Aliado

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Passei horas virando de um lado para o outro na cama sem conseguir dormir.
Eu não parava de pensar que eu havia realmente conhecido os netos da vovo Zoe, e o melhor de tudo é que eles eram rapazes encantadores apesar de não ter conversado com o mais velho deles.

Meu dilema no entanto era saber se eu podia confiar em George.
Se ele for embora na próxima semana e eu não muito tempo depois eu ter que deixar o castelo, nunca terei a oportunidade e muito menos dinheiro para encontra-lo novamente.
Levantei cedo e vesti estrategicamente o vestido mais simples que havia encontrado no closet.
Hoje era um dia que precisava passar despercebida.

Eu estava decidida, eu iria contar a verdade a George, eu só podia pedir as estrelas que me ajudassem para que George seja mesmo tudo o que estou apostando que ele seja e que acima de tudo saiba guardar um segredo de vida ou morte.
Entreguei o bilhete para Rose e pedi que ela fosse discreta.
Ela não fez perguntas, mas quase pude ve-las circulando pela sua mente.

Fui para o jardim depois do almoço como venho fazendo desde que cheguei.
Eu estava tão nervosa que parecia que o almoço deixaria meu estômago a qualquer instante.

- Gostaria de me ver senhorita? -
George se aproximou com receio, ele sabia sobre mim e o príncipe, só posso imaginar o quão confuso ele esteja com meu inesperado convite.

- Sim, venha comigo -
Caminhei com George até chegar no meu lugar de sempre, onde estendi minha manta e minha almofada como fazia sempre.

Dali eu conseguia ver a movimentação de todo o jardim e ver a distância qualquer pessoa que viesse em nossa direção.

Fiz um sinal para que George se sentasse ao meu lado.
O que ele fez um pouco incomodado.
- Creio que você sabe que este encontro não é muito apropriado já que você está relacionada com o príncipe.

George não sabia das minhas intenções ao atraí lo ali, e essas palavras só me fizeram confiar ainda mais nele.
Ele era um grande amigo de Alex, e pelo jeito não queria fazer nada que pudesse quebrar esse laço.

- Você é um bom amigo sabia? Para Alex quero dizer, e não se preocupe não vou me lançar sobre você, e só para que relaxe quero que saiba que eu...

- Eu estou apaixonada por ele George -

Dizer essas palavras em voz alta era como assinar minha sentença de morte, pois mesmo que eu me livrasse da forca por trair o rei e o príncipe, eu iria morrer de tristeza quando a hora de partir chegasse.

George pareceu relaxar os ombros nessa hora .
- Me desculpe, é que eu não entendo o motivo de ter me enviado um bilhete pelo meu valete pedindo que fosse discreto.

- Você poderia ter falado comigo na hora do almoço, e a única coisa que saiu da sua boca naquele momento era o quanto você estava satisfeita em estar ao meu lado para ficar com a minha sobremesa. -

Lembro de eu tentando agir naturalmente ao lado dele durante o almoço.
Parece que consegui já que George não fazia ideia de que algo estava errado.

- Eu não podia falar o que tenho a dizer na mesa de jantar George, você vai entender o porque em um instante, eu apenas preciso...-

Olhei para o rapaz ao meu lado que ainda esperava paciente mesmo com todo esse suspense.
Eu respirei fundo e falei baixo, como se estivesse com medo de ser ouvida por alguém mesmo sabendo que não era possível.

- Eu sei onde sua avó está. - Falei olhando para ele,
pude ver o entendimento e a surpresa em seus olhos no momento em que havia absorvido a informação.

- Como? - Ele simplesmente perguntou.

- é neste momento que preciso saber se posso confiar em você George, sei que promessas não valem de nada para algumas pessoas, mas estou escolhendo confiar em você, confiar minha vida e a vida de minha família e isso inclui sua avó.
Então jure que seja lá o que você ouvir aqui ficará apenas entre nós dois, pelo menos até eu sair do castelo.

George viu o pânico em meus olhos, ele sabia que eu estava falando sério.
- Juro pela minha vida e a vida dos que amo que seu segredo estará seguro comigo -

Isso era tudo o que eu precisava ouvir antes de soltar toda a história para George.
Quem eu era, de onde eu vim, o que minha mãe fazia para sustentar suas filhas e o que havia sacrificado para que pudéssemos ser educadas como damas, falei como foi viver com vovo Zoe a sua avó por todos estes anos, e de como vim parar no castelo.

- Sua avó é uma pessoa maravilhosa George, ela ficaria encantada em rever seu filho e conhecer você e seus irmãos. -

Eu estava chorando a algum tempo, era pressão demais em cima de mim, segredos demais, e ainda havia a questão do príncipe, foi um alívio enfim contar tudo isso para alguém.

George parecia pasmo com tudo o que ouviu, ele me ofereceu um lenço para eu enxugar as minhas lágrimas enquanto mergulhava em seus próprios pensamentos, era muita coisa também para ele absorver..

- Eu adoraria conhecê-la também, ainda mais depois dessa descrição que você fez dela, tenho certeza que meu pai adoraria saber sobre ela também. -

Vi George fechar a mão em punho e prender os lábios em desgosto.
- Eu não posso acreditar em tudo o que ela passou por causa daquele monstro que eu tinha como avo.

