- Um milhão de dólares? E ainda deram um lance mais alto? - eu estava impressionada enquanto conversava com Isaac e ele me contou de quando ele e Robert, pai de Steve, estiveram em um leilão onde um simples esboço de desenhos autênticos de Dalí era disputado por milionários.
- Um milhão e meio, na verdade. - ele repetiu rindo de leve e dando um gole elegante no champagne.
- Estou impressionada. Mas o Sr... - corrigi. - Robert não levou a peça?
- Não. Por mais inacreditável que seja ele não levou.
Isaac devia ter uns quarenta e poucos anos, cabelo grisalho dos lados, pois sofria de calvície, olhos castanhos e uma barba grisalha e rala. Ele parecia ser muito rico assim como todos naquele lugar. Até eu me sentia rica vestido Gucci da cabeça aos pés.
Eu tinha cuidado com todo movimento que fazia, pois o medo de mostrar demais devido a fenda enorme na parte de trás do vestido me lembrava que eu estava em público. Contudo, eu só tentava aproveitar a festa e observar os quadros com o máximo de atenção. Eu queria voltar a Mullins e contar tudo a meu pai. Ele não podia mais conversar comigo, mas eu ainda podia conversar com ele. Ele gostava quando falava principalmente de arte. E depois desse leilão eu teria muito para lhe contar.
Isaac começou a contar sobre a primeira vez que visitou o Louvre, há décadas, e eu ouvia tudo muito interessada. Eu adorava tudo que envolvia arte e guardava para poder compartilhar com meu pai. Era nosso assunto preferido.
E cantar também.
Senti uma mão gelada tocar meu ombro quando Isaac começou a falar sobre Monalisa. Virei rapidamente para trás e era Steve.
- Será que posso pegar minha amiga de volta? - ele sorriu forçado para Isaac.
- Claro. Quem sabe não continuo depois, senhorita. - Isaac sorriu acenando com a cabeça.
Apenas sorri em resposta e voltei-me para Steve.
- Ele ia falar da Monalisa, sabia? - reclamei.
- Nossa, que emocionante. - ele revirou os olhos e nem se esforçou em fazer uma cara boa. Mesmo não precisando, porque estava muito bonito.
Seu topete estava comportado e não saía do lugar, o smoking deixa qualquer um elegante e não foi diferente com Steve. Tentei imaginá-lo há mais ou menos um mês com aquele cabelo caindo quase nos olhos e os óculos enormes.
O smoking não funcionaria tão bem como agora.
- Para onde está me levando? Espero que seja mais interessante do que a Monalisa. Porque se não for... - falei quando ele começou a me puxar pelo caminho.
- Se não for, o quê? Vai me bater? - ele perguntou rindo.
Devia estar maluco, uma hora fazia cara de mal humorado e depois ria. Estava pior do que eu.
- Bateria se não estivesse aqui. Para onde vamos?
Ele desacelerou o passo e então paramos no meio de algumas pessoas que estavam dançando. Oh, não...
- Meu pai me aconselhou a te chamar para dançar. Foi isso. - ele fingiu mais um sorriso e levou meu braço até seu ombro, depois abraçou minha cintura e segurou minha outra mão.
- Ele te aconselhou, não quer dizer que deve fazer. - reclamei mais uma vez. - E isso não é um leilão? Por que temos que dançar?
- Entenda uma coisa, Samantha, meu pai não aconselha, ele ordena. Essa foi minha tentativa de ser irônico com você. - ele deu um meio sorriso. - E isso não é só um leilão, é um evento anual onde milionários se juntam para mostrar quem pode mais. Daí os vestidos chamativos, os sorrisos falsos e os lances altíssimos para essas obras. É um evento com comida boa, bebida e música. Uma festa para pessoas que não sabem mais onde gastar dinheiro.
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O Acordo
RomanceSamantha Walker, estudante de direito e dona de um temperamento ligeiramente explosivo tem um problema de difícil solução: precisa de dez mil dólares ou sua família perderá sua casa. Steven Adams, estudante de jornalismo de jeito nerd e tímido, é u...