Capítulo 7

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Noah Clark


Existe alguns tipos de pessoas que quando não estão bem se isolam e não se alimentam, eu faço parte do lado oposto.

Eu como e depois choro, eu como tudo que vejo pela frente ou o que tenho vontade sem pensar, me alimento para me sentir bem, me sacio para me tornar melhor.

Que louco não?

Eu me pergunto quando as coisas irão dar certo, quando eu vou me sentir bem comigo mesma.

Estou carregando esse dilema comigo desde a adolescência e até hoje eu não encontrei o sentido real disso.

Eu sou filha única, amada e adorada pelos pais que sacrificaram tudo para me dar o melhor e para nunca me faltar nada, mas eu sempre senti falta de algo ou alguém na minha vida.

Alguém que pudesse estar ali para mim, uma amiga ou amigo, que no final dos meus dias me dissesse que iria ficar tudo bem — mesmo quando nós sabemos que não vai ficar nada bem — que me dissesse "eu estou aqui e não vou te deixar", alguém para sorrir, chorar, compartilhar momentos e fosse legal. Alguém que só ficasse e nunca se fosse.

Mas eu nunca tive esse alguém.

Até aparecer a Valentina na minha vida.

Ela me anima, me coloca para cima e me faz sorrir por hora, mas quando ela está longe a realidade cai sobre mim e eu me isolo novamente, e me sinto sozinha como sempre.

Hoje em dia se você conversar sobre isso com alguém as palavras serão: Eu te entendo, sei como você se sente.

A verdade é simples.

Você não sabe nada até que esteja no meu lugar e sinta o que eu sinto.

Enquanto isso, são só palavras para tentar te confortar que acaba tendo efeito nenhum.

Mas logo eu fico bem.

— Eu sempre fico bem — murmuro para mim mesma enquanto enfio um pedaço de chocolate na boca.

E é assim que eu me encontro nesse momento ou melhor, em minhas fases.

Lembra que eu falei que como para me sentir bem?

Na saída do trabalho eu passei no mercado e me senti uma criança, enchi a cestinha de doces de todos os tipos e alguns snacks. Estou comendo tanto que sinto que vou explodir e agradeço mentalmente pela Valentina ter saído com o Matthew, pois tudo que está dentro dessa enorme barriga à minha frente será desgastado daqui a pouco, assim que eu me sentir melhor, só espero que não demore para isso acontecer.

Estou assim desde a mini discussão com Saint hoje.

Após as palavras do reitor decretando que teríamos que competir juntos, ele se transformou.

Eu não vejo problemas em competir com alguém e dividir o prêmio, mas Saint vê.

Parece mais preconceito e vergonha de dançar, do que egoísmo e capricho.

Sei quando homens tem preconceitos com dança e acham coisa de mulherzinha. Muitos recriminam homens que dançam e julgam alguns como homossexuais.

Batida Perfeita | DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora