Episódio 18 - Blair Company

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— Uma batalha tripla, hã? — disse Hazel. — Milady, Soldado, a frente. — Nunca na vida havia participado daquele tipo de batalha, aquilo era coisa de Unova. Todavia, estava confiante.

— Aggron, precipite sobre eles com Heaby Slam! — ordenou Nilo. — Dragonair, Dragon Dance. Raichu, Thunder Punch no wartortle.

O primeiro a se mover foi o veloz Raichu, surfando em sua cauda, fez zigue-zagues pelo ar e aproximou-se com seu punho eletrizado. Mas a mesma força psíquica que o fazia voar dava a ele uma nova fraqueza.

— Milady, Shadow Ball.

A gardevoir, para fazer graça, girou no próprio eixo, deixou que o aggron passa-se por ela e, enquanto fazia o movimento, concentrou o ataque nas mãos e arremessou-o no Raichu.

— Rai, rai, rai — disse o pokémon ao ser acertado e jogado contra a parede.

— Mais uma vez! — gritou Hazel.

Não podendo atingir os dois, Aggron focou-se no wartortle.

— Dragonair, Outrage na gardevoir! — disse o oponente.

Os calmos olhos azuis do pokémon brilharam vermelhos, como o fogo que queima e alastra sem ver a quem ou o quê. Tal fogo tomou forma numa rajada de pura energia... Milady nem se importou, deixou o raichu fora de combate com a Shadow Ball e esperou o ataque do Dragonair. O fogo envolveu seu corpo, mas não queimava, estava intacta, poderosa e duas vezes mais glamorosa.

— Maldição! — disse Nilo, amassando a boina e pisoteando-a.

— Soldado, passe por debaixo das pernas do Aggron usando Rapid Spin e use o Fake Out, depois Bubble — disse Hazel. — Milady, finalize aquele dragonair com Moonblast.

A instrução era complexa, mas a forma como treinador não preocupou-se em dar-lhe detalhes mostrava sua confiança nele. Soldado entrou na concha e deslizou pelo solo rochoso. Aggron tentou agarrá-lo e acertá-lo com um Iron Tail, mas o wartortle foi mais rápido, usou a mesma cauda para escalá-lo, espalmou-o com o Fake Out, saltou e acertou as costas da besta com uma rajada de bolhas.

— Faz alguma coisa, seu dragonair vai perder — disse Morris, empurrando o braço do homem.

— Eu que posso fazer, senhora? Dragonair conhece apenas Outrage, Dragon Dance, Rest e Sleep Talk, o conjunto de movimentos recomendado. Sem eviolite, ele não resistirá um golpe sequer e se atacar o wartortle, acertarei Aggron.

Enquanto perdia tempo com sua conversa fiada, a gardevoir destruiu a cobra dragão rosa com um moonblast de abalar a estrutura da caverna. Milady soprou o pó de fada das mãos e andou devagar em direção do gigante de aço.

Petilil chacoalhou-se no colo de Kalina. Esta a apertava, assistindo apreensiva a luta.

— Desculpa, Lil... Será que aqueles dois vão ficar bem? — disse, referindo-se tanto a Hazel e seus amigos, quanto o dragonair e o raichu caídos.

— Para com isso, Kalina. Eles são nossos inimigos — disse Hazel, com um fogo nos olhos mais quente do que o Outrage do Dragonair. — Milady e Soldado, ataquem com tudo com Shadow Ball e Bubble!

Por não querer desapontar Hazel, apenas por isso, Milady esperou que Soldado saísse do caminho, arremessou a esfera negra e arrumou os cabelos verde-água, deu mais atenção para o último ato do que o outro, visto que tinha a certeza da vitória. Soldado encheu os pulmões de ar e deu seu melhor para cuspir uma rajada de bolhas.

Aggron virou-se e recebeu os ataques bem no meio do peito. Suas defesas eram uma das melhores do mundo pokémon, todavia, ataques especiais eram seu ponto fraco, os aquáticos mais ainda. A armadura não resistiu aos golpes e o guerreiro caiu.

