48º Capítulo

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Harry – Nicole? Acorda, amor. *dando-me suaves beijos na cara* Temos que ir trabalhar.

Eu – Eu já vou. *abri os olhos e encarei o tecto* Que horas são?

Harry – Oito horas. Vou acordar a Angie e preparar o pequeno-almoço.

Eu – Está bem.

Levantei-me lentamente e caminhei até ao nosso guarda-vestidos. Peguei numa roupa apropriada para trabalhar e dirigi-me até à casa de banho, tentando-me mentalizar que é só mais um dia e que vai passar depressa. Mas eu sei que não, eu sei que vai ser mais um dia a pensar no que aconteceu e vou acabar a chorar no meu escritório. Estes últimos dias têm sido horríveis e não tenho pensado noutra coisa sem ser no que aconteceu no Domingo. Apetece-me desistir desta vida…a culpa foi minha, não tive cuidado e matei o meu filho. Estou farta.

Harry – Amor? Já estás pronta?

Eu – Já estou a ir.

Suspirei e desci para a cozinha, sentando-me à mesa. Comecei a comer e não dirigi a palavra a ninguém, apesar de a Angie estar a cantarolar e a tentar falar comigo. Acabei de tomar o pequeno-almoço, peguei na minha mala e sai de casa, entrando no meu carro de seguida. Conduzi até ao meu local de trabalho e, depois de desejar bom dia a Sarah, entrei no escritório e comecei o meu trabalho. Para ser sincera, tudo me corre mal. Até o que eu escrevo tem sido uma valente porcaria.

Decido avançar a hora do almoço e, quando chegou a minha hora de saída, deixei este espaço e voltei a conduzir o carro até casa. Depois de entrar, pousei a mala no escritório e de seguida sentei-me no sofá. Encolhi o meu corpo e voltei a chorar. Sou uma fraca. Toda a gente se está a afastar de mim, ou eu é que os estou a afastar, mas ninguém percebe a dor de perder um filho daquela maneira. Tentam dizer que vai ficar tudo bem, mas isso é mentira. Só vai ficar tudo bem quando eu deixar de sentir esta dor no peito, quando não tiver que encarar a realidade todos os dias, quando desaparecer deste mundo.

Limpei as lágrimas quando ouvi a porta a bater e umas chaves a serem largadas sobre a mesa da entrada. Tentei recompor-me mas sem qualquer efeito. Dirigi o meu olhar para o Harry, que estava com a Angie ao colo.

Harry – Vou deitá-la. Adormeceu pelo caminho.

Apenas assenti com a cabeça e voltei a aninhar-me no sofá. Quando o Harry voltou, sentou-se ao meu lado e passou a mão nas minhas costas. Afastei-me um pouco. Apenas quero estar sozinha.

Harry – Nicole…não te afastes de mim. Por favor. *voltando a chegar-se para a minha beira*

Eu – Quero estar sozinha.

Harry – Não quero que estejas assim, amor.

Eu – Como é que queres que eu esteja? Que ande aí aos sorrisinhos a dizer ‘ah, perdi um filho, mas está tudo óptimo!’?

Harry – Não, Nicole. Apenas não quero que afastes toda a gente de ti.

Levantou-se e caminhou até à cozinha. Voltei a ter um ataque de choro e acredito que os meus soluços se ouvissem pela casa toda. De repente voltei a sentir os seus braços à minha volta e desta vez retribui o abraço.

Harry – Eu amo-te, Nicole. *dando-me beijos na cabeça*

Eu – E eu amo-te a ti, Harry. *falei entre soluços*

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