XXVI - Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz...

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[AVISO DE GATILHO: homofobia e ataque de pânico]

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Se alguém me perguntasse o que eu gostaria de fazer no primeiro fim de semana completamente ensolarado de setembro a resposta, sem a menor dúvida, consistiria em limpar a piscina da minha casa e então passar a tarde inteira dentro da mesma, ouvind...

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Se alguém me perguntasse o que eu gostaria de fazer no primeiro fim de semana completamente ensolarado de setembro a resposta, sem a menor dúvida, consistiria em limpar a piscina da minha casa e então passar a tarde inteira dentro da mesma, ouvindo Bacon latir bravamente na esperança de me salvar da boia de cloro que ele tanto abominava. Acredito que até mesmo passar o dia fazendo testes no Buzzfeed que me diriam o ano da minha morte baseado no meu sabor de pizza preferido, ainda me soava mais agradável do que suar até a minha bunda na quadra ao lado da casa da Lorena.  

Não me leve a mal. Não é como se eu odiasse futebol, apesar de ser uma pessoa comum que só assiste aos jogos para apreciar as pernas torneadas dos jogadores. Mas a questão não é essa e sim o fato de que pareço ter os pés trocados e nem mesmo consigo chutar a bola em linha reta, mas ainda assim sou convocado pelos meus amigos quase todos os finais de semana para compactuar com o ritual heteronormativo de jogar uma "pelada".

Bernardo era um jogador muito mais habilidoso do que eu, o que meio que explicava suas pernas torneadas em um tronco magro de ruim. Ele driblava habilidosamente os jogadores da equipe adversária e era rápido o suficiente para alcançar os extremos da quadra em questão de segundos.

Meu amigo Juliano, apesar de ser ótimo goleiro, acabava se distraindo sempre que a namorada assistia aos jogos, nos fazendo tomar vários gols seguidos. Podia-se ouvir Frederico e Pedro resmungando baixinho sempre que isso acontecia.

Por mais incrível que pareça, nosso time, que ainda recebia a participação de alguns garotos que moravam no bairro, conseguia sair vitorioso em várias vezes. Talvez fosse graças àquela velha história de que a união faz a força, mas eu estava convencido de que éramos apenas um bando de filhos da puta sortudos pra caralho.

Em um segundo de descuido do zagueiro do time adversário, Bernardo tomou a bola e correu em um tiro pela quadra, passando-a em seguida para Pedro que chutou-a para dentro do gol.

— Goooool! — Gritou Caroline da arquibancada, recebendo uma careta constrangida da Lorena como resposta. — Chupem essa, o-tá-ri-os!

5x4. E fomos os primeiros a marcar cinco pontos. O que significava que havíamos vencido o jogo. Como eu disse: somos muito sortudos.

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