Capítulo 23

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Cheguei ontem e já voltei para minha rotina normal, agora por exemplo, estou calçando meus sapatos, não estou atrasada, mas também não estou pontual. Tudo por causa desses sapatos. Eu queria coloca-los, mas até achar, talvez eu tenha passado um pouco do horário.

-Quer ajuda?
Miranda pergunta.

-Não, já terminei, obrigada Mi.

Ela assente com a cabeça e dá um leve sorriso.

Eu termino de calçar os sapatos, me levanto da cama, saio do quarto e vou em direção a escada principal. Quando já estou na metade consigo ver minha família sentada a mesa, tomando café da manhã.

-Bom dia pai, bom dia mãe, Ezeque e Sebastian.
Digo para os meus pais e meus irmãos. Todos eles respondem com um "Bom dia", e o único que não falou com desânimo foi Sebastian, óbvio.

-Pai, cadê o vovô?
Pergunto após tomar um gole do meu suco.

-Saiu logo cedo, não disse para onde, apenas saiu.

-Ata.

Meu avô faz isso as vezes. Acho que ele "foge" porque hoje ele não tem mais que cuidar de tudo, ou porque minha avó não está aqui. Acho que pode ser às duas coisas também.

-Mamãe, já pensei, quero torres de chocolates, mas dessa vez uma em cada canto do salão! Ninguém vai poder pegar delas, vão ser só para mim!
Sebastian fala animando.

-Claro que não Sebastian, uma em cada canto é exagero, e nada de se empanturrar de chocolate, depois você passa mal e não aproveita nada.

Minha mãe responde.

Demoro um pouco para entender o que Sebastian está falando, até que me lembro do seu aniversário. Sebastian faz aniversário antes de mim e Ezeque. Ele faz dia 05 de Novembro, Ezeque dia 27 de Dezembro, e eu dia 09 de Janeiro.
Nem me pergunte sobre como minha mãe conseguiu fazer isso, porque quando chega Novembro, o palácio fica movimetadíssimo, por causa dos nossos aniversários e por conta da festa de ano novo.

-Ainda faltam duas semanas Sebastian.
Ezeque fala como se duas semanas fossem dois meses.

-E é por isso que ele tem que começar a pensar logo ué, a festa é dele, o aniversário, tudo!
Eu falo olhando para meu irmão.

-O que você quer de presente esse ano meu filho?
Meu pai pergunta.

-Um irmão.

Ezeque começa a tossir e se engasgar com um pedaço de bolo, minha mãe solta os talheres, que caem no chão e eu olho abismada para Sebastian.

-Filho- meu pai limpa a garganta - você já tem irmãos, por que quer mais um?

-Por que eu sou o número ímpar papai, o senhor tem a mamãe, a Lia tem Ezeque, e eu não tenho ninguém.

Meu coração para. Óbvio que ele não contou com meu avô por que ele sabe que meu avô não pertence a mais ninguém a não ser a minha avó, mesmo que ela não esteja mais aqui. Ele não se sentiria assim se Selena estivesse aqui. Nem sei se ele sabe que ela já existiu, mas de qualquer jeito esse pedido dele me partiu o coração.

Olho para minha mãe, ela está imóvel, respirando fundo, piscando rápido para conter as lágrimas, com certeza ela está pior que todos nós aqui.

-Filho, você não está sozinho, estamos todos aqui por você.
Ela diz tentando parecer calma.

-Exatamente Sebastian, quando você quer brincar, ou andar de cavalo você sempre me chama e eu vou com você. A mamãe já não pode mais ter filhos, já passou da idade.
Eu falo tentando soar engraçada.

"O Trono e a Espada"Onde histórias criam vida. Descubra agora