VII - A Bomba Atômica das nossas vidas

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Já notou quão rápidos são os parágrafos que narram a morte de alguém nos livros e quão detalhados e dolorosos são os que narram a vida daqueles que ficaram

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Já notou quão rápidos são os parágrafos que narram a morte de alguém nos livros e quão detalhados e dolorosos são os que narram a vida daqueles que ficaram. Enquanto em poucas linhas já foi dito que alguém bateu as botas, obras inteiras são dedicadas aos sobreviventes.

Isso se dá porque na vida, assim como na literatura, a morte é rápida para aqueles que se vão e dura uma eternidade para os que ficam.

Enquanto caminhava ao lado da minha mãe tudo o que sentia era um misto de preocupação com empatia e a sensação esquisita de alguma coisa estar sendo revirado no meu estômago. Eu só queria ir o mais rápido que meus pés me permitissem, mas mamãe continuava a dizer que a situação exigia calma e seriedade da minha parte.

Mas algo dentro de mim pedia para que eu me apressasse para estar ao lado dela o mais rápido possível.

Quando finalmente chegamos na casa de portão cinza, não me demorei muito com as outras pessoas que ali moravam e apenas corri para o último quarto, o qual estava com a porta fechada.

Não me preocupei em bater ou ter bons modos, apenas abri a porta e a encontrei chorando abraçada com o seu travesseiro.

A simples visão dos seus olhos castanhos inchados e cheios de lágrimas fez com que meu coração inteiro se partisse em milhões de pedaços. Me aproximei e a envolvi nos meus braços com a maior força que tinha dentro de mim porque precisava mantê-la inteira. Juntar seus caquinhos e colá-los.

— Tudo vai ficar bem, Lolo — murmurei. — Eu estou aqui com você. Tudo vai ficar bem.

Quando finalmente se acalmou, Lorena se sentou com as pernas cruzadas sobre a cama e continuou segurando minhas mãos. Ela ainda estava tremendo, mas não chorava mais.

— O que aconteceu? — Perguntei enquanto acariciava com os polegares as costas das mãos dela.

Minha amiga fungou um pouco e respirou fundo.

— Umas quatro horas depois que nós fomos embora da casa da Catarina e eu voltei para casa, meu avô sentiu um mal estar muito forte. Então minha mãe e as minhas tias o levaram para a UPA, depois ele foi transferido para a Santa Casa. — contou ela. — Minha tia passou a noite de ontem para hoje com ele. Os médicos disseram a causa da morte foi uma falência múltipla dos órgãos.

Manual (muito útil) de como sobreviver ao Ensino Médio - Segundo AnoOnde histórias criam vida. Descubra agora