Cap. 51

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Terminei a leitura aos trancos e barrancos pelo meio dia.

Me espreguiçei e fechei o livro.

O frio estava ainda pior.

Eu decidi subir e me enfiar de baixo das cobertas, foi o que fiz.

Mas ao chegar no corredor de cima onde estavam dispostos os quartos com os quais eu já estava bem familiarizado, eu comecei a ficar trêmulo.

Eu congelei no início do corredor escuro.

Literalmente não conseguia me mecher.

Eu fitava frente com os olhos arregalados e sentindo calafrios percorrerem o meu corpo.

Era estranho.

Era desnatural.

O corredor pareceu escurecer ainda mais e eu senti o quarto a minha direita, o do silêncio, ganhar vida.

Eu ouvi.

Ouvi o som de rabiscos vir de dentro.

Som de lapis escrevendo nas paredes.

Era real.

Eu ouvia.

Mas não conseguia me mecher.

Eu fiz o que pude, corri os olhos para a minha direita e fitei porta do quarto.

Os calafrios se intensificaram.

O som de rabiscos aumentou.

Eu lutava para me mecher, mas não conseguia.

Então do nada, a minha mão se estendeu e tocou a maçaneta da porta deste quarto.

Girou e abriu empurrando com força me fazendo ter uma visão completa do mesmo.

Era ele, " O quarto do silêncio ".

As paredes negras desenhadas e rabiscadas com carvao, a pintura característica no teto, a escuridao predominando o comodo, sim era ele.

Eu senti medo.

Senti muito medo.

Queria sair dali.

Queria muito.

Mas o som dos rabiscos aumentou e do meio dele se sobresaia o som da voz de uma criança.

Sim uma criança.

Uma voz aguda, feminina, doce e até um pouco familiar.

Eu não entendia o que ela me falava, estava abafada a sua voz, de modo que eu não discernia suas palavras.

Eu estava morrendo de medo, mas a curiosidade foi mais forte.

Eu ouvia a voz da criança mas não a via.

Anjos RebeldesOnde histórias criam vida. Descubra agora