Episódio 3 - Rocky

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Fazia uma manhã ensolarada na cidade de Pallet, Hazel, Milady e o novo membro do time, Soldado, caminhavam por uma encosta montanhosa salpicada de árvores de folhagem densa e cheia, como nuvens. Spearows voavam no horizonte e a mata fechada ressoava o grito dos pokémons. O pequeno tinha dificuldades de escalar e ficava para trás.

— Quer voltar para a pokébola? — perguntou Hazel.

O squirtle virou a cara.

— Quer que eu te carregue?

Virou a cara mais uma vez. Se Milady podia caminhar ao seu lado, por que ele também não podia?

Hazel e Milady pararam no topo de um monte e olharam para a cidade lá embaixo. O treinador respirou o ar da manhã, ainda gelado e úmido.

— Finalmente um tempo só pra gente — disse ele. — Não que eu não goste do professor e da Daisy, mas eu já tava cansado de tantos humanos.

Milady apontou para a mochila e Hazel entendeu tudo. O garoto sentou-se de pernas cruzadas no chão, colocou a mochila no colo, tirou da bolsa uma garrafa térmica, serviu um pouco de chá numa bonita xícara de porcelana e deixou ela de lado para esfriar.

— Senta logo! O chão tá limpo.

A gardevoir abaixou-se, como se executasse um passo de balé, e sentou-se sobre as pernas.

Soldado chegou ao topo do monte apenas naquele momento, viu uma xícara de chá esperando por ele e logo tomou tudo num gole só.

— Soldado...

Foi tarde demais, os olhos róseos da gardevoir se iluminaram, uma aura azulada envolveu o squirtle e ele foi levitado até o limite da montanha. Abaixo, uma queda de cinquenta metros o encarava. Contorceu-se todo e implorou pela vida.

— Milady, por favor, para com isso. Ele não sabia que o chá era seu — disse, levantando os braços, muito cauteloso aos movimentos bruscos.

Com um mover de pupilas, ela jogou-o para trás e deu uma risadinha — o pobre teria de escalar tudo de novo. Hazel desceu o barranco aos saltos e pegou-o nos braços antes que rolasse até lá embaixo.

— Parem de brigar vocês dois! — disse Hazel, tentando parecer nervoso, mas não conseguindo.

Beberam o chá e comeram uns biscoitos, Soldado desafiando Milady e ela esnobando-o.

— Olha, Soldado, Milady e eu somos pessoas... hã, quer dizer... somos seres que gostam de silêncio e privacidade. Mesmo que não hajam pessoas aqui, tá cheio de pokémon.

O squirtle fez cara de interrogação.

— A gente vai limpar essa área aqui até o entardecer, tá me tendendo?

Bem devagar, ele assentiu com a cabeça. Certo... Um bando de spearrows enorme, todos aqueles pokémons insetos e mankeys pendurados nas árvores, os ratatas escondendo-se na mata alta... Todos eles?

— Muito bem, Soldado, sentido!

Inflou o peito e fez reverência.

Para começar Milady estendeu o braço e arremessou uma esfera escura numa das árvores. Três beedrills voaram e mais de uma dúzia de weedles saltaram sobre ela.

— Milady, Moonblast!

O cristal do peito da gardevoir emitiu uma forte luz cor-de-rosa e uma explosão de brilho e esplendor atingiu os pokémon... Não sobrou um consciente.

Os dois tinham a perfeita sincronia, Soldado ficou até tonto de tantos oponentes que viu caindo ao redor deles. Nunca tinha visto um treino normal, mas pode ter certeza que aquele não era um deles.

Pokémon Hazel I: O Charizard Sem AsasOnde histórias criam vida. Descubra agora