"O Trono e a Espada"

Capítulo 6

Durante todo o resto do dia eu passei no meu quarto, a tarde, Miranda passou para me ver, e disse que estava preparando um enxoval de novos vestidos para mim, essa notícia me alegrou um pouco. Pego o diário de minha avó e começo a ler, percebo porém que havia uma página, em todo o diário, escrita com um outro tipo de tom de caneta, isso até passaria despercebido, mas com trezentas páginas com a mesma tinta, e apenas uma diferente, me faz pensar que minha avó talvez tenha escrito ela assim para realmente dar algum ênfase.

Diário de Noêmi Jezelia Heleonora de Florence

De todos o males você é o maior
De todos os Reinos, o menor
Dentre tantas rosas negras
A nossa ainda está vermelha
Pulsando o sangue, que você quis derramar
Ó grande reino, ó reino maior
De tantas espadas
A nossa é a melhor
Pelo canto da cozinha
Caminha minha linda princesinha
Não sei se ela se tornará rainha
Mas com certeza seu reinado de ódio
Não permanecerá

As palavras escritas pela minha avó fizeram meu coração acelerar, isso sim era uma pista! Ali possuiam enigmas, mas é claro que minha querida avó não escreveria nada explícito demais. O que seriam rosas negras? Quem era a princesinha que ela não sabia se iria se tornar rainha? Princesinha, me lembro que esse termo já foi usado alguma vez, não por mim, mas sim pela minha mãe, preciso muito saber quem é essa princesinha. Saio do meu quarto e vou até a sala da minha mãe. Bato na porta e ela se abre para mim.

-Sim filha, o que queres?
Minha mãe pergunta.

-Quero conversar apenas mãe.

-Pode falar filha, o que te aflinge?

-Não verdade eu queria falar sobre Selena.

Ao ouvir sobre minha irmã, minha mãe se ajeita na cadeira e faz um sinal para que eu me sente.

-O que quer saber sobre a sua irmã?

-Como ela era?
Pergunto.

-Ah filha, sua irmã era quietinha, bem diferente de você e seus irmãos. Ela costumava usar apenas vestido brancos, parecia um anjo. Quando ela nasceu foi um dia muito feliz, nossa primeira filha.

Minha mãe falava e sorria ao mesmo tempo.

-Como ela morreu mãe?
Minha mãe suspira.

-Fizemos uma viagem, o reino para o qual fomos não estava muito bem, mas mesmo assim eu a levei, nessa viagem ela ficou muito doente, eu e seu pai voltamos rápido para o palácio. Mas já era tarde, depois de três dias ela faleceu com pneumonia.

Minha mãe falava com uma voz triste, eu apenas escutava, atenta a suas palavras.

-Saber que eu não poderia mais vê-la era um castigo para mim, todo o reino ficou abalado, mas após algumas semanas eu descobri que estava grávida de seu irmão Ezeque. Aquilo foi como um presente para mim. Eu sentia que Selena estaria ganhando um irmãozinho, mesmo sem poder conviver com ele, mesmo sem poder estar com ele.
Ela falava e eu me emocionava a cada palavra.

-A morte dela deve ter sido muito dolorida.
Falo suspirando.

-Ela foi mesmo, mas isso significava que ela estaria melhor assim, minha princesinha agora estava livre.

Então Selena era a princesinha!Eu sabia disso, ok, agora falta saber o que são rosas negras, ou melhor, quem são.

Me levanto e abraço minha mãe, sinto que ela precisava disso, assim como eu.

-Sabe mamãe, ontem fez 17 anos.

-Pois é minha filha, mas como você sabe o dia?

-Vovô uma vez me disse e eu nunca mais esqueci.

-Ah sim.

-Onde vovô está mãe?
Pergunto curiosa.

-Não sei filha, pergunte para um dos guardas, eu sinceramente não sei.
Faço um sim com a cabeça, me despeço de minha mãe e vou atrás do meu avô.

Se estou um pouco chocada por saber que Selena é a princesinha? Estou! Mas tenho certeza que ficarei ainda mais quando saber sobre as rosas negras. Pergunto para um dos guardas onde está meu avô, ele me diz que ele está no salão principal. Enquanto eu estava correndo até o salão principal, não percebi que o chão estava molhado pois as criadas estavam o limpando, então eu acabei escorregando e caindo de bunda no chão. Rapidamente um dos guardas, veio e me ajudou a levantar. Ele era alto e forte, possuía um cabelo loiro, cílios grandes e olhos azuis.

-Vossa alteza se machucou?
Ele me pergunta.

-Não, estou bem, isso que dá a pressa.
Sorrio meio envergonhada. Desvio meu olhar e olho para suas mãos, e então vejo um anel de noivado.

-Você está noivo?
Pergunto e rapidamente me arrependo.

-Estou sim.
Ele da uma risada meio sem graça.

-Me desculpe pela pergunta, muita falta de educação a minha.

-Sem problemas vossa alteza.

-Bom, então vou indo, obrigada pela ajuda soldado...

-Mindley.
Ele completa.

-Obrigada soldado Mindley.

Ele me faz uma referência e eu saio, agora andando, até o salão principal. Ao abrir a porta, vejo meu avô lendo alguns documentos.

-Lia minha querida, como está?
Ele me diz ao me ver.

-Estou bem vovô, melhor agora. Como foi a viagem?

-Foi ótima, os campos de Florence são muito bons.
Ele responde.

-Vô, eu estava lendo um livro, que falou algo sobre rosas negras.
Falo logo de cara.

-Que livro?
Ele pergunta intrigado.

-O livro não importa vovô, quero saber o que são rosas negras.

-Rosas negras são termos ultilizados para princesas que morreram.

Ao ouvir essa resposta sinto meu coração começar a pular dentro de mim, quero gritar, mas não posso. Apesar de confiar muito em meu avô não quero arriscar, então dou uma justificativa a minha pergunta.

-Agora faz mais sentindo, eu estava lendo um livro sobre a morte de algumas pessoas, e em um dos capítulos o nome era Rosas Negras.

Meu avô parecia satisfeito com minha resposta, ele não questionou mais nada, fiquei conversando com ele mais um pouco, porém subi rapidamente para meu quarto após sair do salão principal, peguei uma folha qualquer do meu diário e copiei o poema enigmático de minha avó, porém, com o significado de algumas coisas agora revelado.

De todos o males você é o maior
De todos os Reinos, o menor
Dentre tantas rosas negras (princesas morta)
A nossa ainda está vermelha
Pulsando o sangue, que você quis derramar
Ó grande reino, ó reino maior
De tantas espadas
A nossa é a melhor
Pelo canto da cozinha
Caminha minha linda princesinha
(Selena)
Não sei se ela se tornará rainha
Mas com certeza seu reinado de ódio
Não permanecerá