Capítulo 34

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-Eu gostei do seu primo.
Disse para Mathew depois de nos despedirmos da família de Valter.

-Ele estava dando em cima de você!
Mathew fala.

-Ah, não foi bem isso.
Falei mentindo.

-Aham. -Ele fala irônico.- Estou até feliz que eles tenham voltado tão rápido para Genevier. Obrigada irmã da Karine que infartou!

-Credo Mathew! Que horrível.
Falei olhando pasma para ele.

-Ela não morreu.
Ele se defende.

-Nem ela nem Selena.
Completo.

Ele para então de andar pelo jardim e se coloca na minha frente.

-Você precisa voltar.

-Não agora.
Completo.

-Vem, vou te mostrar uma maneira de colocar isso pra fora de uma vez.

Ele então pega em minha mão e,
me leva até o fim do palácio, lá ele adentra no meio dos arbustos. Fico sem entender nada, mas continuo o seguindo. Chegamos então numa parte com uma pequena lagoa, cercada de flores e arbustos com alguns bancos ao seu redor.

-Que lugar é esse?
Pergunto sem entender nada.

-Meu esconderijo. Meu pai deu de presente para minha mãe, e eu sempre vinha aqui com ela. Hoje porém, eu venho apenas quando preciso pensar.

Ele fala se sentando a beira do lago, e eu me junto a ele.

-Olhe firmemente para esse lago, e diga tudo o que você precisa falar. Todos os seus medos, inseguranças e planos. Minha mãe dizia que ele tem a força de um espelho, reflete tudo ao seu redor.

Olho então para o pequeno lago. Ele está totalmente parado, mas parece transmitir uma movimentação diferente dentro de mim. Respiro fundo e começo a falar.

-Não estou com medo. Estou com raiva. Uma raiva acumulada que se misturou com outras coisas dentro de mim. Raiva de não ter tido minha irmã perto de mim, raiva de saber que ela está viva e eu não sabia, raiva porque hoje eu vejo que minha avó tentou me dizer sobre Selena mas eu nunca entendi. Raiva porque existem centenas de rosas negras em nossa história, raiva de Invictus, raiva de Ezeque, raiva de mim mesma, raiva de Gulliver.
A última palavra digo bem baixinho para que somente eu escutasse.

Mathew não estava me olhando, estava olhando para o lago, e parecia me escutar atentamente.

-E o que você vai fazer com essa raiva?
Ele pergunta.

-Sinceramente Math, eu não sei muito bem. Eu quero voltar, quero mudar isso. Só não sei como. Estou me sentindo diferente. Eu sempre quis o trono, mas isso não está mais importando agora sabe? Quero ver minha família livre.
Respondi.

-Então volte Lia. Fale com a sua irmã, vá para a festa de Sebastian, mate Invictus. Faça a diferença!
Mathew me olha com muita convicção, seu rosto se aproxima do meu e nossa respiração se embaraça.

-Você consegue.
Ele sussurrou para mim.

Ficamos parados, seus olhos se cravam nos meus, nossa face se achega para mais perto até que a ponta de seu nariz encostou no meu. Fico hipnotizada pelo seu perfume. Mas então eu me afasto e volto a olhar para o lago.

-Me perdoe Lia, não devia ter feito isso.
Ele fala pegando em minha mão.

-Está perdoado, não foi nada de demais. É que eu não posso sentir isso de novo.
Falo sentindo um nó em minha garganta.

-Sentir o que?

Tento falar a palavra mas ela não sai. Olho novamente para o lago, e uma lágrima escorre solitária pelo meu rosto.

"O Trono e a Espada"Onde histórias criam vida. Descubra agora