19 - Signos

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-Essa fala tem que ser dita com mais emoção! – Jasper era muito perfeccionista, e isso, em certo ponto, irritava.

-Por favor – choraminguei – a gente já está aqui faz duas horas! Todo mundo já foi embora – me joguei na cadeira e tirei meus saltos. Jasper os olhou com repreensão, já que ele os achava exagerados.

-Mas essa cena tem que ficar perfeita!

-Já estava perfeita na quinta vez que ensaiamos! Pelo amor de Deus, sou um ser humano com necessidades. Não posso ficar duas horas repetindo as mesmas falas!

-Você é tão dramática – ele revirou os olhos e sentou ao meu lado. -, por isso que se deu bem no teatro.

-Ugh, claro que não! – fiz um careta – Entrei no teatro para completar minha grade escolar, se não ia repetir o ano. – Ele me olhou por um tempo antes de cair na gargalhada, esperei que ele parasse para perguntar o motivo.

-Você é tão imprevisível! – fiz outra careta e ele tratou de se explicar. –Não que isso seja ruim, é que esperamos que você fale ou faça alguma coisa e você faz completamente o oposto.

-Fazer o quê. – dei de ombros – Tenho muita influencia de aquário no meu mapa astral

-Ah não... Não me diz que você acredita em signos? – ele me olhou com desgosto.

-Se os astros influenciam tantas coisas na Terra, por que não influenciariam a nossa vida? – Fiz a minha melhor pose.

-Por favor, Elizabeth, não me diz uma coisa dessas – franzi o cenho -, é a mesma coisa que dizer que unicórnios existem! – Hã? Não é não. Esse menino é doido, vocês estão vendo não é?

-Claro que não, que viagem eu ein! – Mordi a língua para perguntar se ele já tinha visto um unicórnio, para poder dizer que ele não existe.

-Ué, é como acreditar em seres mitológicos ou que, sei lá, o homem foi mesmo para a lua. – ele deu de ombros.

-E você acha que não foi? – me inclinei em sua direção.

-Pensa comigo, Elizabeth – ele se aprumou como um professor faz ao responder a dúvida de um aluno. – O homem só foi para lua em 1969, há quarenta e oito anos, época em que a tecnologia não era lá essas coisas.

-Certo – concordei. Como ele sabia as datas certas, aliás?

-Atualmente, a tecnologia é incrível. Tem gente indo até morar em Marte! Morar! Acredita nisso? Mas, ninguém voltou para lua. E por que isso? Já que agora temos muitos recursos para realizar esse feito?

-Uau, nunca tinha pensado nisso... Nós acreditamos em muitas coisas sem pesquisarmos antes – refleti. Somos um bando de alienados pelas mídias, isso sim. Vemos algo na Tv e acreditamos cegamente, sem nem nos darmos trabalho de procurar mais fontes.

-Sim, isso é verdade – ele me encarou por certo tempo -, mas não acredite nisso só porque eu te disse. Pesquise e forme sua própria opinião, não se influencie com a minha opinião. Eu estou é cansado de ver gente sem opinião formada, indo pela cabeça dos outros.

-Você já pensou em participar do grêmio? – mudei o assunto de repente, e ele me encarou como se eu tivesse uma segunda cabeça. – Sabe, você parece ter tantos ideais, ia se sair bem lá – quis me explicar.

-Qual é Elizabeth, assim você me ofende! – Ele se esticou de um jeito desleixado e me olhou com tédio. Ofender? Por quê? Eu não disse nada ofensivo, disse? – O grêmio da escola é uma droga! Nunca vi um pessoal tão cheio de sim em um lugar só.

Vendo por esse lado, ele tinha razão de se sentir ofendido. Uma das representantes é a Ashley e seu namorado Scott, e não sei se já comentei aqui, mas eles são um porre.

Meu celular começou a tocar em algum lugar da sala e eu iniciei uma busca bem eufórica para encontrá-lo. Jasper, ao invés de me ajudar, só reclamava da escolha do meu toque – uma música da Taylor Swift – e dizia que eu deveria ser presa por ouvir aquilo.

Quando por fim consegui achá-lo, cometi a maior burrada que foi atendê-lo sem ver quem me ligava. Mal falei o "alô" e Ramona já foi despejando todo seu ódio por Blake nas minhas orelhas.

Enquanto tentava ajudá-la, pude sentir o olhar de Jasper sobre mim, e comecei a ficar bastante nervosa. Eu não ligo que me olhem, por isso não me sentia intimidada nos palcos. Mas ser observada por Jasper era diferente. E o porquê disso era realmente preocupante. Quando, por fim, consegui me livrar de Ramona, ele já havia organizado a maior parte da bagunça que fizemos no ensaio.

-Como pode alguém tão desacreditada no amor, dar conselhos amorosos? – ele se aproximou de mim com um sorriso sacana. Maldito sorriso!

-Já discutimos sobre isso. – apontei – Eu acredito no amor, mas não da forma que todo mundo fala. E admita – comecei a pegar minhas coisas para fugir desse assunto -, eu sou uma ótima conselheira.

Quando eu já estava próxima da porta, escutei-o dizer:

-Pena que você não segue os próprios conselhos.

Ah. Meu. Deus.


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Os Desamores de Elizabeth (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora