-Hey! Garota que não acredita no amor! – Sinto uma mão puxando a minha mochila, me fazendo dar um tranco e ir com tudo para trás.
-Meu nome é Eliza! – me soltei de suas mãos.
-Eu sei, mas isso não tem graça. – revirei os olhos, desde quando nomes foram feitos para serem engraçados?
-O que você quer? – Ele não deu atenção para a grosseria, começou a procurar algo na mochila enquanto cantarolava uma canção desconhecida por mim. De lá ele tirou um livro, que pela aparência, deve existir a séculos.
-Quero que você leia isso! – Olhei desconfiada para aquela relíquia antes de aceitá-la.
-E por que mesmo você quer que eu leia? – Ele deu de ombros e ficou meio vermelho.
-Porque esse livro é ótimo! E alguém que só lê Jane Austen e Nicholas Sparks merece ter mais cultura – Franzi o cenho, como ele sabia disso?
-E quem te disse que eu só leio livros desses autores? – Mordi o lábio. Eu já li muitos livros, mas eu realmente sou apaixonada pelas histórias desses dois.
-A Madeline! – Droga, aquela dedo duro – Só toma cuidado com ele, ok? Tenho que ir.
Observei a figura de cabelos azuis desaparecer no meio da multidão de alunos que dominava o corredor. Depois, foquei no livro que estava na minha mão.
Interessante...
-Que livro é esse? – Anna, a atendente da nossa cafeteria perguntou, ao servir meu café.
-Jane Eyre – Mordi o lábio, eu já estava na metade da história. Ontem, quando Jasper me emprestou o livro, não imaginei que seria tão bom assim. Agora, não sei se vou conseguir dormir sem terminá-lo.
-Eu já assisti um livro com esse nome – ela observou –, era um tédio!
-Sério? – Franzi o cenho – Eu quero assistir depois que terminar, só para poder falar "isso não está no livro" ou "isso não acontece assim".
-Sabe Eliza, você é muito estranha para alguém da sua idade – Ela sacudiu a cabeça rindo. Concordei, eu realmente sou uma pessoa estranha.
-Você não viu nada Anna!
O livro estava completamente grifado, frases complexas preenchiam as folhas de ponta a ponta. Uma caligrafia feminina tomava conta com analises meticulosas sobre o livro.
Estava bem claro que aquele livro nem sempre fora de Jasper.
"Se eu tivesse asas e liberdade, voaria mais alto que as nuvens".
Essa frase ficou na minha cabeça por um tempo. Nós temos liberdade? Ou só a ilusão de que ela realmente existe?
Jane Eyre te faz pensar nisso. Ela é órfã, e após ser mandada para fora de um internato, ela passa a buscar sua liberdade e independência. É engraçado como as pessoas são mandadas para internatos nos livros, eu nunca nem se quer vi um em toda a minha vida.
-A vida é curta demais para ser gasta com animosidades, só pensando em acontecimentos ruins – Lembrei-me dessa frase no mesmo instante, Jasper havia recitado na aula de teatro um dia desses e todos aplaudiram (sério). Na hora, eu só queria que ele sentasse e calasse a boca, mas agora, a frase me fez refletir.
Então era dali que vinha às frases que ele dizia aos quatro ventos. Frases que alguém grifara anos antes.
-Elizabeth! – Seamus surgiu, me tirando da enorme bolha que eu me cercava – Você vai esperar até que horas para lavar a louça?
-"Eu sou um ser humano livre com vontade independente" – Recitei um trecho do livro com orgulho, talvez eu pudesse ser como o Jasper, usando apenas frases que li por aí.
-E eu com isso? – ele revirou os olhos – Enquanto você morar nessa casa, você vai seguir a vontade dos nossos pais. E eles querem que você lave a louça.
Tá, talvez não seja uma boa idéia.
-Você é tão desagradável – Calcei minhas pantufas e fui a sua direção.
-Essa é a função dos irmãos mais velhos.
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Os Desamores de Elizabeth (REVISÃO)
Teen FictionElizabeth quer provar ao mundo que pode viver muito bem sozinha. Mas tudo começa a sair dos eixos quando Jasper, o novato, começa a mexer com os seus sentimentos. Será que ela irá resistir ao rapaz e provar para todos que não precisa de um namorado...