Eu sabia que ele batia nas suas criadas, mas jamais imaginei que ele também fazia isso com a esposa, meu pai nunca disse já ter sido agredido por ele.

Acho que isso valia apenas para as mulheres - Ele falou com desgosto.

- Lissa eu sei o que precisamos fazer e você vai ter que confiar em mim -
George agora parecia ter um plano em sua cabeça e estava determinado.

- é muito arriscado para você ficar aqui no castelo Lissa, você tem que sair daqui o quanto antes, e nada de esperar a metade da competição para isso.

- Eu não posso George, minha família precisa do dinheiro e... -

- Lissa, não se preocupe com isso, vocês acolheram minha avó como parte da família e a minha família está em dívida eterna com vocês, sei que meu pai fará o possível para deixá las bem. -
- Você não pode contar a ele George, eu posso ser morta -

- Você não conhecê meu pai Lissa, ele é um bom homem e vai fazer o possível para que vocês não passem mais necessidades. -

- Eu preciso ficar até a metade da competição
você não entende... -

- Sim eu entendo, sei que está apaixonada por Alex e ele por você, mas precisamos resolver um problema de cada vez Lissa, e tirar você deste castelo é o mais importante.

- Se eu sair da competição.... Alex terá que se casar com outra garota.
- Lissa, pelo que entendi você já estava ciente de que isso não poderia ir mais a frente, pense em sua família -

- Isso é tudo o que venho fazendo desde que coloquei meus pés neste lugar! - Falei quase gritando.

- Eu não queria ter me apaixonado pelo príncipe acredite, e muito menos esperava que ele se apaixonasse de volta.
Seria tudo tão mais fácil se não fosse essa mentira.
Falei em um quase choro.

 Se não fosse por essa mentira você não estaria aqui Lissa.

Ele coloca a mão em meu ombro como apoio.
-E se eu lhe prometer tentar ajuda-lá com isso também?
Com Alex.

- Mas... como, isso não é possível.-

- Eu não sei Lissa, realmente não sei e tudo o que posso prometer é que vou tentar encontrar uma maneira.
Mas se alguém descobrir sobre você antes disso, você estará condenada e nem meu pai, nem o príncipe ou sequer o rei poderão te livrar da forca. -

- Você não entende George, minha irmã sempre desejou conhecer o castelo, agora ela tem um convite para o baile real no próximo mes.
Você não tem ideia de como é estar aqui todos os dias vivendo o sonho dela enquanto ela está trancada em uma casa sem poder sair. -

George podia sentir meu desespero, e ele realmente parecia preocupado.
- Lissa, é muito arriscado. -

Eu já estou aqui a mais de um mes, e este concurso era suposto durar pôr meses, talvez até anos.

- Vamos fazer o seguinte então, ficamos até o baile e eu vou procurarndo meios de como posso te tirar dessa, mas vou precisar de reforços. -

- Quem? George você me prometeu que... -

- Eu sei o que prometi, mas meu irmão mais velho estudou muito sobre as leis de Illéa, sobre decretos reais antigos, novos.
 Ele sabe onde olhar e o que procurar, ele encontra facilmente coisas em um dia o que demorariamos meses, e ele pode ajudar a encontrar alguma coisa na lei que possa devolver sua mãe para a casta de onde ela pertencia, não tenho certeza ainda, mas sua mãe nunca cometeu nenhum crime para ser rebaixada de casta cometeu?

- Claro que não, se alguém cometeu um crime foi o pai dela pôr te-lá vendido para um bordel para comprar sua nova escala social.

- Por isso mesmo que não conheço ninguém melhor do que Tomas para nós ajudar,  com ele as chances serão muito maiores.

- Eu não sei George -

- Com a ajuda dele, as chances de você se casar com o príncipe são maiores. -

- Isso é pegar pesado, eu nem o conheço George como posso saber se ele é confiavel? -

- Ora minha amiga, você não pode dizer que me conhece também já que nós conhecemos ontem.
E mesmo assim você confiou em mim com esse segredo. -

é claro que George tinha razao, foi um risco imenso confiar nele, mas será que eu tenho mesmo que arriscar colocar mais alguém nessa confusao?

Pois quanto mais gente fica sabendo disso, maior são as chances de eu ser descoberta, mas pôr outro lado Tomas realmente poderia ser util.

George me tira do meu transe ao colocar sua mão em meu braço.
Lissa eu conheço meu irmão desde que nasci e sei que ele é um cara muito confiavel e que vai ficar muito feliz em saber sobre nossa avo.

Essa é uma luta estupida, o que mais eu poderia fazer?
Ainda mais se realmente existe uma chance de eu ficar com o príncipe.

Meu peito derepente infla com esperança-
- Você está certo, vou acreditar em você George, estou confiando minha vida a você. -
- Certo, então temos um mes, depois do baile se nada dos nossos planos surtirem efeito te tiramos daqui o mais rapido que pudermos.

O MUNDO DE UMA OITO (A SELEÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora