II B - Esse lugar é como o instituto William McKinley

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O Maurílio Biagi, meu ônibus, seguia em direção ao centro da cidade em solavancos e remelexos

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O Maurílio Biagi, meu ônibus, seguia em direção ao centro da cidade em solavancos e remelexos. Vejo a galera reclamando por ter de andar de ônibus, mas esse é provavelmente um dos meus meios de condução favoritos e o ponto alto do meu dia. Não há nada melhor do que sentar na janelinha em dia de chuva e colocar My Heart Will Go On da Céline Dion pra tocar no foninho. Nossa, chega, meu olho já começou até a lacrimejar só de lembrar.

Na terça-feira, descobri que por sorte — ou destino, chame como quiser — Bernardo passaria a pegar o mesmo ônibus que eu, apenas saltando alguns pontos mais à frente.

Por sorte, hoje o ônibus não estava muito cheio e conseguimos nos sentar nos dois bancos mais altos. Minha maturidade é admirável.

Com o canto dos olhos observava Bernardo esfregar a unha em um pequeno buraquinho no joelho esquerdo do seu jeans, desfiando o tecido ao redor. Por ter um bom coração iluminado por Deus e todos os anjos, cedi o lugar ao lado da janela para ele e me contentei em ficar com o corredor.

Enquanto via meu destino se aproximando, uma ideia iluminou a minha cachola e me fez abrir um sorriso travesso.

— Posso propor algo? — Perguntei, pegando-o de surpresa.

Ele me olhou de soslaio, desconfiado com a pergunta aleatória, então abriu um sorriso que combinava com o meu.

— Não sendo nada ilegal — advertiu com um dar de ombros.

Ri e me debrucei um pouco sobre ele, para olhar pela janela. Tinha de me apressar ou perderia aquela oportunidade.

— O que acha de saltar alguns pontos antes do seu e ir para a minha casa? — Perguntei. — Tenho uma coisa pra te mostrar.

Eu falei e eu mesmo maliciei. Ô mente mais poluída do que o Rio Tietê.

Culpa da dona Regina, olha só como ela educa o filho. Não aprendi essas coisas na rua não. A mulher é doidinha, conversa comigo como se tivesse dezessete anos.

Bernardo me olhou como uma criancinha animada para ganhar um presente do Papai Noel do Shopping. Como esse cara de pastel consegue ser tão estupidamente adorável?

Manual (muito útil) de como sobreviver ao Ensino Médio - Segundo AnoOnde histórias criam vida. Descubra agora