Episódio 1 - Cidade de Pallet

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Hazel, de doze anos, acompanhava Milady, uma gardevoir shiny. Eles se apoiavam nas grades da proa do navio e observavam os tentacools, goldeens e magikarps. O vento forte soprou as nuvens e a luz do sol foi diretamente nos olhos de Hazel, fazendo-o abaixar o chapéu de cowboy dado pelo avô. "Todo aventureiro numa jornada pokémon precisa de um bom chapéu", disse ele um dia. O garoto tinha os cabelos negros, quase azuis à meia luz. Os olhos eram dourados, meio amarronzados, da cor de avelã. Sua companhia usava uma presilha de pérola prendendo os cabelos verde-água, presente caríssimo dado por Hazel — não por vontade própria. Ela adorava ser tratada como uma rainha e podia ser esnobe como uma às vezes.

— Vamos entrar, Milady — disse ele estendendo sua mão. — Tá muito sol.

A gardevoir pegou sua mão e, elegantemente, entraram de braços dados na cabine do navio.

Pouco menos de uma hora se passou e uma campainha tocou. Eles finamente chegaram na famosa cidade de Pallet. O capitão mandou içar a ponte levadiça e os viajantes desembarcaram.

— Hazel! Hazel! Você é o Hazel? — dizia uma mulher de jaleco branco para cada garoto que ela via desembarcar.

O treinador andou até ela sem muita pressa.

— Oi, eu sou o Hazel — disse ele, tirando o chapéu.

— Ah, te achei. Meu nome é Daisy, sou assistente do Professor Carvalho. É um prazer conhecê-lo — disse ela, estendendo a mão.

O garoto apertou-a e deu um leve sorriso de canto de boca.

— O prazer é meu. Essa é a minha amiga Milady. — A pokémon fez uma reverência, levantando o vestido e dobrando os joelhos.

— Bom dia, senhorita. É um prazer conhecê-la também — disse a assistente, entrando na brincadeira, também fazendo uma reverência toda torta.

Milady respondeu com um grunhido apenas.

— Vamos, então? O professor tá esperando a gente.

Seguindo-a, caminharam pela cidade de Pallet até chegarem aos laboratórios do professor. O lugar crescera muito nos últimos anos por ser a cidade natal de dois treinadores pokémon, que derrotaram a Elite dos Quatro, as lendas vivas, Red e Blue. Hazel estava emocionado de andar por onde os seus ídolos andaram e respirar o mesmo ar que um dia respiraram. O porto fora expandido e recebia cargas o dia inteiro, as casinhas simples deram lugar aos arranha-céus, o chão fora todo coberto por azulejos de pedra lisa amarela, com símbolos elementais ou de pokébolas.

Eles subiram uma colina, mas antes tiveram de passar pelas portas de vidro do enorme domo que cobria o local. Conforme se aproximavam do laboratório, observavam os pokémons livres a caminhar pelos campos verdes. Uma manada de taurus, caterpies e weedles escondidos no meio das árvores, bandos de spearows, um bulbassaur brincando com um poliwag e até um grande snorlax roncando em plena luz do dia.

— Bem-vindos ao Laboratório Carvalho — disse a assistente, segurando a porta aberta para eles entrarem.

O lugar era, pela surpresa deles, simples. As paredes tinham um papel de parede amarelo desbotado e o resto era branco, prateleiras com portas de vidro e as máquinas de última tecnologia, cuja função Hazel jamais poderia dizer.

O professor parecia ocupado lendo um artigo científico. Mas ele logo abandonou o papel e levantou-se da cadeira giratória, quando viu o grupo se aproximar.

— Você deve ser o Hazel, certo? — disse o professor. O cabelo era grisalhos, assim como as grossas sobrancelhas. Sua voz era grave e rouca.

— Sim, sou eu — disse Hazel, abaixando a cabeça. — É uma honra conhecê-lo, senhor doutor professor Carvalho.

— Não precisa de tanta formalidade — disse ele, rindo e passando a mão atrás da cabeça. — Pode me chamar só de Professor Carvalho.

Como se não tivesse visto a gardevoir ao lado do treinador, o professor se aproximou da pokémon com curiosidade.

— Fascinante... — disse ele. — Nunca havia visto uma gardevoir com essa coloração antes — disse, aproximando a mão para fazer um carinho na cabeça dela.

Milady se afastou e deu um tapa em sua mão.

Ele respondeu com uma sonora risada.

— Desculpe por isso, professor — disse Hazel, curvando-se novamente.

— Tudo bem, tudo bem. Eu é que peço desculpas — disse, abanando a mão direita — Enfim, meus assistentes estão providenciando sua pokédex. Enquanto isso, você pode escolher seu pokémon inicial.

— Pokémon inicial? — perguntou o garoto, surpreso.

— Isso mesmo. Todo treinador começa com um pokémon inicial dependendo de sua região — explicou Daisy. — Não me diga que não começou com um?

— Saí direto da cidade de Oldale com minha, na época, kirlia.

— O quê? Ninguém te explicou que você deveria ir para o laboratório mais próximo pegar um pokémon? — perguntou o professor, indignado com a incompetência dos colegas.

— Não... — respondeu Hazel sem entender todo aquela confusão. — Mas tudo bem. Eu estou feliz apenas com Milady.

— Pera aí. Então, você só capturou um pokémon em toda a sua jornada na região de Hoenn? — perguntou a assistente.

— Eu não capturei ela. Nós somos amigos desde pequenos. É uma longa história. — Ele olhou para Milady com ternura. — Ela é muito especial para mim. Espero que esteja tudo bem em começar com um pokémon de outra região.

A gardevoir olhou para baixo, o rosto enrubescido. Tinha vergonha das coisas bregas que o amigo dizia, mas não podia negar que se sentia lisonjeada ao mesmo tempo.

— Si... Sim, está — respondeu o professor, intrigado com o peculiar garoto. — Escute, é admirável que tenha chegado a enfrentar a Elite dos Quatro e ficado em sexto na Liga apenas com um pokémon, mas é essencial que capture mais deles, tanto para pesquisas, que beneficiarão a todos, quanto para montar um time balanceado para se tornar um grande mestre pokémon.

— Você ficou em sexto lugar só com essa gardevoir!? — perguntou Daisy.

Milady olhou-a com desprezo pelo "essa gardevoir". Teve vontade de quebrar sua mente com seu poder psíquico, mas não o fez, pois na última vez que atacou um humano as coisas não terminaram muito bem...

— Senhor, me desculpe mesmo. Mas eu acredito que um pokémon é como um companheiro, um amigo. Ele deve escolher se quer tê-lo como mestre. Eu não tenho nada contra os métodos das outras pessoas, sei que a amizade pode se formar depois da captura, mas, mas...

— Esse não é você — completou o professor. — Tudo bem, Hazel. Vamos pelo menos dar uma olhada nos pokémons.

Numa bancada moderna, toda feita de aço, três pokébolas estavam alinhadas uma ao lado da outra. Por cima delas, três diferentes luzes iluminavam-nas, como holofotes numa peça de teatro. O professor apertou um botão do lado da mesa e os três pokémons saíram de suas pokébolas ao mesmo tempo: um bulbussaur, do tipo planta, um charmander, do tipo fogo e por último, um squirtle, do tipo água.

CONTINUA NO PRÓXIMO EPISÓDIO...

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Olá, Kyara aqui! Essa é a minha primeira história aqui no wattpad, espero que tenham gostado. Por favor, se tiver qualquer crítica, comentário ou sugestão, não hesite em me mandar.

Pokémon Hazel I: O Charizard Sem AsasOnde histórias criam vida. Descubra agora