Separados

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MARCELA

Alguns Dias Depois.

Olhar para ele não escondia a raiva que eu ainda sentia, não dava para acreditar que uma pessoa do meu nível, tivesse sido trocada por alguém tão inferior e tão diferente de nós. As lembranças e sua traição permaneciam firmes ali, me lembrando a cada segundo o fantoche que eu havia sido, nãos mãos de todos. Eram as peças do destino e aos poucos eu esperava o que ele estava guardando para cada um de nós depois de tudo.

—Ele vai acordar meu bem, vai voltar para casa com muita saúde. Isso é só uma fase ruim, ele vai voltar pra casa bem, eu tenho fé nisso. —Apertei as mãos de Ivete assentindo, ela não fazia ideia do que estava passando em minha cabeça, muito menos como tudo havia acontecido para nós.

—Sei que vai, e eu vou estar o esperando. —Graças a Fernando ele estava vivo, graças ao meu irmão o seu coração continuava a bater. Ele me devia muito agora, muito mais do que poderia imaginar depois do que havia feito comigo. Seria sua divida eterna e da sua maneira eu esperava ser paga da melhor maneira possível.

—Sei que esse não é o momento, mais eu gostaria de ouvir de você o que soube hoje quando sai da sala do médico de Theo. Fernando casou-se? Que história é essa Marcela?

—Sim, ele se apaixonou por uma camareira acredita? Casaram-se ontem no civil e pretendem formalizar tudo na igreja em breve. Ele já tinha todos esses planos idealizados para serem concretizados, porém depois de ontem, ele não achou certo estampar a felicidade dele em um momento tão critico para nossa família.

—Fico feliz por ele, independente do seu nível social que não é o importante em uma relação, eu desejo toda sua felicidade. Que ele seja muito feliz.

—Ele vai Ivete, assim como ela. —Disse, eu sabia que tipo de felicidade ela estaria destinada, uma ao gosto de Fernando.

—Eu vou ver se Lílian já foi pra casa, ela está cansada e aposto que inventou que foi e está em um dos corredores, eu já volto. Se algo mudar não hesite em me chamar, eu voltarei o mais breve possível.

—Tudo bem. —Sorri mais não por muito tempo quando vi Alec na porta. Eles se cumprimentaram quando a mesma saia nos deixando só. Eu não estava feliz com sua presença, não quando seu temperamento em relação a tudo poderia ser fraco agora.

—Como vai Marcela?

—Bem até o momento. —O olhei, eu não precisava esconder meu descontentamento.

—Eu gostaria de falar com você sobre Lis. —Revirei os olhos, eu sabia que seria desagradável.

—Já posso imaginar, não se preocupe eu já sei da sua gravidez, aliás, é o único assunto que venho ouvindo e que para o que tínhamos, não deveria está sendo discutido.

—Então já deve ter imaginado que Theo tem o direito de saber do filho e principalmente a verdade, aquela mulher vendeu sua alma para salvar a vida de Theo, ela usou amor para salvar quem amava da morte, mesmo sabendo o que ele fez. Você não pode estender toda a culpa do que aconteceu com ela e seu marido, ela não sabia. —Eu não estava acreditando naquilo, ele realmente achava que eu cederia aquele absurdo despois de toda a humilhação que passei?

—Não haverá condições para Theo, nem agora, nem depois. Você mentiu junto com todos nós, não vai acabar com isso agora porque simplesmente teve dor na consciência Alec, isso não vai funcionar, você está sujo até o pescoço nisso. É do meu casamento que estamos falando aqui e aquela mulher que você endeusa agora, é casada com meu irmão. Chega desse assunto, essa criança vai está presente não vai? Ele poderá vê-lo quando quiser já que moraremos um de frente para o outro. Só que nas nossas condições, não sabendo que é seu pai.

—Isso é nojento, como pode ser assim? Quer que um pai conheça um filho sem saber que ele é dele, isso é cruel. Quando aceitei te ajudar eu não poderia imaginar que ela estaria grávida, nem que isso viesse de você!

