11 - Vencedora

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-Aqui está – estendi o livro na direção de Jasper. Ele estava sentado em uma sombra proporcionada por uma árvore centenária que havia em minha escola.

-Já? – concordei e ele o pegou – Qual é, você não pode ter lido tudo.

-Pois é – dei de ombros e me sentei ao seu lado – Não é como se eu fosse uma pessoa muito ocupada, então...

-E o que você achou? – ele me olhou com expectativa.

-Inovador, mas não surpreendente – Ele revirou os olhos e me olhou impaciente.

-Isso nem pode ser considerado uma crítica descente! – Pisquei atônita. Eu havia passado as últimas três horas bolando uma frase que me fizesse parecer mais inteligente, para ele vir me dizer isso?

-Tá, eu achei bem comum. Estou tão acostumada em ler livros que retratam os séculos passados e que as mulheres são pobres e se apaixonam por homens de outra classe social, e eles enfrentam todos os obstáculos juntos. – suspirei – Isso é tão clichê!

-Era disso que eu estava falando! – ele abriu um sorriso, e que belo sorriso ele tem. Eu já mencionei que ele tem um piercing no lábio?

Foco Elizabeth, foco.

-Ainda assim, eu adoraria viver no século XVIII ou XIX. Parece que tudo é tão encantador – mas não é, é só a magia dos livros de nos iludir – Mas isso não ia dar certo, porque eu não ia conseguir ser subordinada de ninguém.

-Minha mãe sempre disse isso – ele gargalhou – ela falava que não nasceu para ser uma boa moça.

Não deixei de notar que ele se referiu a ela no passado, e talvez, aquele texto que encontrei no fim do livro, fosse mesmo destinado a ele

-O sonho dela era ter um romance digno das histórias da Jane Austen. Porque ela era sua autora favorita, e felizmente ela teve!

-Como assim? – Franzi o cenho. Será que a mãe dele foi em um lugar igual a aquele do filme Austenland? Se foi, eu quero o endereço, por favor.

-Aquelas paixões arrasadoras que só acontecem uma vez na vida. Meus pais se conheceram em uma padaria e começaram a namorar. Quando eles casaram, meu pai realizou os sonhos dela de casar em uma Igreja antiga para caramba e teve até uma carruagem.

-Meu Deus! – Seria esse o meu sonho? – Deve ter sido lindo!

-Olha só se não é a descrente no amor dando sinais de romantismo!

-Engraçadinho – lhe dei um soco digno de uma dama -, essas frases que você vive falando são todas de livros?

-Ah, sim! – ele sorriu, folheando o que estava em sua mão – Minha mãe tinha uma porção deles, todos repletos de frases cabeças – ele deu de ombros – Ela gostava de grifá-las e eu, de decorá-las.

-Nossa... eu não decorei nem o número do meu celular – Realmente, minha memória é terrível. – Então, foi sua mãe que o fez um romântico incurável?

-Sim – ele sorriu. Percebi que é uma das coisas que ele mais faz, e isso o torna tão diferente – Pode soar meio gay, eu não ligo, mas para mim, o amor é a coisa mais importante de todas.

Sorri em resposta, isso não é nada gay, é apenas lindo.

E isso me lembrou uma coisa.

Eu ganhei a aposta.


Os Desamores de Elizabeth (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora