Capítulo 25

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*Bônus Ezeque*

Respirar estava sendo difícil. Manter o controle, não surtar. Desde quando ela contou, eu tentei me controlar, mas ai veio essa história de reunião de ministros com os duques, que eu tenho certeza que é para falar sobre quando eu assumir, e para acabar com tudo a carta de Eloah. Simplesmente não sei lidar.

Ezeque

Estou te enviando essa carta porque não vou conseguir te ligar, não vou conseguir ouvir tua voz. Antes de tudo quero dizer que eu tentei o máximo resistir, falei com meu pai, e até com meu irmão, mas ele se acha o rei do pedaço e a felicidade dos outros não importa. Estou noiva Zeque. O filho do duque de Caxias me pediu em noivado. Eu recusei é claro, mas meu irmão deu a benção, e eu não pude fazer mais nada. Eles irão oficializar o noivado depois de amanhã e eu não sei o que fazer. Não tenho mais lágrimas para chorar, não tenho para onde fugir, não sei o que fazer. Como vão ser os meus aniversários sem você? Sem as suas surpresas malucas, sem as nossas fugas nas festas, sem as suas caretas quando toma o suco de limão que eu amo. Não quero te colocar em confusão, mas eu preciso que você venha até aqui e faça alguma coisa, se não acabou para nós, acabou para mim.

Com lágrimas, Eloah Coriney Seless.

Eu realmente preciso fazer alguma coisa, tudo pode desabar, mas não posso perder Eloah. Nós nos conhecemos desde que que tinha onze anos, ela sempre muito bem comportada, me chamava a atenção por ser a filha do meio de dois irmãos, e sempre estar um passo a frente deles. Mas ela é calma, sorridente, um ano mais velha que eu, alta, de cabelos loiros e longos, suas mãos são delicadas, e também é a única pessoa que consegue me fazer olhar as coisas com mais clareza, ela tem sutileza, ela é o olho do meu furacão.

Após as palavras de Liana eu só tive mais certeza do que eu queria. Sim, eu só tenho dezessete anos, noivar é meio precipitado, mas se isso é a única coisa que pode me garantir que eu ficarei com ela pra sempre, então eu faço. Eu preciso de ajuda, não tem como eu ir daqui até Seless sozinho, a pessoa que mais iria me ajudar seria meu avô, mas será que ele já apareceu?

Me levanto, entro no meu armário e giro a maçaneta que fica escondida. A porta se abre e eu vou andando em direção ao quarto do meu avô. As passagens secretas são complicadas, qualquer bobear e você se perde completamente nelas, mas por eu ser o sucessor do trono eu devo conhece-las melhor do que o próprio palácio. Já estou quase chegando quando ouço passos, como essa parte das passagens é restrita somente a família real eu me assusto. Ao olhar para trás tenho uma surpresa bem desagradável.

-Oi.
Ela fala olhando para mim.

-O que faz aqui?
Pergunto irritado.

-O que eu sempre fiz a minha vida inteira.
Ela fala seca.

-Pode ir embora, não quero ficar olhando para a sua cara.
Eu digo extremamente irritado.

Ela então da dois passos e fica praticamente colada em mim, posso até sentir sua respiração.

-Vou falar só uma vez e faço questão de ser bem perto de você para que ouça claramente. Vê se cresce tá? Não sou qualquer pessoa para você falar assim. O que Liana tem de respeito você tem de má educação né? Ouse falar mais alguma coisa sobre aquele assunto que eu faço você se arrepender amargamente. Machuque mais alguma pessoa com as suas palavras amargas, que eu faço você engolir a sua coroa guela a baixo. Entendido mocinho?

Eu respiro fundo e me afasto. Ela sorri ironicamente e sai, mas antes ela diz:

-Ele ja voltou, está na biblioteca.

                             👑👑👑

Vovô e eu chegamos por volta das oito horas em Seless. Meu avô conseguiu ligar para o rei e disse que estávamos indo as pressas por causa de um assunto muito importante. Eu estava muito nervoso, minhas mãos suavam e eu sentia a gola do terno no meu pescoço me sufocando, mas eu não posso pirar, tenho que manter o controle.

"O Trono e a Espada"Onde histórias criam vida. Descubra agora