Episódio 19 - Missão

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"Qual a sua missão como curandeira pokémon?".

Kalina ameaçou correr para socorrer a clefairy, mas Hazel a agarrou pelo braço.

— Não podemos fazer nada — disse ele.

— Me solta, Hazel! — gritou ela, tentando se livrar da mão dele. — Petilil, Stun Spore! — disse, jogando a pokémon no ar, como se fosse uma bomba.

A intenção nunca foi paralisá-lo, apenas criar uma distração. Ele protegeu-se esperando o pó amarelado, mas a única coisa que sentiu foi a pequena petilil pousar em sua cabeça. Kalina já estava no meio do exército. A clefairy tomou um leve susto ao sentir a mão de Kalina em suas costas, pois não pôde antecipar sua chegada devido à surdez. Quis correr ou atacá-la, mas viu nos olhos da humana algo que transmitia confiança.

— Vai ficar tudo bem, Clefairy — disse a curandeira.

Naquele estado, ela não tinha outra opção a não ser confiar na curandeira, que limpou as feridas nos ouvidos e fez curativos. Logo depois, Kalina levantou-se e assumiu a mesma pose da clefairy, mãos na cintura e uma expressão destemida. Petilil saltou para o colo da amiga e a Clefairy entendeu que ela não estava só naquela luta.

O exército de centenas de pokémon silenciou-se ao comando de Morris. As faces deles eram desenhos sem vida feitos nas paredes da caverna. Não tinham raiva, medo ou sentiam-se conflituosos. Ali, só havia a pura servidão da lavagem cerebral.

Morris gargalhou diante da resistência das três.

— Vocês realmente acham que tem alguma chance? Se entreguem, crianças, e talvez eu deixe vocês vivos — disse ela.

— Kalina, vem pra cá — disse Hazel, chamando-a para a saída da câmara.

Mesmo que não conseguisse negociar uma saída tranquila, poderia correr sem problemas, não sem derrotar alguns inimigos pelo caminho, é claro. Milady segurava o braço de Hazel e pedia para que se apressasse, enquanto Soldado escondida a cabeça no casco e balançava para frente e para trás, sem saber o que fazer.

— Com licença, senhora... digo... senhorita. Eu queria pedir desculpas pelo nosso equívoco. Pensávamos que eram mineradores e caçadores de relíquias ilegais, mas está muito claro agora que são de uma companhia séria. Sim, conheço a Blair Company e sei de sua reputação, sempre ajudando a desenvolver a comunidade e ajudando os pokémon. — Hazel sentia o gosto podre das palavras na boca e teve vontade de vomitar e lavar-se com uma escova de aço até que sua pele saísse do corpo. Mas eram só palavras. Tudo por Milady e os outros. — Uma mulher bela, como a senhorita é, deve também ser gentil. Por favor nos perdoe.

— Bela? Gentil? Acha mesmo isso, garoto?

— Ele só está a persuadi-la, Morris. Tu és muitas coisas, mas posso garantir-lhe que não és bela — disse Nilo.

Levou um chute no meio das costas e calou-se.

— Calem a boca! — vociferou Kalina. Todos voltaram-se para ela. — Hã... Desculpa... Desculpa nada, vocês todos são uns idiotas. — Parte dela sentia-se culpada, "idiota" parecia a pior ofensa do mundo, poderia ter machucado alguém... Mas ele precisava saber o que pensava. Apesar de olhar para os vilões, a palavra era dirigida para Hazel: — Nem que eu me machuque, nem que eu dê minha vida, eu não vou deixar que pokémon ou humanos sejam machucados na minha frente. Não pensem que eu tenho raiva de vocês. São vítimas também, podem ser curados. Eu os curarei. Essa é a minha missão como curandeira.

Nesse momento, Soldado saiu do casco e se juntou a elas. As mãos eram coladas ao corpo em posição de sentido e as pernas bambeavam, não pelo exército que enfrentaria, mas por temer desapontar o treinador.

