O antigo fã número 1

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Samantha


Minha garganta queimava, mas cantar com aquelas pessoas era tão divertido que eu simplesmente não podia parar. Eles me adoravam. Sequer haviam ouvido um álbum meu, mas não importava, eram meus fãs por aquela noite. E Brad era meu fã número um naquela noite.

Mas meu verdadeiro fã número um devia estar em algum lugar do passado.

Desci do pequeno palco do karaokê em Chinatown e voltei à mesa com Brad e alguns dos convidados da festa de aniversário de Muriel, uma simpática senhora que completava setenta anos naquela noite e comemorava com seus amigos cantando clássicos do rock e enchendo suas caras idosas de uísque.

Eles definitivamente sabiam se divertir.

E eu havia esquecido como isso era bom.

Estar nos palcos sempre foi espetacular, porém de alguns meses para cá as coisas simplesmente não eram mais as mesmas. Eu era obrigada a subir no palco e fazer um show de duas horas cantando músicas que nem deveriam ter sido lançadas. Mas foram. A agenda deveria ser seguida.

- Seu staff deve estar preocupado. - Brad se inclinou para falar ao meu ouvido, o som estava alto demais. Muriel estava cantando "Jolene". - Seu celular não para de tocar.

Olhei para ele, o mesmo rosto da época da universidade, porém com os cabelos cortados e a barba começando a crescer, ainda quase inexistente. O mesmo rosto que ficou famoso ao participar de um clipe da Taylor Swift um ano depois que todos nos formamos e que eu já havia me tornado uma cantora profissional.

Depois disso ele se tornou modelo profissional e estampou incontáveis revistas de moda e ainda desfilou para grifes importantes.

- Ninguém está preocupado, não é nada demais. - respondi com um sorriso no rosto enquanto coloquei o celular em modo avião.

Aquela era a primeira vez em mais de dois anos que eu me sentia livre. Não iria abrir mão daquilo por uma preocupação ridícula do staff com a minha imagem.

- Preciso te dizer uma coisa... não imaginei que fosse aceitar meu convite para hoje. Era loucura demais, até para mim.

- Todo mundo precisa de um pouquinho de loucura de vez em quando. Até eu. - bebi o último gole do meu uísque e mal coloquei o copo sobre a mesa e o dono do karaokê estava colocando outro cheio no lugar.

Mesmo livre e descontraída, eu ainda era famosa. E para alguns aquilo era uma honra. Era engraçado, mas ridículo.

- Steven vai me odiar ainda mais quando você voltar para casa.

- Ele te odeia o suficiente só por ter ido ao show hoje. - olhei para ele e começamos a rir.

- Como paramos aqui, Sam?

- Tento responder isso todos os dias. - bebi mais um gole antes de me levantar e estender a mão a ele: - Pronto para o nosso dueto?

Brad sorriu e segurou minha mão e então fomos para o pequeno palco. Cantamos "Highway To Hell" e tivemos o incrível coro de todos os outros presentes e foi um sucesso incontestável. E foi justamente o vídeo dessa performance que fez surgir a "reunião para a intervenção de Samantha Walker".

A mídia me comparava a Amy Winehouse e todo mundo amava, mas agora o staff me comparava a Amy que os paparazzi babavam para ter uma foto, a debilitada e perdida. Era assim que eles começavam a me ver. Não exatamente debilitada, mas "ela está magra demais", "Samantha agora fuma?", "ela está sempre acompanhada de um copo em todas as fotos", "onde está Steven?".

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora