Capítulo 15

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                 Paola narrando

Terminei de tomar meu banho , e finalizei minha hidratação caseira nos cabelos.

Ia descendo a escada, quando vi que Henrique estava falando ao telefone. Fiquei parada ouvindo o que ele falava.

- Têm lingerie vermelha? Ótimo. Chego aí amanhã , esteja aí no local. A surpresa vai ser perfeita.- sorriu.

Quê ? Lingerie vermelha? Chego aí amanhã?

Coringa está me traindo?

Desci disfarçadamente , fingindo estar bem.

- É.. Amor? Você tava aí? - Ele gaguejou.

- Não amor. Eu desci agora.- sorri fraco.

Amor? Como ele pode ser tão falso? Há essa altura do tempo! Eu pensei que tínhamos um casamento perfeito! Um filho lindo, uma casa. Uma vida , não são 2 anos de casado, ou 3 . São 15 anos!

- Eu tava falando no telefone com um amigo de São Paulo.

- Ah... Que bom

- Que foi mô? - ele chegou perto de mim querendo me abraçar.

Ai, Paola! Seja forte. Você ja passou por tantas coisas, não vai se perder agora.

- Estou bem minha "vida". - dei ênfase a palavra vida.

- Ah, eu vou pra boca. Beijos. - ele selou nossos lábios.

- Tchau. - sorri mesmo querendo chorar .

Me sentei no sofá e fiquei pensando, será que eu ouvi errado?
Olhei em minha bolsa, e peguei o colar que ele me deu no nosso aniversário de 18 e 28 anos. "Amor eterno" . Será ? Será que nosso amor seria eterno mesmo.

Peguei minha carteira e meu celular e fui correndo pra casa de Mari.

Esbarrei em algumas putas que morrem de recalque de mim, e inclusive ficaram me encarando.
Não me rebaixo  a foveiras dessa favela e nem a ninguém!

Cheguei na casa dela e bati na porta.

- Iai vaca? Lembrou que têm amiga? - ela chegou na porta com cara de tacho.

- Ata, sem ironias.

- É sim, agora só anda com Rafaela.

- Ai Mari eu te conheço antes de Rafaela, antes de qualquer uma você sabe que você é minha irmã.

- É eu sei, entra aí.

- Tá . - entrei na casa dela e me sentei no sofá.

- Que foi Paola , que tá com essa cara de mal comida? - Ela se sentou perto de mim.

- Ai amiga eu tô despedaçada!

- Porque? Pode desabafar amiga. A gente se afastou um pouco ok. Mas você sabe que eu sempre continuei aqui!

- Ah Mari. É Henrique.. Ele tá agindo estranho, e hoje cara eu ouvi ele falando ao telefone sobre lingerie , esteja aí no local, que a surpresa vai ser perfeita. Com certeza deve ser uma puta! Ele tá me traindo Mariana.

- Mas amiga... É .. - gaguejou. - Cê tem certeza? Sinceramente amiga ele não ia te trair assim.

- Eu ouvi Mari, ele falando no telefone.

- Eu não sei de nada... Quer um suco? Eu fiz nestante , tá geladinho.- ela deu um sorriso forçado.

- Tu sabe de algo? Cê Sabe Mari tu tá estranha. Cê Savé que ele tá me traindo?

- Eu ? Jamais amiga , eu não sei de nada não. Se ele te traísse e eu descobrisse eu te contaria sem êxito.

- Bom mesmo! Se você me escondesse algo , não seria amizade.

- Claro amiga. Eu te amo, nossa amizade não é de hoje e você sabe!
Te conheço desde os 10 anos , ou mais.

- Eu também te amo.- comecei a chorar.

- Fica assim não, vem aqui.- Deitei em seu colo e ficamos conversando.

Eu tentava conversar com ela ,mas só conseguia pensar em Henrique. Eu já me rebaixei demais por ele, foram tantos episódios!

Como nas vezes que ele me traiu com Carla, com Karen, com uma vadiazinha em pleno natal. Eu nunca vou esquecer essas coisas, as vezes que eu saia correndo pra bater em vagabundas na rua, a vez que ele me bateu e me forçou a transar com ele quase perdi o meu filho por isso.  E também já passei por tanta coisa,  fui sequestrada, tive que matar playboy , visitar cadeia e etc.

Mas todas essas coisas , eu perdoeei. Sabe porque? Por amor. Por puro amor, um amor que vai além do tempo, um amor sem limites, um amor bandido.

- Ei? - Mari me tirou dos meus pensamentos.

- Oi amiga.

- Vamos relembrar os velhos tempos! Lembra? Quando estávamos grávidas e ficávamos fazendo brigadeiro e resenhando a tarde toda?

- Lembro sim.- sorri. - Miguel me deixava faminta.

- Vou fazer um brigadeiro gata, escolhe o filme que essa tarde é só nossa!

- Tá . - sorri e e fui escolher o filme.

Eu precisava disso, precisava reviver minha amizade com Mari.
À medida que fomos crescendo esquecemos dessas pequenas coisas que fazem total diferença em uma amizade.

Ficamos resenhando, assistimos um filme de comédia, comemos. Foi a melhor reunião, como nos velhos tempos.

Lembro - me , de quando tínhamos 15 pra 16 anos. Grávidas , inexperientes, mesmo assim a gente era feliz.

Será que Henrique tá me traindo?

- Tchau amiga, eu já vou não tô me sentindo bem. - falei ao ficar meio tonta.

- Que foi? Cê tava bem até agora.

- Deve ter sido essas besteiras, que a gente comeu.

- Oxe, quer que eu te acompanhe?

- Não, não precisa eu tô bem.

- Tá bom, tchau se cuida! - ela  beijou minha bochecha e eu sai.

Fui o caminho todo numa lerdeza, o que será que taça acontecendo comigo?  Ultimamente eu já não tinha mais forças, ficava cansada por qualquer besteira.

- Ei?

- Lucas? É você mesmo? - sorri ao ver meu velho amigo.

- Sou eu sim pequena! Não me reconhece mais não? - ele correu pra me abraçar.

- Nossa porque você voltou pra cá?
- Não deu certo.. Eu me separei de Jéssica. - Falou com certa tristeza.

- Porra Lucas, porque isso?

- Paola, Jéssica nunca foi mulher pra mim não cara. Ela é uma...

- Tá não fala, mas tá de boa.

- Porque cê tá assim?

- Assim como? Tô normal.

Nossa, depois de anos longe daqui Lucas é um dos únicos que sabem me compreender e ver que eu não tô bem.

- Eu tô de boa Lucas, eu já vou tá? Depois conversamos. - dei um abraço nele e me sai.

           

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