Os Desamores de Elizabeth (REVISÃO)

01 - Ciúme

1. Estado emocional complexo que envolve um sentimento penoso provocado em relação a uma pessoa de que se pretende o amor exclusivo; receio de que o ente amado dedique seu afeto a outrem; zelo.

2. Medo de perder alguma coisa.

3. O que a Ramona (minha melhor amiga) está sentindo nesse momento.

4. Um sentimento do qual eu repudio.

Eu não gosto de sentir ciúme. É algo que eu acho desnecessário e exagerado, na maioria das vezes sem nenhum propósito.

Deixe-me atualizá-lo do que está acontecendo. Ramona - minha mais nova melhor amiga - descobriu que está apaixonada por Blake - meu amigo desde os dez anos -, depois de odiá-lo por um semestre inteiro, ela percebeu que tudo aquilo era amor disfarçado. Então nós tivemos a brilhante idéia de criar uma lista com passos para conquistá-lo e fazer com que ele se apaixone também. E nós colocaríamos tudo em prática.

As aulas voltam hoje, nós tivemos aquele curto período de férias de inverno, e esse foi o tempo que nós usamos para pensar e dar um "up" no visual da Ramona.

Só tinha um pequeno problema.

A tal aluna brasileira.

Nós estávamos no intervalo esperando o resto do pessoal chegar, Ramona estava nervosa, pois Liv havia dito que tinha más noticias, e como minha amiga é bem pessimista, já estava bolando milhares de paranóias na sua cabecinha. Claro que eu tentei explicar que Liv é exagerada e que devia ser algo muito bobo, mas foi em vão, porque Blake entrou no refeitório com uma garota ao seu lado.

É o universo jogando na nossa cara que ele sempre riria por último.

Ramona ficou pálida, mais do que ela já é, e fez a maior cara de ódio que eu já vi na minha vida. Tentei acalmá-la e evitar um desastre, mas em instantes Liv apareceu nos atualizando do que estava acontecendo.

-Ela é aluna nova, e estrangeira - Liv começou a desembrulhar seu lanche -, pelo que Matt disse, Blake foi encarregado de apresentar a escola e ser uma boa companhia. Parece que esse foi o castigo por ele ter jogado a bola de basquete na cara de um cara do time.

O resto do nosso grupo chegou e Ramona conseguiu se distrair um pouco, mas como eu disse, o universo sempre rirá por último e o novo casalzinho sentou junto com a gente. Qualquer ser humano com uma boa capacidade de observação, perceberá como a Ram está descontente, já que ela é bem transparente. Mas meus amigos eram uns bocós e foram facilmente enganados pelos dois meses de teatro que ela fez. No começo, eu também fui enganada por esse "dom de atriz", mas agora já estou familiarizada e só finjo que acredito no seu teatrinho.

A menina tem um nome, Juliana, bem estranho, admito. Mas é compreensível já que ela é do Brasil e os nomes de lá são bem difíceis. Eu também não vou zoá-la, como o Arthur fez, até porque minha família não tem os nomes mais normais do mundo. Eu tenho origem irlandesa, tendo meus pais nascidos lá, por isso nossa árvore genealógica é recheada de nomes apavorantes. Meu pai chama-se Niahm e minha mãe Ava, e como eles não poderiam perder a oportunidade, chamaram meu irmão de Seamus.

Sorte a minha de quê eles concordaram que, para uma americana, eu deveria ter um nome mais comum.

Deus salve a América.

O intervalo inteiro se resumiu em Juliana contando sobre seu país e seus costumes, ela até era legal, mas minha lealdade a Ramona me fazia vê-la como uma adversária. Em falar na Ram, a mesma parecia um boi de tourada, bufando a cada cinco minutos com intenção de matar alguém. Eu não sei se Blake percebeu, mas ele encarava minha amiga toda hora. Ela não sabe, mas eu aposto todos os meus colecionáveis da Hello Kitty que Blake também é doidinho por ela. Mas eu nunca direi isso para eles, pois tenho medo de estar enganada e perder minhas gatinhas.