Episódio 13 - A Fuga do Hospital e o Ginásio de Pewter

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Hazel tentou mover a mão, fechar os dedos e bloquear a forte luz das lâmpadas. Movia-se como se os fossem engrenagens enferrujadas. Após testar o novo corpo, decidiu sentar-se, pois a coluna doía de tanto ficar deitado.

Milady sentiu as cobertas tocarem-lhe o rosto e jogou-se no corpo antes mesmo de abrir os olhos. Chorou mais uma vez, os dois choraram. Ela deu-lhe tapas também, por ter sido tão irresponsável. Em um acordo silêncio selado pelo forte abraço, concordaram em nunca mais se separarem.

Explosões, pancadas e uma cacofonia de vozes de uma plateia puderam ser ouvidos no quarto de hospital.

— Milady, vamos lá ver o que é que está acontecendo — disse Hazel. — Me ajuda a levantar, por favor.

Acontece que a gardevoir odiava aquele ambiente hospital tanto quanto ele e não confiava naquela gente, tanto quanto ele... Apoiou o amigo no ombro e saíram. Os enfermeiros tentaram impedir. Mas nada fizeram diante do olhar psíquico da pokémon.

No lobby, uma roda de pessoas cercava dois pokémon batalhando. Um wartortle e uma bayleef.

— Só podia ser ele — disse Hazel.

— Crianças, crianças, é proibido batalhar no hospital! — tentavam dizer uma enfermeira. Ah, se a Doutora Joy estivesse ali.

— Bayleef, Leech Seed! — gritou o treinador dela.

Soldado sentiu as vinhas drenadoras de HP envolverem a pele encouraçada. Não obstante, ele entrou no casco, girou e atacou a bayleef.

— Razor Leaf!

A pokémon balançou o longo pescoço e as afiadas folhas voaram como shurikens em direção de Soldado. Em vez de tentar desviar do ataque, o wartortle, ainda no casco, recebeu o golpe e continuou a avançar, encontrou-se atrás da bayleef, montou-a, como se fosse um tauros e mordeu-lhe a cabeça com toda força.

Fora de combate.

Soldado desafiou a plateia e esperou pelo próximo adversário.

— Soldado! Soldado! — O grito quase não era um grito.

As pessoas abriram caminho para Hazel e os dois se jogaram nos braços um do outro.

— Eu te vi batalhando. Foi incrível!

O pokémon baixou a cabeça..

— Ainda tá se sentindo assim? — disse ele, passando a mão nas orelhas fofinhas dele. — Você só e é culpado por se sentir culpado, quando não deveria estar se sentindo culpado, porque a culpa foi minha... Quer se redimir? Isso que quer?

Soldado olhou para cima, de canto de olho, viu Milady encarando-o. Fez que sim com a cabeça.

— Você vai me ajudar a insígnia do ginásio dessa cidade, então — Ficou em pé, ajeitou a postura e prestou continência. — Entendido, Soldado?

Os seus olhos brilhavam. A plateia assistia a tudo com um espírito de luta crescente. Soldado fez a saudação e rugiu, como um charizard.

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Milady roubou uma cadeira de rodas e colocou Hazel nela.

— Depois a gente devolve — disse Hazel.

Quando não os seguranças não eram enganados, eram ameaçados, assim, passaram pela equipe de funcionários do hospital sem problemas.

Na rua, Hazel perguntou o caminho para as pessoas e Milady levou-o até o ginásio. O wartortle seguia uma distância segura da fúria da gardevoir.

As paredes do ginásio eram feitas de rocha, meio amarronzada com um brilho cobreado ao sol. A entrada era um buraco de caverna, nada muito especial ou espalhafatoso, simples e robusto, como os pokémon do tipo pedra. Forrest, irmão mais novo de Brock, ouviu os passos do desafiante e continuou sentado, de olhos fechados, meditando. Milady empurrou a cadeira. Preocupava-se com o estado de Hazel, mas jamais ficaria no caminho entre ele e o sonho de tornar-se mestre pokémon.

Como o irmão, Forrest, de uns 18 ou 19 anos, tinha o corpo definido, todavia, era mais magro. Aos seus pés, descansava um rhyperior, imóvel, parecia nem respirar.

— Quem vem desafiar o líder da cidade de Pewter? — perguntou Forrest.

— Meu nome é Hazel, essa é a minha amiga Milady... — Sentiu um aperto de Milady no ombro e olhou para cima. "Não ouse apresentar aquele pokémon fraco e muito menos usar ele em batalha". — e aquele vindo lá atrás é meu amigo Soldado. Podemos começar a batalha?

O líder olhou-o de cima a baixo.

— Por que está vestindo um macacão de hospital?

— Saí de lá agora, me deram alta hoje, o que não me impede de derrotá-lo.

Forrest sorriu e caminhou até a arena. Rhyperior veio atrás com suas passadas de tremer a terra.

— Aprecio sua determinação Muito bem, eu aceito seu desafio. — As luzes se acenderam com um bater de palmas. — Três contra três, ganha o treinador com o último pokémon em pé.

— Eu não preciso de três pokémon — disse Hazel, apontando para o extremo sul do campo de batalha. A gardevoir empurrou-o até lá. — É a sua vez, Milady.

— Uma gardevoir, hein? — disse, tirando a pokébola do cinto. — Eu escolho você, Steelix!

Saiu da pokébola a cobra de metal, alta como um prédio e com um rugido tão potente que podia derrubar um.

Uma juíza se posicionou no centro e balançou os braços, como se desse largada numa corrida.

— Milady, Calm Mind!

A gardevoir fechou os olhos, respirou fundo, e ela sentiu o ataque especial e a defesa especial aumentar dentro de si.

— Steelix, Stealth Rock!

Steelix girou uma das seções metálicas do corpanzil e pequenos rochedos espalharam-se pelo campo, não afetando o adversário, pelo menos, não naquele turno.

— Milady, Calm Mind mais uma vez!

Forrest deu uma risadinha. Era uma estratégia All-in-one, mas o adversário deveria ter esquecido que ataques do tipo aço eram superefetivos contra a gardevoir.

— Steelix, Iron Tail!

A cobra de ferro avançou em câmera lenta, afinal, era preciso muita força para mover o corpo enorme.

— Milady, Calm Mind — repetia Hazel.

Milady tremia ao sentir o poder que corria pelas suas veias, porém, o espírito era sereno. Hazel não era louco de deixar a amiga receber um ataque direto daquele e Forrest não contava com a velocidade dela.

— Desvie-se e ataque com tudo com um Shadow Ball! — gritou Hazel, pulando da cadeira e socando o ar. — Ai, ai, eu não devia ter feito isso.

Milady fez melhor que desviar. Utilizando-se do poder psíquico, ela parou a cauda do Steelix, saltou com toda graciosidade, reuniu a energia fantasmagórica numa esfera, que passava do seu tamanho em diâmetro, e mergulhou no ar contra o inimigo. O ataque fez contato, consumindo tudo ao redor deles numa grande explosão.

— Steelix, não! Use Dig!

Até para cair o pokémon foi lento. Alongou o pescoço ou corpo para os céus, olhou para as luzes e tombou de lado.

— Steelix está fora de combate, o ganhador da batalha é Hazel e sua Milady — disse a juíza.

CONTINUA NO PRÓXIMO EPISÓDIO... 

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Ando muito deprimido/ocupado esses dias. Desculpa pelo atraso. Espero que o meu humor não reflita na qualidade do capítulo. Críticas, sugestões ou o que quiser são bem-vindos! 

Pokémon Hazel I: O Charizard Sem AsasOnde histórias criam vida. Descubra agora