Episódio 2 - Soldado se apresentando ao serviço!

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- Tem certeza que não vai levar nenhum? - disse o Professor. - Eles passaram a vida toda esperando por isso. Olha para a carinha deles.

De fato, os filhotes eram a fofura em pessoa, ou, a fofura em pokémon. Bulbassaur brincava com a cauda flamejante de Charmander, enquanto o Squirtle esperava imóvel, como um militar a espera de ordens, doido para ser escolhido.

- Bem que eu queria levar todos eles, mas como eu disse antes...

- Squirtle, squirtle.

- Oh! Parece que ele gosta de você - disse Daisy.

Aquele era um pokémon de coragem. Peito erguido, postura quase tão boa quanto a de Milady, atitude e confiança.

- Hm... Milady? O que acha? - perguntou Hazel.

A gardevoir virou o rosto e apontou com a cabeça para a saída. O squirtle pulou da bancada e pousou à frente dos pés do treinador.

- Desculpa, amiguinho. Tenho certeza que outro treinador ou treinadora vai adorar ter você no time deles - disse, acariciando a cabeça do pokémon.

Squirtle deu uma investida nele. Gardevoir precipitou-se para fritar-lhe os miolos, mas Hazel impediu-a.

- Tá mais do que claro que ele quer ir com você - disse Daisy. - Deixa de ser teimoso. Esse é o procedimento padrão, você não tá fazendo nada de errado.

- Acontece que tem que ser um acordo entre eu e Milady.

O pokémon d'água bateu no peito com os bracinhos e apontou para a gardevoir.

- Ele quer uma batalha - traduziu o professor.

Milady fez um barulho, como se risse da cara dele, ao mesmo tempo que aceitava o desafio.

*

O campo de batalha ficava nos fundos do laboratório. O desenho de uma pokébola marcava o centro da quadra e linhas brancas, os limites dela. Ao redor deles, reuniram-se os diversos pokémons dos treinadores, que foram mandados para o laboratório. De todos os tipos e regiões, não era possível citar todos, mas os que se destacavam eram o snorlax de antes, um metagross, um salamance, um marchomp e um lucario.

- Essa é uma batalha de um contra um, perde quem sair do campo de batalha ou ficar fora de combate - disse o Professor Carvalho. - Prontos?

- Hmpf... - disse a gardevoir, o que poderia ser traduzido como "tanto faz".

Squirtle concordou com a cabeça.

- Valendo!

- Milady, ataque psíquico! - gritou Hazel. - Não muito forte. Ele é só um bebê - disse, mais baixinho.

A batalha estava ganha, era mais rápida que o filhote, um golpe seu e ele ficaria confuso por mais de duas semanas. Jogou o cabelo para trás e levanto o braço direito. Estava prestes a atacar o oponente, todavia, ela não contava com um golpe prioritário. O squirtle avançou, saltou e fechou as palmas ao redor do rosto da inimiga.

- É um fake out? Como assim? É impossível ele saber esse ataque - disse o treinador.

- Deve ser herança dos pais dele - disse o professor.

Milady não esperou o comando, furiosa, com as bochechas avermelhadas, evocou a lua e explodiu o ataque do tipo fada no pequenino. Os olhos viraram dois redemoinhos.

- Squirtle está fora de combate. A vitória é de Hazel!

A gardevoir fulminou com o olhar o professor.

- É... e de sua gardevoir, Milady - completou.

- Ele te pegou de jeito, hein, querida - disse Hazel, tocando-lhe os ferimentos. Ela devolveu a gentileza com um tapa, dos dois lados do rosto. Agora, eram iguais. Milady riu. - Você não tem jeito mesmo. - E gargalhou junto da amiga.

Daisy "reviveu" o squirtle, aplicou o spray nos arranhões, fazendo com que fizesse cara feia. Apesar de curado, o espírito fora destruído, caiu no chão e enterrou o rosto na grama.

- Awwn, não fica assim, amiguinho - disse ela, batendo no caso dele. - Toma, Hazel - disse, arremessando o frasco pela metade.

- Como eu posso dizer... Milady não aceita sobras de nada. Não tem um potion novo aí? Eu te pago agora mesmo - explicou Hazel.

- Até eu tenho que concordar que você mima demais essa sua pokémon. Não é bom pra ela e nem pra você - disse o professor, cruzando os braços e balançando a cabeça em sinal negativo.

- Ah, que isso? Ela merece. Depois de tudo que fez por mim, eu faço é pouco. - Sorriu e recebeu em troca apenas uma revirada de olhos e uma mão na boca, que ele achava que era de desprezo, mas, na verdade, era para esconder o sorriso. - O que acha dele? Abre uma exceção, vai. Quanto mais amigos, mais divertido vai ser.

Milady olhou para cima e concordou, abanando a mão, como se dispensasse um empregado. Sabia que não poderia ser a única para sempre, mas também sabia que era e sempre seria a preferida de Hazel, afinal, não queria abrir mão de seus privilégios: a ração de primeira qualidade, os poffins, os chás, as berries mais frescas e os acessórios estilosos. Não era, porque ela tinha medo do amigo esquecer dela, nem nada assim.

- O que me diz, Squirtle? - Hazel estendeu a mão. - Já vou avisando que não vai ter moleza pra você não, soldado. Se quisermos nos tornar mestres pokémon, temos que treinar muito.

O pokémon virou o rosto, tinha lágrimas nos olhos castanhos e os lábios tremiam. Era tudo o que mais queria, levantou-se e se jogou nos braços de Hazel, que já era muito seu amigo.

- Como vai ser nome, soldado? - Segurou o queixo e pensou por um segundo. - Taí, pode ser Soldado mesmo. tudo bem pra você?

Soldado assentiu com a cabeça, aconchegou-se no colo do treinador, pulou de volta pro chão e apresentou-se para o serviço.

- Bem-vindo ao time, Soldado! - disse Hazel. Deu uma cotovelada de leve na amiga, que o ignorou. - Não liga pra ela. Um dia, vocês vão se dar bem... Eu acho.


CONTINUA NO PRÓXIMO EPISÓDIO...

Pokémon Hazel I: O Charizard Sem AsasOnde histórias criam vida. Descubra agora