— Retornem — disse Nilo, fazendo os lábios sangrarem. — Roubastes, garoto! Roubastes, biltre miserável!

— Como eu roubei? Não me culpe por usa incompetência — provocou Hazel.

Nilo tirou um canivete do bolso e ameaçou ir prestar contas pessoalmente com o menino.

— Calma, calma. Ainda temos isso — disse Morris, tirando do bolso um equipamento do tamanho de uma pokédex.

— Isso, aumente a frequência ao máximo — disse ele, girando o botão do aparelho até o fim. — Agora verás a nossa verdadeira força, garotos. Vós não tendes chances diante da tecnologia da Blair Company e nosso intelecto superior.

— Cala a boca, Nilo. Quer estragar tudo? — disse Morris, manchando a calça branca do homem com um chute com a sola do sapato.

— Blair... — disse Hazel para si mesmo. — Não, não pode ser. Não tem como esses dois imbecis serem da Blair.

A mulher segurou o aparelho a frente do corpo, segurou uma argola, semelhante a um pino de granada, e puxou com toda força. Seis peões soltaram-se, giraram num padrão em estrela, tão rápidos que pareciam borrões.

— Agora! — disse ela, apertando um botão.

Um som como o de um apito reverberou por todo o Mt. Moon. Os humanos nada sentiram, apenas os pokémon. Soldado e Milady taparam os ouvidos com as mãos, Kalina fez isso por Petilil. De repente, ouviram-se passos vindo de todos os lados, passos leves, passos pesados, passos rápidos. Sandshrews e Sandslashs brotaram do chão, os zubats voaram em enxame para dentro da caverna, os paras e parasects rastejaram seu caminho, todavia, o que impressionava mesmo era o número de clefairies, algumas delas carregavam picaretas e vestiam capacetes com luzes neles.

— O que é isso, Hazel? Eu não estou gostando nada disso — disse Kalina.

— Captura predatória, é tecnologia roubada e adaptada dos Pokémon Rangers — disse Hazel, como se fosse um especialista. Deu um passo para trás, apoiou-se no ombro de Kalina e sussurrou em seu ouvido. — Não ouse dizer nada. Vou negociar nossa saída.

— O quê? Eu já vi você vencer o dobro de pokémon, não que eu goste disso... O que houve? Você não está vendo que eles estão explorando as minas e esses pobres pokémon? Olha só pra eles sendo forçados a trabalhar.

— Eu me importo com os pokémon mais do que ninguém, mas me importo mais com nossa segurança, com Milady, Soldado, Petilil, com você. Kalina, me ouça, por favor, essa gente arruinou minha vida, você não tem ideia do tipo de coisa que eles são capazes de fazer. Vamos fugir, é melhor assim. As autoridades não vão fazer nada também, provavelmente já foram compradas.

— As policiais Jenny nunca fariam isso!

— Elas não, mas seus superiores sim. — Hazel via o exército terminar de se organizar com apreensão. Chamou Milady e Soldado mais para perto. Com olhares, Hazel e Milady entenderam-se e concordaram na melhor solução. — Por favor, eu faço qualquer coisa, te dou o que quiser, só fica quietinha e me siga. Tudo bem, Kalina? — Segurou os ombros dela e obrigou ela a olhar em seus olhos.

— Ai, me solta, tá doendo.

— Tudo bem, Kalina? — repetiu.

— Tá bom, eu entendi — disse, lábios tremendo, o queixo apoiado na cabeça da Petilil.

Do meio do bando de clefaries saltou uma conhecida deles: a clefairy ladra que os trouxe ali. A eviolite pendia do cordão e as orelhas pontudas sangravam.  

CONTINUA NO PRÓXIMO EPISÓDIO... 

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Espero que estejam apreciando a presente história. Se, por ventura não inconveniente, seria deveras gentil de vossa parte um comentário, uma sugestão ou uma crítica. Grato. 

Pokémon Hazel I: O Charizard Sem AsasOnde histórias criam vida. Descubra agora