Eu quis.
Quis que a Elisa fosse uma garota radiante e cheia de comentários interessantes.
Quis que ela fosse admirável, que chamasse a atenção de um cara incrível e que quebrasse todas as regras possíveis (se é que existem regras) sobre a primeira conversa pra se ter com alguém.
Quis que o Lucas fosse perfeito, filho da mãe de tão perfeito. Quis que perfeição não significasse merda nenhuma. Porque não significa.
Quis que todos vocês pensassem que o Lucas seria a salvação da Elisa.
Quis dar uma chance ao amor.
Quis explicar a importância da amizade.
Quis deixar claro que depressão não é "frescura" e nem brincadeira, e quis, sutilmente, apontar sintomas de depressão na Elisa.
Quis ser contraditória, porque, de algum modo, todo mundo é propício a ter sintomas depressivos às vezes.
Quis te assustar, pois, torno a dizer, depressão não é brincadeira.
E agora o que eu não quis.
Eu não quis mergulhar os leitores no que realmente é a depressão. Na verdade, não desejo a ninguém sentir o mais leve aspecto dessa doença.
Eu não quis dizer que o amor não pode ser a salvação de alguém... Porque pode ou não pode ser.
Amor é um sentimento vasto e pode ter traços positivos e negativos, pode ser tanto encantador quanto problemático. Eu não sei se o amor existe no mais puro conceito que se vende nos romances, se é algo divino, se é uma junção de reações químicas do corpo humano, ou talvez uma construção social milenar, ou às vezes sobre criar laços vitalícios com pessoas pelas quais você nutre muito afeto e também desejo. Simplesmente não sei.
E pra constar, já que é pra ser contraditória, o amor pode sim ser a salvação. Temos tantos tipos de salvações e tantos tipos de amores. Veja o amor religioso, por exemplo. Para alguns, a salvação é Jesus; para outros, Maomé. E tem aqueles que encontram salvação em um outro alguém.
Eu prefiro a salvação via amor próprio, que é uma salvação, além de difícil, admirável. Mas o importante mesmo é nossa existência humana e sua imensa capacidade de criação de conceitos, ideias e filosofias.
Bom, voltando ao foco.
Eu não quis dizer que o modo de lidar com uma situação complicada da sua vida é evitando falar sobre o assunto e contando os dias. Cada um é cada um, e a Elisa é a Elisa (apesar dela infelizmente não existir).
Eu não quis, de início, ensinar uma lição a alguém.
Tudo que fiz foi querer e não querer.
Agora, mais uma vez, o que quis.
Quis que fosse divertido.
Quis que ajudasse as pessoas a perceberem que existem diversas maneiras de consertar um coração quebrado.
Quis demonstrar que é possível ser feliz novamente.
Quis expor que tudo bem não se esquecer completamente.
E a última coisa.
Quis, escrevendo tudo isso, me ajudar.
Se teve um final feliz, acho que ajudou.
Obrigada por ler.
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Um Conto Não Depressivo Sobre Depressão
Historia CortaElisa Bonifácio é uma universitária como qualquer outra que você pode acabar encontrando na rua: não é a melhor da classe, mas tem sonhos e aspirações. Algo sobre seu sorriso contido e frases inteligentes pode acabar te atraindo, porém dificilmente...