! Ele estava me lembrando de alguém. Tá explicado porque gostei dele. Parece bastante com meu marido Damon.
- E ele também lembra bastante aquele ator da Globo... Guilherme alguma coisa...
- Tem até o mesmo nome. Parece mesmo. O Guilherme Leicam?
- Ele mesmo! Fica esperto. Se não der certo, vai ser a minha vez de tentar – ela brincou.
- Tira o olho – falei, jogando uma pipoca nela. – Vamos dar uma volta pelo shopping?
- Estou cansada... – ela reclamou. Levantei-me e peguei ela pelo braço, falando "vamos" novamente. Andamos um pouco até que cheguei até meu alvo, a livraria.
- Nathan... Falando no paraíso... Aquele ali não é seu anjo? – Disse ela, apontando para algum lugar ao nosso lado.
- Do que tá falando? – perguntei, revirando os olhos, mas assim que virei o olhar para onde ela apontava, vi Guilherme caminhando entre a multidão. Meu coração ficou descompassado e apertei com um pouco mais de força o braço de Rayane.
- Vamos até lá! – ela falou.
- O que? Tá louca? – tentei argumentar, mas nossa rápida agitação chamou a atenção e ele nos viu ao longe. Logo estávamos a poucos metros de distancia e eu não sabia falar qual de nós dois parecia mais nervoso. Percebi que havia uma garota ao lado dele. Segurando a mão dele.
- Guilherme, oi. – disse Rayane.
- Oi. Olá, Nathan – disse, se virando pra mim. Ele parecia incomodado com alguma coisa. A garota ao lado dele sorria com cara de paisagem. Com cara de falsa.
- Olá. E oi – falei, me virando pra garota.
- Oi – ela falou, claramente desinteressada nos dois estranhos a sua frente.
- Nathan, Rayane... Essa aqui é Camilla. Minha... – ele hesitou. Percebi como ele estava estranho. Ela se virou para nós, rapidamente interessada no assunto.
- Sou a namorada dele.
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Minha Única Certeza
RomanceNathan é um garoto comum com preocupações comuns. Está começando seu primeiro ano na faculdade, finalmente está livre da escola e de todas as lembranças ruins que viveu lá. Tudo ia bem até o primeiro dia de aula acabar. Após ser quase atropelado na...