Kalina, moça insistente que era, seguiu Hazel. Muitos pacientes resistiam ao tratamento, por isso, era preciso ter paciência com eles, ou, amarrá-los às camas e forçar o remédio goela a baixo. Uma hora, já no centro da cidade, ele não aguentou mais:
— Kalina, me deixa em paz!
Ela bocejou.
— Ou vai fazer o quê?
— Eu juro que vou direto para um posto de polícia — ameaçou Hazel.
Soldado e Petilil brincavam no chão.
— Não, você não vai. — Passou o braço ao redor do pescoço dele. — Relaxa um pouco. Vamos ser companheiros de viagem por um tempo, eu tô indo para o mesmo lugar que você.
Os olhos de Milady brilharam e Kalina foi arremessada para o lado com um ataque psíquico, fazendo-a esbarrar num casal de turistas.
— Isso aí, mantenha ela longe — disse Hazel.
— Desculpa, senhor, senhora — disse ela, curvando-se muito e voltando para junto do grupo. — Eu pensei que a gente era amiga, Milady — disse, cruzando os braços, como se a gardevoir se importasse com a opinião dela.
— Não tem pra onde ir não, Kalina?
— Sim, estou indo para o mesmo lugar que você. Já te disse isso.
— Para onde eu estou indo, então?
— Viridian — disse ela, que ouvira a conversa dele com Soldado, antes de ter se revelado.
Vendo que não conseguiria livrar-se da garota tão cedo, decidiu agir como se ela não existisse.
— Vamos, Milady, Soldado. Temos que fazer umas compras antes de partirmos... Infelizmente — disse, já sentindo o rombo na carteira.
Milady sorriu, apertou o braço do amigo e acelerou o passo, afinal, precisava compensar pelas coisas que não comprou enquanto estava naquele navio monótono.
Foram a um shopping todo envidraçado, de piso laminado e ares de alta sociedade. Entravam e saíam mulheres com belos vestidos de verão e chapelões, homens de terno e gravata e pokémon todos enfeitados com coleiras de diamantes e roupinhas chiques. A placa era uma grande masterball, que se iluminava ao anoitecer. Petilil parou em frente à porta automática, deu um pulinho, os sensores capturaram seu movimento e a porta se abriu. Soldado, fascinado com aquilo, fez o mesmo. Hazel e Milady entraram, ainda de braços dados. Haviam muitos casais por ali e de longe poderiam ser confundidos com um, ainda mais com ela apontando para tudo e arrastando-o para lá e para cá. Hazel recebia os piores olhares, mas já estava acostumado com aquilo. Passar vergonha em público não era nada comparado a felicidade da amiga.
— Pera aí, moça — disse um segurança à Kalina. — Não é a permitida a entrada nesse estabelecimento sem calçados. Sinto muito.
Hazel olhou para trás, sorriu e acenou — por que raios ela estava sem sapatos, ele não sabia. Kalina chamou a petilil, a garota olhava para o chão para esconder a cara de choro...
— Argh! — disse Hazel, dando meia volta. — Que número você usa? — gritou ele.
O segurança olhava para as duas crianças, como se olhasse para dois alienígenas.
— O quê?
— Que número você usa? Vou comprar um tênis pra você. Anda, me fala logo.
— Não vou aceitar sua caridade, treinador. — Apesar da discussão, não havia raiva em sua voz, nunca havia.
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Pokémon Hazel I: O Charizard Sem Asas
Fiksi PenggemarEssa é a história de Hazel, um treinador, que acredita que "um pokémon é como um companheiro, um amigo", em suas próprias palavras, por isso, ele se recusa a capturar pokémons contra a vontade deles. Hazel, junto de sua amiga Milady, uma gardevoir...