Capítulo 31

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Guilherme deixou Nathan na porta de sua casa e partiu, mas seu coração ficou com o garoto quando o deixou. Ele estava tão orgulhoso dele! Finalmente ele ia assumir o relacionamento dos dois para os pais.

Ele tinha medo. Medo de que os pais de Nathan não reagissem bem. Eles eram de uma família religiosa, e Guilherme sabia que isso complicava demais as coisas. No caso de expulsarem ele de casa, Guilherme o receberia em sua casa de bom grado – e como, pensou.

Ele pisou no acelerador quando entrou em um morro, com uma agitação desconhecida o tomando por dentro. Dirigiu até sua casa, um pouco distante da de Nathan sem que aquela sensação o largasse. Ele não conseguiu nomeá-la. Era como se... Como se sentisse que alguma coisa daria errado.

Seu maxilar ficou rígido e ele apertou o volante com força, os nós de seus dedos ficando brancos conforme ele dirigia. Quando chegou em sua casa, seu pai já estava dormindo. Seu pai estava tão bem desde a reabilitação! Graças aos céus, ele não havia tido nenhuma recaída com a bebida. Havia conseguido um novo emprego, agora ele trabalhava como vendedor em uma conceituada loja da cidade, e dividia as contas da casa com o filho.

Guilherme passou por seu quarto, observou o pai dormindo tranquilamente e foi ao banheiro. Fechou a porta com cuidado, acendeu a luz e olhou-se no espelho. A noite fora tão maravilhosa! Fora o desagradável encontro com Marcos, a briga, e aquele filho de uma... Aquele desgraçado enforcando o seu namorado... Tudo havia saído bem. Eles haviam tido momentos lindos na pista de dança. Guilherme havia combinado com a professora Claudia para que a orquestra tocasse a música deles, e quando ele pediu Nathan em namoro, a vontade que ele sentia era de pegar Nathan pela mão, fugirem dali e irem para algum lugar longe de tudo e todos e fazerem amor com carinho e intensidade, mas ele se conteve e apenas continuaram a dançar.

Guilherme lavou o rosto. Olhou-se no espelho. Apesar da noite que tiveram, algo se agitava dentro dele, e ele não conseguia entender o que era. Uma sensação de nervoso, de medo, apreensão. Ele despiu-se no banheiro, as roupas caindo aos seus pés e tomou um banho demorado. Quando acabou, enrolou-se com a toalha na cintura e saiu do banheiro. Foi até seu quarto, vestiu apenas um short e deitou-se na cama.

Virou-se de um lado para o outro. Prometeu a Nathan que não dormiria, esperando para saber como haviam sido as coisas. Ao longe, começou a chover. Guilherme estranhou aquilo. Parecia confirmar que algo não estava certo. Ele virava-se de um lado para o outro. A sensação que sentia apenas piorava, e mesmo que ele estivesse há dias sem dormir, não conseguiria fazê-lo agora nem por decreto.

Guilherme não sabia dizer quanto tempo ele ficou ali deitado. Mas a chuva ficou forte, trazendo consigo um frio congelante. Ele pegou seu celular na pequena cômoda ao lado da cama e olhou as horas. Já passava das três da madrugada, e nada de Nathan ligar. Guilherme ficou ainda mais preocupado. A sensação em seu estômago o fazia acreditar que algo estava muito errado com o seu pequeno.

Ele permaneceu deitado quando o relógio marcava quatro da manhã, encarando o celular, esperando qualquer sinal de Nathan de que as coisas estavam bem. Não recebeu uma ligação, não recebeu uma mensagem.

Não recebeu nada.

Guilherme não conseguiu dormir. Quando o sol começou sua caminhada pelo céu, Guilherme já não aguentava mais. Não saber era uma das piores sensações que podiam existir.

Ele se levantou e caminhou como um zumbi até a sala. Ligou a televisão e deitou no sofá. Precisava dormir pelo menos um pouco. Aquela manhã de domingo carregava um peso estranho consigo. A sensação de que algo estava muito errado preenchia Guilherme completamente, correndo junto com o sangue por suas veias.

Um programa sobre bois passava na televisão quando Guilherme adormeceu. Foi um sono inquieto, conturbado. Ele dormiu apenas duas horas, mas quando acordou, sentia-se pior do que antes. Quando levantou, o pai já estava de pé na cozinha preparando alguma coisa para comer.

Minha Única CertezaOnde histórias criam vida. Descubra agora