Anjos Rebeldes

Cap. 49

Meia hora depois kyn volta.

Volta com um coelho nas costas.

Eu a fito arregalado.

Um coelho ?

Vamos comer um coelho ?

Ela tira a mochila e leva o coelho para o outro cômodo,  o banheiro.

Eu ouço  ela limpar o animal.

Limpa e depois de um tempo volta.

Pega um espeto e enfia no coelho  morto.

Tempera num canto pegando algums temperos dentro de um armário pequeno num canto.

Coloca em cima da lareira e deixa assar.

Eu a fito curioso.

- coelho ?

Digo fazendo cara de nojo.

- coelho.

Ela responde.

Se senta  ao meu lado no piano e diz.

- e  aí ?

Toco o exercício  pra ela ver.

- ótimo.

Ela diz.

Ela passa a tocar  uma música.

- Moonlight  Sonata, Beethoven.

Diz e continua a tocar.

Depois de um tempo ela caminha até a lareira e vira o assado.

- cheiro bom.

Digo.

Ela volta a sentar no piano.

Ficamos ali praticando enquanto esperamos o assado.

Depois de mais meia hora está pronto.

Ela estende uma toalha  grande no chao.

Pega pratos e coloca em cima da mesma.

Tira o assado da lareira e coloca  em cima do prato.

Ela pega os talheres e me serve.

Coloca vários temperos ali e diz.

- coma.

Eu passo a comer.

Silencio.

Ela me encara.

Silencio.

- voce nao vai... ah esqueci.

Digo.

Ela sorri.

- vou levar um tempo pra me acostumar com isso.

Digo.

Silencio.

Silencio.

- voce é  meio rebelde pra um anjo.

Digo.

Silencio.

- rebelde ?

Ela pergunta.

Eu a fito  mastigando a comida.

- sim. Sabe, o seu estilo, piercings, cabelos coloridos, correntes... bem... punk.

Digo.

Ela ri.

- ah, vocês  acham que anjos tem de ter cara de bebe e usar camisolas fluorescentes.

Ela esnoba.

Passo a rir.

-  ué.

Digo.

Silencio.

Silencio.

Silencio.

- mas nao é  só  isso. Você é  bem rebelde mesmo. Você roubou um carro, quase espancou uma garota, vandalisou uma escola e...foi num show  do Buckthead.

Digo.

Ela revira os olhos.

- mais alguma coisa meritissimo ?

Ela pergunta.

Risos.

Silencio.

Silencio.

- o que tem ir à um show  do Buckthead?
Deus também ouve Buckthead.

Ela diz.

Eu a encaro curioso.

- sério  ?

Pergunto.

- sim. Vocês ditam as regras em nome de Deus.
Dizem que ele aprova Márvin  Sapp  mas não Tupac Shakur , ou que ele apóia kirk  Franklin mas não Nirvana.
Que ele apoia  Isaac Newton porque  era um cristão  fervoroso, mas não Darwin porque  criou a teoria da evolução das espécies.
Que apóia o padre ou lider religioso, mas nao o Xamã ou o mediun, fala  sério.
Deus  ouve e está em tudo  isso.
Há  um pedacinho  dele em cada estilo musical, em cada religiao, em cada cultura  e raça.
Parem de ditar as regras se passando por ele.

Ela diz.

Silencio.

Eu ergo as maos pra cima em sinal de me rendo e digo.

- desculpe meritíssimo.

Rimos.

Depois de terminar de comer, tiramos um cochilo, e lá pelas 9 da noite fomos pra casa.

Tomei um banho e fui pra cama  com kyn.

Colocamos o " álbum branco " dos Beatles  pra tocar e dormimos.