O MUNDO DE UMA OITO (A SELEÇÃO)

O PLANO PERFEITO

E aí meninas preparadas para serem princesas? -

Mamãe entrou em casa com várias sacolas e a alegria estampada em seu rosto.
Mel correu para ela e a abraçou empolgada.

- você pode acreditar mamãe? Em cada aniversário do príncipe eles sempre fizeram questão de dizer que não haveria mais a seleção, e que o príncipe se encarregaria sozinho em encontrar sua propria princesa, e agora eles fazem essa revelação bombástica, não é incrível?

Mamãe olhava com esperança para Mel e depois para mim.

Mas espere um minuto eu conheço esse olhar....
- Mamãe? -
A olhei pedindo explicação, pois minha personalidade era muito parecida com a dela, por isso minha surpresa ao vê-la entrar em casa alimentando as esperanças de Mel.

Mamae então se deixa cair em sua cama cama e nos pede para sentarem ao seu lado.
- Precisamos conversar - falou em um tom sério.

Melina e eu nos entreolhamos, pois o assunto nunca era bom quando começava com, precisamos conversar.

- Vou dar uma volta -
Vovô Zoe disse saindo pela porta sem dar qualquer explicaçao.

Nos sentamos apreensivas em frente a ela esperando ansiosas pelo que viria.

Quando vocês nasceram bem aqui nessa casa - Falou mostrando seu redor - Eu não tinha ideia de como fazer para registrá-las sem um pai e sem uma casta para que ao menos fossem consideradas filhas de ILLÉA.

Se eu as registrasse apenas em meu nome, vocês também seriam uma oito como eu por nao poderem comprovar suas origens.

- Eu disse a vocês uma vez que nasci na província de Kent e que vim parar aqui depois que meus pais morreram... - respirou fundo lembrando de momentos ruins.

- Meus pais não morreram, quer dizer minha mãe sim mas meu pai ainda deve estar vivo -
Disse vendo as expressões de surpresa que estampava nossos rostos - antes de ser interrompida ela continuou.

- Meu pai era da casta quatro, ele era gerente de construções e trabalhava bastante.
Mesmo estando no meio da hierarquia ele não aceitava essa condição de ser um quatro e vivia dizendo que um dia compraria nossa passagem para sermos três -

Nao eramos ricos a ponto de esbanjar mas nao eramos pobres a ponto de nos faltar comida.
Quando eu tinha quatorze anos, éramos cinco vivendo naquela casa, eu tinha dois irmãos mais novos, que eu cuidava junto com minha mãe, seus nomes eram Charlie na época com quatro anos, e Brian com dois.

Lauren fez uma pausa lembrando da dor que sentiu ao ser afastada deles.

- Minha mãe era uma mulher séria, mas dava pra ver o amor em relação a seus filhos.

Ela era sistemática, e gostava de tudo em ordem, vocês precisavam ter conhecido meus irmãos, eles pareciam mini adultos em seus modos, e muito inteligentes. -
Uma lágrima escorreu dos olhos dela nesse momento.

- Um dia, sem aviso prévio, sem sinais de que havia algo errado, minha mãe levou a mão ao peito e morreu enquanto preparavam o jantar.

Meu pai me culpou todos os dias pela morte dela pelos próximos dois anos.
Ele chegava em casa cada vez mais furioso, e por mais que eu tentasse deixar as coisas como minha mãe fazia, ele continuava a me odiar.

Por anos eu revivia em minha mente algum motivo para que eu pudesse realmente ter causado a morte de minha mãe.

Mamãe agora olhava para um ponto na parede, provavelmente revivendo momentos que a muitos anos não dizia em voz alta, coisas tão doloridas que preferia esquecer.

- Depois do meu aniversário de dezesseis anos meu pai veio pra casa com uma mulher estranha.
Ele a apresentou como Queen.
Lembro da primeira impressão que tive dela.
Ela era uma mulher na casa dos quarenta anos com muita maquiagem e vestido extravagante que mostrava mais pele do que o apropriado.

A mulher começou a me analisar como um objeto, dizendo que eu realmente era uma pedra preciosa, e que ela iria ganhar muito dinheiro comigo.

A primeira coisa que pensei era que papai havia me arrumado um emprego, e quando o questionei ele disse que esse seria o trabalho que nasci para fazer, mas que eu tinha que ir morar com ela.