JUSTIÇA

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Lis

Abracei meus pais mais uma vez, tão emocionada quanto eles, o meu coração estava em pedaços de felicidade e ao mesmo tempo tristeza, fazia meses que não os via e apenas as cartas escondidas e as ligações, me mantinham com eles. Eu não podia saber se aquele momento ao lado dos dois seria o último, porém, eu não permitira que o medo sempre presente ali, tirasse qual fosse à lembrança daquele momento que eu iria ficar.

—Aquele maldito, se eu pudesse filha... —Abracei meu pai com tudo de mim temendo sua segurança, eu não poderia perdê-los, meu coração não suportaria. Neguei rapidamente, deixando claro em meus olhos que nada daquilo era culpa sua. Tinha sido minha decisão.

—Eu vou ficar bem papai, por favor, não faça nada, eu juro que isso vai acabar um dia. Por mim e seu neto ou neta que está aqui. Um dia poderemos ser felizes, sem que ninguém esteja no nosso caminho. Eu te prometo.

—Lis você não pode mais viver dessa forma, é desumano é cruel. Essa criança e você precisam de proteção, ficar longe daquele louco. Não podemos deixar que isso vá a diante, já se passou tempo demais. —Vi o desespero nos olhos de minha mãe mais eu não podia fazer nada, Fernando era capaz de tudo, eu não poderia arriscar suas vidas em jogo, não mesmo. Eu o conhecia bem para ter plena certeza que ele não hesitaria um só segundo antes de terminar com todos que eu amava.

—Teodoro foi me procurar, ele está desconfiado e cada vez mais perto da verdade mãe. Ele não é burro, ele entendeu completamente as coisas quando me viu e percebeu que a mentira que o fizeram acreditar sobre mim e Fernando, nunca havia tido sentido algum. Ele corre risco, tanto quanto vocês.

—Esse homem pode ter mentindo, enganado. Mais nunca te enganou da maneira que esse monstro faz, eu espero que ele veja a verdade e salve você disso, salve essa criança que pertence a ele. Você não merece sofrer tanto filha, não merece.

—Mãe... —Os agarrei uma última vez com força, me despedindo mais uma vez daquilo que mais amava na minha vida. Eu não pude conter as lágrimas quando em seus olhos eu via a esperança se dissipar e a certeza de que tudo aquilo acabaria em breve, ficar mais longe.

—Vai dar tudo certo, para nós todos, eu tenho fé. —E mesmo com o coração doendo, era tudo que eu poderia ter, fé.


** ** ** **

A chegada em casa tinha sido mais uma angústia, ele estava planejando algo e isso não era bom, eu sentia o corpo tremer, era o medo que sempre estava em meu corpo quando ele se aproximava de mim. Fernando não era o que poderíamos considerar algo bom, eu podia enxergar dentro dele a maldade que fluía em cada passo, em cada mera palavra que saia de sua boca. Sua tortura, não tinha acabado ainda.

—Lis? —Virei o vendo entrar em meu quarto mancando, ele estava desfigurado por conta de seu acidente, porém nem mesmo naquele estado o mesmo deixava de ser tão ruim.

—O que? —Tremi o vendo se aproximar com sua cara de ódio pra mim. Eu não esperava sua presença.

—Responda direito estúpida, nem mesmo eu te levando em seus pais você me agradece? Você não merece muita compaixão, depois reclama que não a trato bem.

—Você não fez nenhum favor, são meus pais, minha família. Além do mais, nunca faz nada por acaso e eu sei bem disso. Se me levou para vê-los depois de tanto tempo me impedindo disso, é porque tem alguma intenção por trás, algo que sei bem que não é bom.

—Não, e você tem razão, nós iríamos viajar hoje se você tivesse um passaporte, agora por sua causa eu terei que esperar alguns dias para conseguir tirar o seu. Viajem cancelada temporariamente. —Suspirei aliviada com aquilo, era mais tempo que eu tinha. Mesmo eu não sabendo o que faria tendo ele, eu não tinha armas, não tinha como lutar.

UMA CHANCE PARA AMAROnde histórias criam vida. Descubra agora