21 - Zíperes e Motoristas de Ônibus

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Não imaginei que estaria tão nervosa, mas é o que está acontecendo. Faltam cinco minutos para a peça começar. Cinco minutos para as luzes apagarem, a platéia ficar em silêncio e as cortinas serem puxadas. Eu fiquei com medo de olhar lá fora e ver se está cheio ou não, mas, segundo meus colegas, tem gente sentada até no chão. Assustador, eu diria.

Ao meu lado esquerdo Lupita faz uma live para os seus seguidores, ela exalava calma e segurança, tudo o que eu não tinha. Madeline, ao meu lado direito, não parecia nada com a pessoa que eu estou acostumada. Sem a maquiagem carregada e as roupas pretas, ela parece apenas um gatinho assustado.

-Por que todos ficam me encarando? – ela me deu um leve empurrão.

-O que aconteceu com você? Cadê minha amiga das trevas? – Ela gargalhou, e isso fez com que os cachos loiros de seus cabelos caíssem em seu rosto, de uma forma angelical.

-Tudo pela arte, minha amiga! – ela fez uma pose – Mas me diz, o que aconteceu contigo? Pensei que não ia vir.

Esqueci desse detalhe, eu havia chegado há quinze minutos, ou seja, vinte minutos antes do inicio da peça.

-Você nem imagina – suspirei – tudo começou de manhã...

Estava tudo na perfeita ordem divina, ontem nós ensaiamos a peça pela última vez e estávamos em uma sincronia perfeita (para o alívio de Jasper). Combinamos de ir prontos de casa, porque lá, só iríamos organizar os últimos detalhes, portanto, eu já estava com o meu figurino em mãos.

Meus pais foram em uma reunião da empresa, e de lá iriam direto para o anfiteatro e Seamus tentaria ir depois da faculdade. Sendo assim, eu iria de carona com Liv e Ramona.

Foi quando Liv tocou a campainha que tudo começou a dar errado.

Ramona já estava me ajudando com a fantasia, mas parou para ir atender a porta. E algo na minha cabeça me fez acreditar que eu poderia fechar o zíper sozinha.

Engano meu.

Agora eu tinha um zíper na mão e um vestido meio aberto no corpo. Quando as duas chegaram no meu quarto, eu já estava chorando.

-Nós estamos adiantadas, fica calma. – Liv tentou me acalmar – Nós vamos dar um jeito.

-Alguma de vocês sabe costurar? – funguei, tentando conter meu desespero.

-Ah... – Ramona coçou o braço – Pois é né...

-Vou ligar para a Maddie – Liv puxou o celular e saiu do quarto. Comecei a fazer uma respiração que minha mãe aprendeu na aula de ioga, enquanto Ramona começou a andar pelo quarto.

-Vamos lavando essa cara porque eu já vou adiantar sua maquiagem – ela bateu palmas, como se fosse uma chefe.

-Droga, você vai fazer minha maquiagem? Por quê? – ela me olhou ofendida, mas qual é, desde quando Ramona sabe algo sobre maquiagem.

-Aí sua mal agradecida, eu estou aqui tentando te ajudar e você aí me esculachando – ela se sentou em frente ao meu espelho e abriu minha maleta de maquiagem – Pois saiba você, que eu sei muito bem me virar com isso.

-Ok, se você diz – levantei as mãos em rendição.

-A Mad está vindo – Liv entrou apressada no quarto -, vamos fazer o seu cabelo! – ela apontou em minha direção.

-Fazer o que? – franzi o cenho. Eu não precisaria mudá-lo porque ele é curto demais para isso.

-Babyliss? – Era só o que me faltava.

Os Desamores de Elizabeth (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora