O caderno secreto

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Durante o café da manhã, eu, Samantha e Carmen conversamos sobre meu novo visual e as dicas que eu agora recebia sobre como me comportar e conquistar Natalie. Carmen ficou surpresa com a inteligência de Samantha e eu nem tanto.

Estava mais impressionado com a voz dela.

Foi absolutamente fantástico quando ela cantou ainda sem o piano, pela primeira vez. Fiquei paralisado e só consegui olhar de volta em seus olhos azuis e ouvir a voz grave e um pouco rouca que encheu a sala.

- Steve? Ouviu o que eu disse? Estou indo. Tchau. - Samantha acenou levantando-se da mesa fazendo-me perceber que havia perdido parte da conversa entre ela e Carmen enquanto eu viajava me lembrando dela cantando.

- Como assim? Não, espere. - fui atrás dela.

Eu precisava ouvi-la cantar mais uma vez.

- O que foi? Você já viu a Natalie ontem, falou com ela e já conversamos sobre isso e agora eu vou embora. - ela foi gentil como sempre.

- Eu só achei que você fosse cantar de novo. Sei lá, treinar para o concurso, talvez? - eu não entendia bem essa vontade de ouvi-la cantar mais uma vez.

- E você, por acaso, já me inscreveu nesse concurso? - ela perguntou com cara de mandona e o cenho franzido.

- Ainda não, mas basta uma ligação e você estará inscrita. Vai, Samantha, eu me sinto inútil não te ajudando em nada com o acordo enquanto já avancei bastante com a sua ajuda.

Eu não precisava de amigo nenhum para inscrevê-la no concurso, nem precisava me preocupar com isso, mas era melhor que ela não soubesse.

- Sei. - Samantha fez um bico, mas eu senti que havia conseguido convencê-la.

- Vem. Tenho um violão lá em cima. - reprimi um sorriso e subi as escadas com ela logo atrás de mim. Entrei em meu quarto e ela ficou parada na porta.

- Nossa!

- O quê? - perguntei e vi que ela olhava para cada canto do quarto. Era engraçado vê-la impressionada com a minha casa.

- Minha casa em Mullins deve caber nesse quarto. - ela riu e entrou.

- Não exagere, nem é tão grande assim. - fui até a cama, abaixei e tirei meu violão mais velho e preferido debaixo dela.

- Não é tão grande? Minha cidade inteira cabe na sua casa, e não é exagero. Essa casa é muito grande.

- Acho que a sua cidade que é minúscula. - ri enquanto dedilhei algumas cordas checando se estava afinado.

- É uma cidade pequena, mas a sua casa... - Samantha olhou para o teto. - E o teto? Amarelo?

- Sempre ensolarado. - meu primeiro quarto teve as mesmas cores, teto amarelo e paredes brancas. Lembrar da definição que minha mãe deu depois de terminar o serviço de pintura me trouxe um sorriso.

- Interessante.

Sentei na cama e me posicionei para tocar.

- E então, o que vai cantar? - perguntei e recebi um olhar de surpresa.

- Como assim? Sei lá. - ela deu de ombros.

- Você sabe como o concurso acontece?

- Não. - ela deu de ombros.

Respirei fundo. Acho que pulei essa parte.

- São quatro etapas e quatro músicas. São feitos testes em grupos e as pessoas que passam para a próxima fase vão diminuindo até a final com um grupo de cinco pessoas e então sai o vencedor.

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora