Califórnia

3.6K 324 75
                                    


Josh estava inquieto ao meu lado. Desde que nos encontramos, em frente ao prédio de dormitórios masculinos, ele não parou de falar da mensagem esquisita que Wendy lhe enviara. Era algo sobre uma nova fase de sua vida e que ela queria muito que ele aceitasse fazer parte.

Eu sabia que só podia ser sobre a história de maquiagem e estilo do outro dia e que Samantha comentou depois. Contudo, eu não podia revelar a história toda para Josh, era preciso manter o fator surpresa. Era melhor.

Minha bebida esquentava com o copo em contato com a minha mão, o gosto era péssimo, porém eu ainda não queria jogar fora. Estávamos em frente à enorme casa que abrigava a fraternidade Delta e Josh mexia no celular a cada trinta segundos.

- Ela disse que estaria aqui às onze. São onze e meia.

- Wendy nunca foi pontual. Lembra de quando queria me apresentá-la naquele dia, no bar, e ela chegou uma hora e meia depois? - dei um gole na bebida que eu nem sabia o que era e me arrependi. Era amarga demais.

Josh me olhou com certa aflição e então a vi de longe, Samantha. Reconheci-a pelos olhos azuis que vi rapidamente sem querer. Seu rosto se iluminou com um sorriso quando me viu. Observamos Josh e Wendy se abraçarem e se beijarem apaixonados e não consegui evitar rir da cena. Os dois combinavam ainda mais, se é que era possível. Eles eram como uma versão de John e Yoko do século vinte e um.

- Fala sério, ela não continua bonita? - disse Samantha ao parar do meu lado.

- Sim, eles até parecem combinar mais agora.

- Olá, lerdo. Como vai? Vejo que já está no clima de festa. - ela tentava segurar a risada e eu só dei de ombros e evitei rir dela.

Samantha era engraçada só com suas caras e bocas.

- Vou bem, e você, granada? Quer uma igual? Parece uma mistura qualquer com suco de laranja.

- Parece uma delícia.

- Errou, é horrível. E Natalie não está aqui, acho que errou essa também.

- A noite mal começou, Steve. E eu nunca erro.

Que presunçosa, mas certa. Ela realmente nunca errava.

Entramos no casarão e havia gente demais para uma festa numa terça-feira. E quando me virei para dizer a ela que ir à festa talvez tivesse sido uma péssima decisão, ela pegou meu copo e saiu sem que eu pudesse ver para onde. Andei sozinho pelo caminho que pude e vi alguns rostos conhecidos. Na entrada principal vi alguns colegas de turma e trocamos algumas palavras, mas alguns deles já estavam animados demais então continuei meu caminho sem rumo.

Passei pelo que devia ser a cozinha e então por uma sala com uma tevê enorme. E foi quando tive certeza, mais uma vez, de ter feito a escolha certa quando decidi não tentar entrar para a fraternidade. Quatro garotos estavam no meio de uma roda, cada um com uma garrafa de bebida colorida que parecia ser forte demais, e o prêmio ia para quem bebesse tudo primeiro e não caísse em coma alcoólico ou morresse.

Continuei caminhando entre as pessoas e, no canto de mais uma sala inútil, que tinha vista para um jardim, soube que Samantha estava, de fato, sempre certa. Natalie estava lá. Ela sorria e mexia no cabelo, charmosa e brilhante, se destacando entre todas as pessoas. Conversava com alguém e parecia ser um assunto divertido, e por mais que não fosse minha intenção interromper, a súbita e nova confiança que eu sentia me fez sorrir sozinho e dar mais um passo a frente para ir em direção a ela. E quando tive a visão da sala ampliada, vi com quem conversava: Brad.

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora