14. Lila

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Meu coração estava aliviado, mas eu não conseguia ficar em paz, algo dentro de mim estava atormentado.
Eu, Matsso, os guardas e Mattie chegamos ao andar de baixo onde estava a máquina de tortura.
-Ela está pronta? - Matsso perguntou enquanto passava a mão nas correntes.
-Sim, está. -Fui para perto dele e continuei- Aqui onde ficarão os seus pulsos tem espuma preta, ninguém irá perceber. -falei passando a mão na corrente- E a máquina não irá apertar de fato. Você vai ter que ser um ótimo ator.
-Está bem. -ele disse seco- E o sangue?
-Depois de um certo tempo Micael vai ajustar a máquina para um nível maior de força; só que só para o público, é claro; na verdade ele vai colocar o sangue falso na espuma e você, depois que ele sair, vai pressionar o pulso contra a espuma, assim, fazendo escorrer o líquido vermelho.
-Ótimo.
Olhei ao redor e Mattie nos observava com atenção, acho que ela estava juntando todos os parafusos e entendendo o plano. Quando olhei para seu ombro, lá estava a marca de Chimion.
-É de verdade? -perguntei num tom mais elevado.
Mattie olhou para o ombro e sua face mudou de concentrada para triste e assentiu com um só balançar de cabeça.
- Oh. Eu sinto muito.
- Darei um jeito nisso depois. -Ela disse e só.
Matsso parou de analisar  máquina e veio andando até meu lado.
- E quando me soltarem?
Fui responder, mas Micael tomou a frente.
- Eu te soltarei e te levarei pro local onde aconteceria a pena de morte. -disse ele sério.
- Vocês conseguiram se comunicar com Laicon? -Matsso perguntou com as sobrancelhas curvadas mostrando dúvida.
- Sim, eles chegarão na hora exata. Vai dar tudo certo. - Eu disse.
- O que vocês pretendem fazer? - Mattie perguntou, finalmente.
- O nosso plano... -comecei a explicar porém Micael me interrompeu.
- Lila, silêncio! Há alguém vindo, se esconda!
Olhei para Mattie e disse baixo: Venha comigo. Nós duas corremos e nos escondemos atrás de um pilha de ferramentas e utensílios de metal.
- Fique em silêncio, ok? -Eu disse sussurrando e Mattie só assentiu.
Ouvi a porta abrindo e a voz do Jason ecoou pelo cômodo.
- Ora, ora, vocês já estão trabalhando?
-Sim senhor. Temos que prendê-lo logo para quê nada atrase.
- Ótimo. -Jason deu uma pausa e continuou- Como se sente Matsso?
-Estou bem. Obrigado por se importar. -A ignorância e o sarcasmo eram claros na voz de Matsso.
- Você merece morrer.
- O senhor também.
- Vocês viram Rose? - Jason se direcionou para os guardas.
- Não senhor. -os guardas responderam em coro.
-Há algo de errado, ela está estranha e hoje de manhã não estava na cama. Vocês estão sabendo de algo?
- Não senhor. -novamente em coro.
- Está bem. Vou procurá-la enquanto vocês trabalham e terminam de prender Matsso.
Ouvi sons de passos, a abertura da porta e depois o fechamento da mesma.
Mattie se levantou e foi para perto de Matsso, confesso que senti um breve ciúmes, mas ele me pertence, então é besteira sentir algo assim.
Mattie olhou em minha direção.
-Pode continuar explicando agora Lila. -disse num tom agressivo.
-Como eu ía dizendo -dei uma pausa e continuei- o plano é simples. Nós vamos fingir uma tortura e quando for a hora de matar Matsso, vamos fugir.
- Fugir como?
-Você irá saber de tudo na hora certa Mattie! Chega de perguntas -Matsso disse impaciente.
-Guardas, o prendam na máquina. -ordenei.
Os guardas começaram a levantar Matsso e ajustar as peças. Foi rápido. Meu coração estava receoso, era como se eu prevesse que algo ía dar errado. Fui para perto de Matsso.
-Olhe pra mim. Vai dar tudo certo. -disse mais para afirmar para mim do que para ele.
-Vai Lila.
- Então está bem. Te vejo em breve pobre quebrador de leis. -e pisquei.
- Até mais mandante de Chimion. -Nyage soltou um risinho.
Cheguei mais perto e o beijei na bochecha. Pude sentir ao longe o olhar de Mattie como se vigiasse o local onde eu iria dar o beijo.
-Mattie, você vem comigo. -falei curta e claramente.
Mattie apenas me seguiu e saímos do cômodo. Deixando lá somente Matsso e os guardas que logo mais iriam o expor ao público.

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