Saint Rivers
Estou em Juilliard há um ano e meu pai acha que ainda vai conseguir me compelir, ele só pode achar que eu ainda estou brincando de ser superstar, como ele mesmo se refere a minha pessoa, e a minha banda.
O que acontece na minha vida é o seguinte, meu pai não aceita que eu nasci para cantar e tocar, ele acha que eu nasci para seguir seus passos na empresa dos meus avós. Juilliard não estava no meu plano, eu já tinha minha banda de garagem formada, tocávamos às vezes em casamentos, bares e em festas de caridades, não era muito dinheiro que conseguíamos com isso, mas era o suficiente para as pessoas saberem que a Metamorphosis existe. De início somos uma banda de cover, tocamos todos estilos de músicas, temos algumas músicas de nossas autorias escritas, mas não nos arriscamos em tocá-las no pub onde cantamos por medo de alguém plagiar nossa letra.
Ninguém disse que seria fácil fundar uma banda independente, mas também não é difícil quando seus companheiros de banda correm lado a lado junto com você para tornar a banda reconhecida.
Vim para Juilliard só para pirraçar o meu pai, já faz um ano e hoje eu não me vejo mais como o adolescente de 19 anos que entrou aqui para não ceder aos caprichos do pai, hoje com quase 20 eu tenho certeza do que eu quero.
Eu quero viver para a música, eu quero tornar minha banda visível para todo o mundo, eu quero ser um sucesso.
— Saint? Acorda cara — Matthew chama a minha atenção jogando uma bolinha feita de papel em meu rosto, levanto minhas sobrancelhas em sinal de questionamento. — Já tem cinco minutos que você está parado sem tocar no seu café, o que foi dessa vez? — questiona, já sabendo que o motivo dos meus devaneios é o meu pai.
Matthew é o baixista da banda e meu melhor amigo de infância, quando deixei claro para ele e para o restante da banda a minha vontade de ir embora de Nova Jersey e vir para Nova York, eles não só me apoiaram, como me acompanharam, entretanto, apenas eu estou em Juilliard, cada um deles fazem uma coisa diferente da vida, Matthew por exemplo, cursa ciência da computação, o cara é um nerd.
Todos eles têm planos para o futuro e querem ser bem-sucedidos, a banda era para ser um hobby para mim, assim como é para eles, mas eu não me vejo fazendo outras coisas senão tocar e colocar no papel todas as minhas frustrações e transformar em música.
— Minha mãe ligou ontem à noite, meu pai quer conversar comigo, ele está vindo para Nova York hoje — o respondo girando minha xícara de café em cima da mesa.
— O velho vem para Nova York só para conversar com você? Alguma coisa tem nisso aí, você não perguntou a sua mãe o que poderia ser? — questiona intrigado.
— Eu até perguntei, mas fui interrompido e tive que encerrar a ligação.
Dou um sorriso torto ao me lembrar da nova companheira de quarto da Valentina. Descobri seu nome depois que a encontrei passeando pelo campus com a Valentina ontem e algo me diz para tomar distância daqueles olhos azuis inocentes, e é o que eu farei. Não quero mais problemas, já tenho demais por causa do meu pai.
— Que merda cara, seja lá o que for... boa sorte?
— É, talvez boa sorte.
Me despedi de Matthew e sem muita pressa vim para faculdade, a cafeteria que costumamos frequentar não é muito longe, hoje é o primeiro dia de aula para muitos e para mim é só mais um.
Caminho pelo corredor extenso e avisto novamente a loira dos olhos azuis, que mais uma vez está perdida, pelo menos é o que parece.
Aproximo-me dela que está de costas para mim e nem nota a minha presença.
— Está perdida, linda?
Sussurro por trás dela, percebo seu corpo se tencionar ao ouvir a minha voz.
Devagar ela se vira me olhando dos pés à cabeça e aperta a alça da bolsa nos dedos.
— Gosta do que vê boneca? — questiono e a ouço bufar.
— Já vi melhores, está me seguindo por acaso?
— Eu estudo aqui se você não se lembra.
— Ah... é verdade.
— O que faz parada aqui?
— Eu não sei onde é a minha sala e a Valentina disse que não demoraria.
— Ela deve ter se esbarrado no Matthew por aí, se acostume boneca é sempre assim.
— Noah, meu nome é Noah.
— Então a boneca resolveu ceder e me dizer o nome formalmente? — indago e sorrio divertido ao vê-la revirar os olhos.
— Hoje é o seu dia de sorte, estou de bom humor, deixa eu ver o seu roteiro de aula — peço e ela retira um papel da bolsa e me entrega.
— Nah, vamos ter a primeira aula juntos, introdução a música clássica, trouxe fones? Porque senão, você vai dormir. É um saco. — Devolvo o papel a ela que sorri sem jeito. — O que foi?
— Eu... — Ela me olha envergonhada e eu cruzo os braços arqueando uma de minhas sobrancelhas.
— Você? — questiono.
— Eu gosto de música clássica — confessa.
— O que você faz?
— Dança clássica, balé para ser mais precisa.
— Huh, uma bailarina. Adoraria ver a sua abertura. — Lhe dou o meu melhor sorriso e logo sinto sua mão pesar em meu braço.
— Você é um nojento, eu me viro sozinha.
Reprimo a minha vontade de rir e a vejo andar pelo corredor varrendo o mesmo com os olhos.
— Está indo pelo caminho errado boneca, ala leste — elevo meu tom e caminho logo atrás dela passando a sua frente. — Eu deixo você me seguir se quiser.
— Você é sempre assim?
— Assim?
Paro de andar e espero ela me alcançar para encará-la.
— Assim, arrogante.
— Vou considerar isso como um elogio. Isso porque estou de bom humor.
— Não quero nem imaginar seu mau-humor.
A ouço resmungar, porém ignoro. Não vou perder a paciência divina que não tenho com ela, deixa para perdê-la com o meu pai.
Caminhamos em silêncio até a sala e por ironia do destino sentaríamos próximos, só havia cadeiras vagas perto uma da outra. Todos estavam sentados em grupo, eu odiava essa dinâmica de sempre dá aula de música clássica.
Noah senta ao meu lado contragosto e eu lhe lanço um sorriso divertido.
Ótimo que minha presença a incomode, eu não a quero por perto mesmo. Quanto mais eu irritá-la, mais longe de mim ela ficará.
Noah tem estampado problema escrito em sua testa e de problema eu estou correndo fora.
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Batida Perfeita | Degustação
RomanceMusic of Soul - Livro 1 Dois sonhos diferentes e uma paixão em comum: A música. Noah Clark e Saint Rivers são completamente diferentes um do outro. Ela uma bailarina amante da música clássica. Ele um músico que sonha em decolar em sua carreira. O d...