— Ha! Ha! Você e que exército vai nos impedir? — disse a mulher. — Ei, você, garoto, pode ir embora. Vamos deixar essa passar. Já a sua amiga aqui não vai ter tanta sorte...

— Chamou-nos de idiotas e doentes. Quanta insolência. Ataque-os, Morris — disse Nilo.

— Com prazer! — E apertou um botão no aparelho.

Kalina não moveu um músculo, fechou os olhos e esperou o ataque. Os olhos da clefairy se iluminaram e ela moveu os dedinhos de um lado para outro e... uma simples Investida. Soldado atacou com Bublle, derrubou um ou dois sanshrews, mas nada mais pôde fazer.

Hazel olhou para a saída, voltou a olhar para os amigos e depois para Milady. Apenas a ameaça de abandonar eles enfureceu a gardevoir. Ele baixou a cabeça e suspirou.

— Me desculpa... — disse, tetando entrelaçar seus dedos com os dela.

Não era para ela que Hazel precisava se desculpar. Milady tirou a mão e fulminou-o com o olhar. Mas, compreendendo que a origem da covardia era o medo e a vontade de protegê-la, afagou-lhe o rosto e levantou seu rosto pelo queixo, pois "ladies não andam com a cabeça baixa, elas devem olhar para frente, sempre em frente", algo que o amigo lhe dizia numa triste época de suas vidas.

— Acho que não temos outra escolha — disse, sorrindo. A petilil escorregou pela sua cabeça e caiu em seu ombro. Tinha de se apressar. — Petilil, pode me fazer um favor? — A pokémon inclinou a cabeça de forma interrogativa.

Enquanto isso, Kalina e os outros eram atacados. Clefairy era a mais feroz deles, sempre tirando a sorte com o Metronome. A curandeira não podia atacá-los e Soldado estava mais perdido que ela sem o mestre. Ao fundo, encima de uma elevação, riam-se Nilo e Morris, quando, de repente, uma esfera verde-claro é arremessada no ar, bloqueando uma das luzes artificiais da mina.

— Lil! — gritou Kalina.

Petilil franziu as sobrancelhas e chacoalhou a folhagem da cabeça liberando uma nuvem de pó do sono. Na queda ainda, atacou com Leech Seed.

— Soldado, Rapid Spin! — ordenou Hazel, cruzando a linha inimiga e saltando no meio da confusão par agarrar a petilil em pleno ar.

Maravilhado com o amigo, Soldado entrou no casco e girou, criando um ciclone e espalhando mais ainda o Sleep Powder e o Leech Seed sobre os inimigos. Antes de se esborrachar no chão, Milady parou Hazel com o psíquico e o arrastou para o lado dos amigos.

— Hazel! Petilil! — disse Kalina, abraçando os dois. Puxou a pokémon dos braços dele. — Nunca mais use minha amiga para suas batalhas!

Um pouco da energia vital dos inimigos foi sugada para Petilil, que parecia estar se divertindo muito com aquilo. Metade deles dormiam.

Com todo aquele alvoroço, o teto da caverna começou a ruir, o que não impediu a gardevoir de executar... executar não, performar seu ataque. Pedregulhos desabaram e um feixe de luz lunar iluminou a estrela.

— Milady, Moonblast!

A esfera de pura energia passou pelas cabeças de Hazel e Kalina e atingiu em cheio a centena de adversários, derrubando-os como pinos de boliche ou espalhando-os no ar como pipoca a estourar em panela sem tampa.

CONTINUA NO PRÓXIMO EPISÓDIO...

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Gente, desculpa não ter postado quarta-feira. Estive ocupada demais com a semana de provas. Acho que a história já está no meio! Espero que estejam gostando. Bye <3

Pokémon Hazel I: O Charizard Sem AsasOnde histórias criam vida. Descubra agora