Capítulo 16

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Ricardo narrando:

— Marquei um almoço com o Guilherme, para amanhã, você está convidada — falei olhando para Márcia, que fazia algo na cozinha e me deixava na bancada pra provas suas receitas.

— E você está tranquilo.. Quando a isso e a tudo? — perguntou largado a colher de pau na pia

— Sim, apesar de suas escolhas erradas, ele é meu filho — falei com certo constrangimento

— Entendi. Vamos jantar só nós 3? Como família? — perguntou ansiosa vindo se sentar no meu colo

— Claro. Tenho que te recompensar por aquele dia, que fui um ogro — beijei sua bochecha — Você me desculpa?

— Mais tarde te dou a resposta — disse misteriosa e voltou a fazer o almoço e eu sorri malicioso

Meu convívio era ótimo com Márcia, tínhamos os mesmos interesses, assuntos e pensamento. Tinha hora que caia na rotina e ficava chato, mas depois passava.

Tinha quase certeza que ela seria a mulher da minha vida.

Victoria narrando:

Eu tinha marcado encontro com um garoto do tinder, pelas fotos e os detalhes citados, ele parecia super interessante. Mas pessoalmente, vou te conter, um porre em pessoa.

— E foi assim, depois disso viajei pra Alemanha — se gabava dos lugares que tinha viajado e morado

Argh! Se arrependimento matasse..

— Hm, bem interessante — falei com indiferença — Mas você já foi no cala a boca?

— Esse lugar fica a onde? Parece ser para o lado da índia — disse pensativo com as mãos no queixo

Além de chato não entende do sarcasmo e não pega indireta. Isso é castigo, pra mim aprender.

— Vou indo, até mais — peguei minha bolsa e dei um sorrisinho falso pra ele

— Mas já? — perguntou perplexo

— Pois é, já.

Após isso, fui direto pra casa. Eu estava tão cansada e pior, não tinha feito nada de extravagante no dia. Apenas cansado minha beleza com aquele chato.

Ricardo narrando:

Deitado no sofá, estava quase pegando no sono. Eu não vou mentir, eu preferia o sofá da casa, do que minha própria cama.
Já era noite, Márcia estava tomando banho, como eu já tinha tomado, fui fazer minha horinha ali mesmo.
Até que ouço a campainha tocar, me levanto e vou até a porta. Abro devagar e me deparo com Guilherme, eu não estava esperando por ele.

— Oi pai, posso entrar? — perguntou sem jeito

Independente das coisas, que droga de pergunta foi essa? Ali ainda era a casa ele.

— Claro — dei passagem e ele entrou — Tá com fome?

— Não vou mentir, tô — massageou a barriga — e quero colocar meu celular pra carregar também

Márcia aparece na sala, Guilherme a cumprimenta e eles batem um papo de leve.

— Márcia, dê algo rico para Guilherme comer — pedi — vou colocar o celular dele pra carregar no quarto.

Sai dali e deixei os sozinhos, subi as escadas e procurei um carregador sem dono. Após achar o deixei carregando na cabeceira da cama, eu só não esperava que o celular ligasse naquele foto. Era a victoria sorrindo com Guilherme, eu nunca tinha visto aquela foto.

Meu estômago se revira, eu pensei que essa garota não fazia mais efeito nenhum em mim. Ou talvez não faça, só estou perplexo por vê uma foto que nunca tinha visto, até por que, ela foi embora há 3 anos.

Resolvi tomar outro banho e descer pra me juntar a eles. Eu não queria pensar mais naquilo, mas estava me incomodando.

Ao chegar na cozinha, eles se acabavam no macarrão eu apenas suspirei.

— Eu disse algo rico, Márcia — a repreendi

— Você não disse rico em que — respondeu Márcia — deduzi que fosse em carboidratos

Ela e Guilherme riram, eu apenas coloquei minha sopa no microondas e esperei sentado à mesa.

— É.. Guilherme? — chamei sua atenção

— Oi, pode falar — limpou a boca com o guardanapo

— Nunca tinha visto aquela foto que você tirou com sua amiga no celular — joguei um verde, me fazendo de burro

— Quem tá na minha tela de bloqueio é a Victoria — respondeu colocando suco no copo

— Victoria... Quanto tempo não ouço falar dessa menina — disse Márcia fazendo cara de pensativa e eu a encarei

— Ah, pois vai voltar a ouvir — retrucou Guilherme e, eu imediatamente o olhei

— Como assim?

— Ue, Victoria está de volta — deu um gole no suco — tem um mês já

Meu coração bate mais devagar ou mais forte, eu não sabia dizer ao ponto. Uma mistura de alegria e medo me toma, eu estava arrepiado, confuso e pensativo. Ela voltou e não me avisou? E por que ela me avisaria? Por que ela foi embora do nada? Com quem ela está? Por que está? Eu não sabia definir o que estava sentindo, mas não chegava ao pés de um pré infarto, era pior.
..

Victoria narrando:

Acordei com maior dor de cabeça. Parece que eu tinha enchido a cara como nos velhos tempos, mas eu nem bebendo estava. Que merda é essa então?

Saio da cama e pego o notebook, volto pra cama e fuço as redes sociais, nada de importante. Tiro meu celular do carregador e nada de interessante também. Minha vida estava uma puta chatice, eu não mais aguentava, parecia que eu iria sufocar a qualquer momento.
Ligava pra minha mãe no facetime, mas ela nem atendia.

Fui fazer algo pra comer, estava no tédio e nada melhor do que comida, quando não estamos nada feliz. Vi filme e me entorpeci de sorvete. Mas ao ir pegando no sono, me lembrei do almoço do dia seguinte e que faria novos amigos. Então me peguei indo dormir feliz, eu precisa conhecer alguém, esbarrar com essa pessoa por aí e me dedicar inteiramente a ela. Eu precisava disso demais.

O Pai do Meu Melhor Amigo  [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora