Episódio 11 - Hospital

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Os nossos heróis saíam da Floresta de Viridian em direção de Pewter. Hazel andava apoiado no ombro de Milady, que só não o carregava no colo, porque o orgulho do treinador não deixava.

— Está se sentindo melhor, Hazel? — perguntou Kalina.

— Tô. Isso não foi nada.

— Me desculpa por não poder ajudar, minha especialidade são pokémon. Quando chegarmos em Pewter, a gente vai ver um médico.

— Não precisa, eu já estou quase bom — disse, batendo na região do machucado. — Ai, ai.

— Não faz isso — disse ela, levantando a camisa dele a fim de verificar o curativo.

Milady afastou-a com o poder psíquico. Que pouca-vergonha era aquela?

— Calma, Mi... Milady. — "Se eu abreviar o nome dela, acho que ela me mata", pensou.

Estampado na pele, o delineado negro das veias, o veneno se espalhando, contido pela bandagem.

— Pelo menos, não foi em uma extremidade — disse Kalina. — Nós teríamos que amputar.

Milady jogou-a mais longe ainda e, na brincadeira, chutou o wartortle a sua frente. Não existia ninguém que prestasse naquele mundo. Por que as coisas não podiam ser como antes? Se fossem só os dois, aquilo nunca teria acontecido. Chutou Soldado mais uma vez.

— Agora você só está sendo cruel — disse Hazel. — Eu não gosto quando faz esse tipo de coisa, Milady.

Quem era ele para dar ordens? A partir de agora, ele era o humano dela e não ela a pokémon dele. Hazel não tinha capacidade de tomar decisões sozinho, por isso, ficaria para sempre grudado nele. Para todo o sempre!

No limite da floresta com a cidade havia uma vasta planície onde alguns pokémon típicos da fazenda eram criados soltos. Grandes rochas de um tom meio avermelhado brotavam da terra. Na maior delas, de pernas cruzadas, havia um homem apoiado num cajado, de cabelos arrepiados e olhos puxados, admirando a vista.

— Hazel! — disse Kalina, quando ele deu uma cambaleada.

Tudo ficara preto por um segundo, mas ele não admitiu.

— Eu estou bem. Foi só uma tontura.

— Aguenta aí. — E colocou a mão por debaixo do braço dele, servindo de muleta. — Nós estamos quase chegando.

Mesmo que não pudesse ouvi-los, o homem logo soube que se passava algo. Saltou da rocha e correu até eles, ao seu lado, um brincalhão ludicolo.

Milady viu aquela figura barbuda acompanhada de um pokémon palhaço, que dançava, enquanto andava, e sua reação foi atacar, é claro.

— Eu só vim ajudar! Eu só vim ajudar! — disse o homem, desviando-se de um moonblast. Já Ludicolo fez uma dança de desculpas ou algo do tipo.

Os olhos de Milady brilhavam de raiva.

— Milady, ele disse que só quer ajudar — disse Kalina.

— Milady, fique atenta a qualquer coisa suspeita — disse Hazel.

— Assim você não ajuda! — protestou ela. — Fica aí colocando essas suas desconfianças na cabeça dela.

— Ela é minha amiga e eu digo o que eu quiser para ela.

— Crianças, se acalmem. Como eu disse antes, eu vim ajudar. Você tá se sentindo bem, garoto? — disse o homem. — Ludicolo, pode carregar ele?

A gardevoir ameaçou atacar mais uma vez e o pokémon recuou. Soldado quis ser do contra, só porque era Milady e foi arremessado longe por um ataque psíquico.

— Ah, me desculpe por não me apresentar antes. Meu nome é Brock. Olha, eu não sou suspeito, sou um Doutor Pokémon, meu irmão é o atual líder do ginásio e minha mulher é a doutora-chfe do hospital. Eu posso provar, se quiserem. Só o façam rápido, pois o garoto precisa ir para um hospital imediatamente.

Hazel levantou a cabeça. O homem era bem mais musculoso que o Brock que conhecia, mas o cabelo arrepiado, a pele morena e os olhos fechados não deixavam dúvidas.

— Tudo bem, Milady. Ele é confiável. Sr. Brock, eu... — Sentiu a cabeça pesar uma tonelada. — Eu sou... — E caiu nos braços da amiga.

Milady entrou em desespero mais uma vez. Por um lado, era belo a dedicação da pokémon. Por outro, era uma dependência que não fazia bem. Naquele estado de nervos, a gardevoir era tão feroz quanto um houndoom selvagem e tão destrutiva quanto o lendário mewtwo. Kalina entendia agora os avisos de Rose. Todavia, não tinha menos vontade de ser amiga deles e curá-los dos males dos corações.

Como uma donzela em perigo, Hazel foi levado por Milady. Já nas ruas da cidade, uma Policial Jane, que fazia uma ronda, ajudou-os com uma carona em seu carro.

— Enfermeiras, é uma emergência! Venham, venham, rápido! — gritou o Doutor Brock, antes mesmo de passar pelas portas de correr de vidro.

Chanseys e enfermeiros vieram com a maca. Entraram então num gigantesco prédio de pedra de tuas torres, interligadas por diversas pontes, o primeiro hospital de pokémon e humanos do mundo.

A imensidão branca dos hospitais tomou conta de suas vistas. Só haviam uns poucos treinadores fazendo um check-up básico nos pokémon e neles mesmos. O prédio era tão grande, que ele suportava até um lapras num tanque e um ônix, que recebia um polimento na impenetrável pele de pedra.

Adentraram a ala dos humanos. Uma mulher, que se parecia muito com uma enfermeira Joy, só que mais velha e vestida com um jaleco branco, recebeu-os, não parando de correr.

— Qual é o quadro do paciente? — pergunto ela.

— Parece que é envenenamento, querida — disse Brock.

— Sim, é. Um beedrill atacou ele — disse Kalina.

— Eu vou ter que pedir para vocês se retirarem — disse a Joy.

Milady nem ouviu. Sairia de lá só a força. Que experimentassem medir suas forças com a dela.

Fecharam-se numa sala de porta dupla e janelas redondas, como escotilhas de submarino. Kalina olhou através do vidro as enfermeiras trabalhando. Era um paciente dela ali. Só não se preocupava mais com ele do que Milady e Soldado. O último tinha a cabeça dentro do casco e tentava não fazer barulho quando fungava o nariz cheio de meleca ou soluçava.

— Vai ficar tudo bem, Soldado. — Passou a mão nas costas dele e abraçou-o, envolvendo também a pequena Petilil.  

CONTINUA NO PRÓXIMO EPISÓDIO...

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Pokémon Hazel I: O Charizard Sem AsasOnde histórias criam vida. Descubra agora