Lidando com a fera

5.2K 378 113
                                    

Talvez eu não tenha sido um fiasco no final de tudo. Comecei a entender do que Samantha falava como, por exemplo, ser diferente dos outros quando falar com Natalie. Eu pensava demais no objetivo não em como chegar até lá. O que eu precisava era saber o que fazer no caminho até conseguir conquistá-la.

Pelo pouco tempo que falei com a dona dos olhos esmeralda mais incríveis desse mundo, seria difícil. Porém, se era possível lidar com uma granada que não resistia a algumas bebidas e vomitava pelas lixeiras de Nova York, eu conseguia lidar com Natalie.

...

Era sábado à tarde quando recebi uma mensagem inesperada de Samantha, e dizia:

"Tenho a situação perfeita. Pode usar sua ligação única da semana se quiser saber mais".

Essa besteira de ligação única me fazia rir. Eu estava no quarto, lendo a matéria do trabalho do professor Jackson, uma história livre. Seria como uma matéria, uma reportagem sem as questões de entrevista. Estive pensando muito no que escrever, mas a inspiração estava desaparecida há meses, eu só conseguia pensar em Natalie e em como eu queria me aproximar dela.

Larguei o notebook na cama e saí do quarto ligando para Samantha. Desci a escada que dava para a sala e estava prestes a sair quando ouvi meu pai me chamar. Aquilo era um tanto raro. Finalizei a ligação rapidamente ouvindo um ruído que não sabia se era Samantha. Meu pai estava na sala de estar onde ficavam seus quadros preciosos e caríssimos adquiridos em leilões mundo afora. Ele estava sentado no enorme sofá cinza escuro que ficava propositalmente de frente para seu quadro preferido.

Fui até lá e falei de longe:

- Chamou?

- Sim. - ele pigarreou e inclinou-se para trás se apoiando nas costas do sofá. - Amanhã viajarei até Londres para uma reunião e ficarei por lá durante uma semana.

Dei de ombros. Era sempre assim. E agora, pela terceira vez, ele viajaria durante meu aniversário. Sempre ignorado.

- Tudo bem. - dei meia volta pronto para sair da sala, mas ele falou de novo.

- Não vire as costas para mim. Ainda não terminei.

Respirei fundo e virei de volta, obedecendo-o.

- Daqui alguns dias haverá um leilão onde, como sempre, serei um dos principais patrocinadores. Eu quero que você vá.

Franzi o cenho sem entender. Meu pai nunca me convidava para esses eventos. Nunca. Ele mal falava comigo, imagine me convidar para um desses leilões estúpidos.

- E se eu não quiser? - perguntei demonstrando a vontade de ir a esse evento idiota.

- Além de patrocinar o evento, você é meu único herdeiro. Custa muito aparecer e mostrar que se importa ou, pelo menos, fingir que se importa com os negócios da família?

- E eu tenho que ir para fazer exatamente o quê? Posar ao seu lado nas fotos? E depois aplaudir cada lance que dão num rabisco qualquer?

Nossas conversas geralmente não eram tão longas assim, mas sempre nesse tom.

- Não são rabiscos. E você pode levar alguém, uma acompanhante. - encarei os olhos acinzentados e gelados de meu pai e dei de ombros.

- E o senhor realmente conta com isso?

- Sim, Steven. Você não comparece aos eventos e parece que nem liga para o legado dessa família. - ele respirou fundo, abotoou o paletó e ficou de pé. Tudo com muita pompa e elegância. Um homem importantíssimo. - Espero que, pelo menos, leve uma acompanhante decente.

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora