Capítulo 5

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O local já estava lotado, mas mesmo assim percebi alguns olhares se virando para nós quando entramos. Avistei Rayane sentada com um colega nosso em um dos longos sofás que estavam dispostos no local e chamei Guilherme para irmos até lá. Ela nos olhou, deu um largo sorriso e se levantou pra nos abraçar.

- Você é o Guilherme, né? – ela perguntou, depois que nos sentamos. – Nathan falou de você. – Arregalei os olhos e jurei que podia matá-la ali mesmo. – Por que você meio que salvou ele do acidente aquele dia – ela deu um jeito de contornar a situação.

Antes mesmo que Guilherme pudesse responder, Tiago nos perguntou sobre o acidente, e coube a mim fazer uma descrição detalhada do momento. Logicamente, omiti o "detalhe" de que ele me pegou no colo e me carregou pra cuidar de uma simples escoriação. Depois o assunto emendou em como as ruas estavam perigosas. Aproveitei a deixa pra sair e pegar alguma coisa pra tomar. Perguntei se Guilherme ia querer alguma coisa.

- O mesmo que você – ele falou, distraído, enquanto parecia prestar atenção em algo que Rayane falava. Fui até o bar improvisado no final do jardim e peguei um copo de coca cola pra nós dois, torcendo internamente pra que ele não me achasse um idiota por em plena festa, beber coca cola. Quando me virei pra voltar pro meu lugar, percebi que ele me olhava de longe. Voltei, e ele não tirou os olhos de mim um segundo. Quando lhe entreguei seu copo, ele me deu um daqueles deslumbrantes sorrisos e agradeceu. Ficamos ali algum tempo conversando até que Rayane anunciou que queria ir pra pista de dança.

- Sem chance – falei. – Thiago vai com você – sugeri. Ela abriu um sorriso pra ele, que não resistiu e logo estavam os dois dançando ao som de alguma diva do Pop.

A música aumentou de volume de repente, como se estivesse chamando todos para a pista de dança. Recusei seu convite. Guilherme se aproximou para falar algo, chegou a cabeça bem perto e falou mais alto.

- Que tal você me contar por que não gosta de festas, heim?

- Não é uma boa ideia.

- Por que não? – ele perguntou.

- Ah... Tudo bem – dei a ele uma versão bem resumida da história, ocultando nomes e definição de gêneros. Não ia deixar na cara que era gay assim tão facilmente. – Uma vez eu estava gostando de uma pessoa da escola. E essa pessoa dava alguns sinais bem óbvios, que me faziam pensar que ela talvez pudesse gostar de mim – ia escolhendo as palavras com cuidado. – Então, numa festa da nossa sala, eu descobri que estava sendo idiota e que a pessoa estava namorando com uma pessoa que era muito minha amiga. Foi um golpe ver os dois juntos, se agarrando ali na frente de todo mundo. Aí aconteceram algumas coisinhas, nada de mais. E o mesmo se repetiu na minha festa de formatura. Então, não costumo ter uma boa relação com festas.

- E o resto? – ele perguntou, erguendo apenas uma das sobrancelhas. Deus, eu tinha uma leve queda por pessoas que faziam isso.

- Que resto?

- Das festas que você foi.

- Bem, fora essas duas... Tem as infantis, mas acho que não conta. – Ele deu uma risada.

- Olha, que tal você esquecer que tudo isso aconteceu? Espera... Esquecer não. Isso faz parte de você, mas usar como um parâmetro? Estamos numa festa que pode ser ótima se você se permitir aproveitar um pouco.

- O que quer dizer? – ele revirou os olhos e riu.

- Vamos dançar? – ele se levantou e me chamou.

Minha Única CertezaOnde histórias criam vida. Descubra agora