—Não. Cruel seria eu deixar que todos me humilhassem enquanto Theo vive feliz. Tenho a chance de salvar meu casamento e é isso que vou fazer. Temos um pacto, e você será o mais prejudicado se trair Sebastian agora, não se esqueça disso. —Continuei olhando para Theo em sua cama, a vida poderia ser injustiça, mais não seria minha corda a arrebentar. Deixei Alec em silêncio ouvindo a batida da porta com a sua saída, ele não tinha escolhas, não mais.

—Não haverá ninguém te chamando de pai meu querido, não depois do que você me fez passar.



Lis

Chorei presa na manchete que por mais uma vez detalhava sua situação. Ele estava vivo, mais ainda em coma, eu sabia que jamais o veria de novo como antes e que nossa história não existiria nunca mais, porém o meu coração tolo não poderia aceitar que nosso futuro havia acabado muito antes de começar. Mal tive tempo de reagir, quando sem esperar o jornal foi puxando de minhas mãos e Fernando me olhou com raiva. Eu não o esperava tão cedo, muito menos perto de mim.

—Não me agrada que minha esposa esteja chorando por outro dentro da minha casa Lis. Que isso não se repita, quando vai acordar e perceber que esse homem não faz mais parte da sua vida?

—Eu só queria saber como estava, não me negue isso.

—A mulher dele se preocupa com isso, você não tem nada a ver com Theo. Aliás, ficará dentro de casa sem que ninguém a veja, essa barriga já é bem grande e eu não quero ninguém bisbilhotando isso. Esse filho é meu agora e não ira me agradar ouvir rumores por ai. Eu já te disse que a partir de agora quem toda as rédeas de tudo sou eu. Está em minhas mãos Lis, lembre-se disso. —Assenti, era tudo que poderia fazer se quisesse salvar não apenas a mim e meu filho.

—Preciso acompanhar o médico, tenho uma gestação de risco. Deixe-me fazer isso, eu juro que não farei nada de errado.

—Nem pensar, vai se alimentar bem e isso será o suficiente, quando eu disse que ninguém pode te ver, é absolutamente ninguém, vamos mudar sua data também, não quero ninguém desconfiando da paternidade dele. —Levantei incrédula com suas palavras. Ele não poderia está falando sério.

—Preciso de acompanhamento médico, não posso ficar sem! Meu filho corre riscos e eu também. Isso já é demais, até mesmo pra você.

—Ele não vai morrer não se preocupe. Agora deixe de besteiras e volte para seu quarto, não me faça ser cruel com você Lis. Eu não quero fazer isso, mais se não tiver outra alternativa...

—Mais? Você é um monstro sem escrúpulos que me proíbe de ver meus pais, me deixa trancafiada e me impedi de cuidar do meu próprio filho. Se espera que algum dia eu te ame, vai morrer sem sentir nada por que esse dia nunca vai chegar. —Ele puxou meu braço me fazendo tremer com medo, eu não suportei sua maldade quando o desafiei sem dor.

—Fale isso de novo e eu vou ter o prazer de despejar seus pais junto com toda aquela gente Lis, eu te levo embora daqui e te faço minha prisioneira onde menos se espera, não me faça te mostrar o homem que eu realmente sou. Te salvei de ser abandonada pelo um homem casado, te salvei da boca do povo e ainda aceitei que esse bastardo viesse junto e é dessa forma que você agradece?

—Não! Você me forçou, sabia que eu jamais deixaria Teodoro morrer.

—Theo! O nome daquele filho da puta é Theo sua estúpida. Teodoro só existe nos seus sonhos agora, e quando ele acordar eu realmente espero que deixe isso claro para ele, sou seu marido agora e sempre.

—Não se preocupe, eu já vendi minha alma e não vou voltar atrás. Ele será feliz com a mulher dele se depender de mim.

—Ótimo. Agora pro quarto. —Ele me largou e sem esperar eu corri as escadas o mais longe possível dele. Só Deus estaria cuidando de mim e meu filho agora, nos protegendo de todo mau que estávamos a viver nesse maldito inferno.

—Não importa o que... Eu vou te proteger contra tudo, eu não vou te perder, não mesmo! —Sussurrei segurando minha barriga que estava cada dia mais presente ali, eu poderia ter perdido tudo, mais o meu filho jamais.


*Alguns meses serão adiantados e com eles, a sequência de tudo que aconteceu detalhadamente durante esse tempo. 

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